(Português do Brasil) Professores precisam insistir em dar provas? (V.6, N.7, P.5, 2023)

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#acessibilidade: Cena do anime “Naruto” onde a personagem recebe uma prova com nota 0 mesmo tendo acertado as questões

Texto escrito por Igor Espindola de Almeida

Difícil encontrar alguém que nunca tenha sofrido com uma prova na vida. Seja na escola, em um vestibular ou concurso, para algumas pessoas pode ser uma péssima experiência reviver estas situações. Mas até que ponto isso influencia o aprendizado?

O uso de provas como método de avaliação não é necessariamente ruim. Algumas pesquisas sobre psicologia cognitiva, como a indicada nas fontes, mostram que estudantes que se acostumam a fazer as provas esperando um feedback do seu desempenho podem se sair melhor. Fazer uma prova ao final de um curso pode ajudar na consolidação dos conceitos e entendimento da forma como estão relacionados.

Mas, ainda assim, deveríamos mantê-las como principal meio de avaliação? Boa parte da resposta para essa pergunta pode passar pela noção do “o que” está sendo avaliado. Se o objetivo é ter uma representação quantitativa do aprendizado do estudante, algo bem típico da ciência é que devemos considerar algumas características de instrumentos de medida.

Mesmo não entrando no mérito se podemos ou não medir o aprendizado, instrumentos de medida costumam ter alguma incerteza. Um 7,1 pode não ser tão diferente de um 7,2. Uma prova carrega esta incerteza, o que pode ser considerado pelo professor, mesmo que sua ideia seja ser o mais imparcial possível quanto a «arredondar» ou não uma nota.

Além disso, testes em geral podem ter resultados «falso positivo» e «falso negativo». Um estudante que saiba o conteúdo, mas que no dia da prova se encontre em uma situação de saúde ou emocional desfavorável pode acabar tendo uma nota que seja um «falso negativo». Considerar fatores ambientais para amenizar estes erros também pode ser um bom hábito para um professor. Seria justo com você se seu vestibular fosse em um dia muito quente ou em uma sala mal iluminada?

Do mesmo modo, gostaríamos de manter o conhecimento que obtemos nas aulas. A longo prazo, há diferença entre um estudante que vai bem na prova mas que depois de um mês já não sabe mais o conteúdo e um estudante que cola? Estes casos de «falso positivo» são tão comuns que passamos a naturalizá-los.

Mas então, o que fazer? 

O problema não está em provas bem alocadas didaticamente, mas como dizem, moderação em tudo. Procurar outras formas de avaliação (que não serão perfeitas e carregarão incertezas e erros) é um caminho.

Se o objetivo da disciplina é fazer com que, ao final do curso, o estudante consiga pegar um artigo da área e entendê-lo, por possuir os conceitos fundamentais do campo, por que não testar isso? Escolha um artigo e peça para os estudantes apontarem «quais conceitos vistos ao longo da disciplina estão presentes no artigo?» «Há algo novo a acrescentar ou é preciso modificar um conceito antigo?» Desse modo, os conceitos não ficam em seu estado «puro». Eles ficam contextualizados e ajudam o estudante a entender a aplicabilidade daquilo que estudou. Se o objetivo é que os estudantes construam argumentos, debates ou redações podem ser mais indicados. E sem necessidade de fazer tudo em 40 minutos de aula. Uma boa argumentação precisa ser revisada e por isso demanda um tempo maior.

As provas precisam, mais do que uma burocracia, ser um instrumento didático, com bom propósito tanto para o professor quanto para o estudante.

 

Para saber mais: 

E se você está preocupado com cola, que tal ver essa pesquisa (Souza, 2018), que também é apresentada no vídeo. Disponível em: https://cpaq.ufms.br/pesquisa-desmistifica-cola-em-prova-escrita-e-apresenta-como-estrategia-docente/.

SOUZA, J. A. D. (2018). Cola em Prova Escrita: de uma conduta discente a uma estratégia docente.

Scientific American. Researchers Find That Frequent Tests Can Boost Learning. Disponível em: https://www.scientificamerican.com/article/researchers-find-that-frequent-tests-can-boost-learning/.

Edutopia. What Does the Research Say About Testing? Disponível em: https://www.edutopia.org/article/what-does-research-say-about-testing.

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