Disculpa, pero esta entrada está disponible sólo en Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.
#acessibilidade: Imagem do Jardim Botânico de Barcelona, onde mostra diversas espécies de plantas de origem mediterrânea, com as seguintes características; pequenos arbustos com poucas folhas, algumas com hastes suculentas e espinhos, bulbos subterrâneos ou sob a forma de pequenos arbustos com poucas folhas.
Texto escrito por Paula Homem de Mello
Texto:
De todo o meu passado
Boas e más recordações
Quero viver meu presente
E lembrar tudo depois
Nessa vida passageira
Eu sou eu, você é você
Isso é o que mais me agrada
Isso é o que me faz dizer
Que vejo flores em você
Assim como nessa música do Ira!, “Flores em você”, os Jardins Botânicos podem fazer você viver o presente conhecendo melhor o entorno e a história do planeta a partir das flores (das plantas em geral, na verdade!).
Esses jardins são lugares muito especiais para se apreciar a natureza. Normalmente, pelo grande volume e diversidade de vegetação, os Jardins Botânicos atraem diferentes pássaros e até macacos que fazem a trilha sonora do passeio. Quem passear desavisado no Jardim Botânico de São Paulo pode se assustar com a vocalização grave e alta (parece um ronco) dos Bugios defendendo seu território. Mas, para além de agradável passeio e possibilidade de piquenique, há muitas possibilidades de aprendizado num jardim botânico. Assim como falamos anteriormente sobre museus de ciências (como o Museus do Ouro da Colômbia, o Museu da Memória de Santiago do Chile ou o Centro de Ciência e Tecnologia em Ostrava), eu gosto muito de conhecer novos Jardins Botânicos quando viajo.
Recentemente, fui visitar o Jardim Botânico de Barcelona. É um parque bem grande, no Monte Montjuïc, bem próximo ao estádio olímpico (Barcelona hospedou as olimpíadas de 1992 e tudo lá anda muito bem conservado e em uso desde então). De lá se tem uma linda vista da cidade. O objetivo deste jardim é preservar e divulgar as plantas dos países mediterrâneos, ou seja, países banhados pelo mar Mediterrâneo, o que envolve três continentes: Europa (Espanha, França, Mônaco, Itália, Malta, Eslovênia, Croácia, Bósnia, Hezergovina, Montenegro, Albânia, Grécia e Turquia), Ásia (parte do oriente médio: Síria, Líbano, Israel e Palestina) e na África (Egito, Líbia, Tunísia, Argélia e Marrocos). Além das vegetações dessa grande e diversificada região, há ainda amostras da Califórnia, do Chile, da África do Sul e da Austrália.
#acessibilidade: mapa mundi indicando em verde as regiões que forneceram amostras para o Jardim Botânico de Barcelona (Fonte: Folheto de apresentação disponível em: https://museuciencies.cat/wp-content/uploads/2020/06/FULLETO-JARDI-ESP.pdf
Todos esses países, mesmo aqueles que não são mediterrâneos, têm regiões com condições ambientais bastante semelhantes: o verão e o inverno são secos, o inverno é ameno e as chuvas são concentradas na primavera e no outono. Então, esse jardim botânico é muito rico em diferentes espécies e muda muito ao longo das estações. Ou seja, vale ao menos 4 visitas, uma para cada estação do ano!
No verão, a falta de precipitação e as altas temperaturas são responsáveis por permitir que somente plantas com adaptações à seca sobrevivam nessas condições. Assim, embora sejam muitas espécies diferentes, as estratégias de sobrevivência são semelhantes. Lembra que falamos um pouco sobre as estratégias que as plantas encontram para atrair polinizadores? Falamos também sobre como as folhas das plantas são diferentes a depender do ambiente, que existem características nas folhas que ajudam a evitar desidratação, por exemplo.
No caso das plantas mediterrâneas, passam a maior parte do verão sob a forma de sementes, como bulbos subterrâneos ou sob a forma de pequenos arbustos com poucas folhas. Já as árvores e grandes arbustos apresentam outras adaptações: as folhas são duras e pequenas, e são chamadas esclerófilas. Elas têm a capacidade de fechar os estômatos durante as horas quentes e evitar a perda excessiva de água. Têm também aquelas cobertas de uma densa camada de pelos brancos (veja uma das fotos abaixo), que isolam a planta de temperaturas extremas evitando assim, superaquecimento e perda de água, além de apresentarem hastes suculentas, espinhos e substâncias aromáticas nas folhas.
