(V.5, N.9, P.1, 2022)

Disculpa, pero esta entrada está disponible sólo en Português do Brasil y English. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in this site default language. You may click one of the links to switch the site language to another available language.

Tiempo de leer: 3 minutos

Disculpa, pero esta entrada está disponible sólo en Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

#acessibilidade: Cena do filme O Sexto Sentido (1999) onde Cole Sear (interpretado por Haley Joel Osment), deitado na cama, diz “Eu vejo pessoas mortas”

Se você realmente acredita que podemos ou não ver “gente morta”, a ciência pouco precisa ter a ver com isso. Mas isso não quer dizer que não conheçamos os nossos sentidos. 

Basicamente, o problema se encontra na definição de “sentido”. Para tentar explicar o que ele é podemos dizer, simplificando muito, que o corpo é como um computador: recebe entradas (sensações ou apertar uma tecla) e emite respostas (movimentos ou aparecer algo no monitor), que nem quando você toca em algo muito quente e tem o reflexo de tirar a mão pra não se queimar.

Mas para que o computador reconheça algum comando, como colocar a letra “b” na tela, ele precisa de alguém apertando a tecla “b” e, mais importante, a “tecla b” precisa existir. Se o computador não tem a “tecla b” a entrada não consegue ser processada por ele. Se não temos algo que recebe sinais sonoros, como nossos ouvidos, não conseguimos escutar. 

E sim, eu sei que você já tentou gritar com seu computador quando ele travou, mas, sério, não vai funcionar. Ele não vai processar sua frustração.   

Voltando. Estas portas de entradas das sensações (olhos, língua, pele…) possuem as “teclas” que nos permitem ter nossos sentidos. Estas “teclas” são proteínas das nossas células que chamamos de receptores. 

Sem receptores, não sentimos (e eu não vou entrar no mérito se você tem um coração frio e não tem receptores de amor. Vamos deixar isso pra outro texto). 

Encontrar estes receptores é o caminho para entender quais (e quantos) sentidos nós temos. Por exemplo, em 1944, Joseph Erlanger e Herbert Gasser, ambos fisiologistas, receberam o Nobel de Fisiologia por terem identificado nossos receptores de dor: os nociceptores.

Espera, então a sensação de dor é um sentido? Sim, e acho que isso já saiu da lista de 5 sentidos que você aprendeu em algum momento da vida, não é mesmo? 

Então vamos ao que interessa, quantos sentidos nós temos? Bem, podemos nos basear em quais receptores foram identificados:

Sentido	Estímulo	Receptor	Célula onde o receptor está	Órgão
Visão	Luz	Fotorreceptor	Cones e Bastonetes	Olho
Audição	Ondas sonoras	Mecanorreceptor	Células ciliadas	Cóclea
Paladar	Moléculas	Quimiorreceptor	Papilas Gustativas	Língua
Olfato	Moléculas	Quimiorreceptor	Neurônios olfativos	Nariz
Tato	Pressão e Vibração	Mecanorreceptor	Terminações nervosas de neurônios	Pele/Todo o corpo
Nocicepção	Dor	Nociceptor
Termocepção	Mudanças na temperatura	Termorreceptor
Propriocepção (em que posição nossos músculos estão)	Movimento dos músculos	Proprioceptores		Músculos
Orientação e Equilíbrio	Movimentação da cabeça	Mecanorreceptor	Células ciliadas	Labirinto

Infelizmente os sentidos não são tão simples, por exemplo, você pode mover a cabeça mesmo estando de ponta cabeça e isso não vai fazer você esquecer que está de ponta cabeça. Isso ocorre porque o que percebemos, é algo diferente do que nós sentimos. As informações de vários sentidos são combinadas no encéfalo para compreender como nós entendemos o mundo à nossa volta e podemos agir nele.  O campo da percepção também estuda outras coisas que costumamos confundir com sensações como a percepção do tempo ou nossas emoções. 

Ainda temos muito o que aprender sobre nossos sentidos. E se você se interessou sobre isso, que tal entrar para o grupo de cientistas que estudam isso, talvez a neurociência, a biologia ou a psicologia sejam sua paixão. Mas por enquanto pode sair por aí falando que você possui um sexto sentido (e um sétimo, um oitavo…)

E lembre-se, se seu computador travar não adianta bater nele, ele não tem nociceptores, ok?

Fontes:

Fonte da imagem destacada: O Sexto Sentido (1999)

BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W.; PARADISO, Michael A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Artmed editora, 2002.

Nobel de Medicina premia descoberta de receptores de temperatura e toque : Revista Pesquisa Fapesp

Outras publicações:

QUANTOS SENTIDOS VOCÊ TEM? – YouTube