#acessibilidade: conjunto de cinco imagens de plantas mediterrâneas, como árvores e grandes arbustos, bulbos subterrâneos, pequenos arbustos com poucas folhas, algumas apresentam hastes suculentas, espinhos e substâncias aromáticas nas folhas.
Para além das diversas espécies vegetais mediterrâneas, há um grupo que desenvolve bonsais, aquelas árvores pequeninas cultivadas com uma técnica japonesa que faz com que sejam miniaturas de árvores adultas. Algumas dão até frutos! Veja algumas fotos que fiz lá:
#acessibilidade: conjunto de quatro imagens de espécies de plantas mediterrâneas que desenvolve bonsais.
Outra coisa que chama muita atenção é o “Hotel de Abelhas” – uma construção a partir de materiais encontrados no próprio Jardim para atrair abelhas, vespas e outros polinizadores, tão importantes para a preservação da flora. Não gosta de insetos? Repense lendo esses textos do Guia aqui e aqui.
#acessibilidade: conjunto de três imagens mostrando o hotel de abelhas, uma construção a partir de materiais encontrados no próprio jardim para atrair abelhas, vespas e outros polinizadores.
Para além do passeio e aprendizado, os jardins botânicos são grandes fontes de pesquisa científica. No caso deste Jardim Botânico, há uma estreita relação com o Instituto Botânico de Barcelona, que faz pesquisas super bacanas sobre evolução de plantas, genoma e usos das plantas, interações entre insetos e plantas e têm também um grande herbário.
Como diriam os Titãs, “as flores de plástico não morrem”. Essa “dificuldade” de estudo dos vegetais, ou seja, a morte das plantas, é contornada justamente pela criação de jardins botânicos e áreas de conservação e, por outro lado, pela criação de herbários, em que são usadas técnicas de conservação das plantas para poder estudar sua origem e classificação, ramos do que chamamos taxonomia e florística. Já colocou pétalas para secar no meio de um livro? Essa é uma forma de secar e preservar plantas!
No Brasil temos alguns maravilhosos jardins botânicos, no de São Paulo tem até uma Sequoia, sabe aquela árvore enorme de floresta temperada? Mas a nossa ainda é jovem! Veja uma lista de alguns jardins Botânicos brasileiros aqui. E se você se interessou pela ciência e arte da preservação de plantas, dê uma espiadinha no herbário da UFABC!
Fontes:
Fonte da imagem destacada. BARCELONA BOTANICAL GARDEN – A paradise for Mediterranean climate plants. Disponível em: https://www.telefericdemontjuic.cat/en/barcelona-botanical-garden-0. Acesso em 06 de julho de 2023.
Jardim botânico de São Paulo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1D9zAgZLefI&pp=ygUSamFyZGltIGJvdGFuaWNvIHNw.
Jardim botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: https://www.gov.br/jbrj/pt-br.
O que é botânica? Disponível em: http://www.juventudect.fiocruz.br/botanica#:~:text=As%20pesquisas%20em%20BOT%C3%82NICA%20envolvem,%C3%A1reas%20de%20plantio%20e%20estufas.
Herbário da UFABC. Disponível em: https://www.gbif.org/pt/dataset/a5e26562-5429-4878-a0d4-5cef3d5cc923.
Herbário da UFRR. Disponível em: https://instagram.com/herbario.ufrr?igshid=MzRlODBiNWFlZA==.
Rede Brasileira de Jardins Botânicos. Disponível em: https://instagram.com/rede_rbjb?igshid=MzRlODBiNWFlZA==.
A grande dama da botânica. Orientadora de estudantes mesmo antes de cursar biologia, Graziela Barroso descreveu 132 novas espécies de plantas. Danilo Albergaria, Revista Pesquisa FAPESP, Edição 328, jun. 2023. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/a-grande-dama-da-botanica/.
