(Português do Brasil) Estratégias para inclusão na Academia (V.5, N.6, P.2, 2022)

Facebook Twitter Instagram YouTube Spotify

Disculpa, pero esta entrada está disponible sólo en Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

Tiempo de leer: 4 minutos

Disculpa, pero esta entrada está disponible sólo en Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

#acessibilidade Desenho representando dois caminhos identificados por placas. No da direita da imagem há uma placa indicando “Homens” e há uma estrada limpa e com flores. No lado esquerdo da imagem há uma estrada com a placa indicativa de “Mulheres”. Nessa estrada há escorpiões, uma fenda e pedras pontiagudas. Uma mulher ao centro lê as placas.

Você sabia que academia não é só aquela que você usa para treinar seus músculos? (ou aquela que você paga e não vai enquanto assiste um filminho culpado no sofá…shhh). Então, academia também é o termo que define locais ou grupos de estudos de assuntos científicos, literários ou artísticos. Cientistas fazendo ciência nas Universidades brasileiras são acadêmicos, por exemplo. E aposto que enquanto você lia ou ouvia esse texto, apareceu a imagem de um cientista em sua mente que era homem, de meia idade, branco, meio descabelado e provavelmente usando um avental. Pois é! É sobre esse viés que vamos conversar. Você sabia que lá no ingresso dos cursos de graduação o número de mulheres é igual ou muitas vezes maior que o número de homens? Mas depois, ao longo da carreira, na formatura, pós-graduação, cargos acadêmicos e de chefia, homens, cis-gênero e brancos predominam. Por quê?

Acaba de ser publicado na revista Nature Communications, muito renomada na academia, um trabalho escrito por 28 acadêmicas brasileiras, entre elas a Profa. Priscila Barreto de Jesus, da Universidade Federal do ABC, que trata justamente deste viés nas áreas conhecidas como STEM (em inglês: science, technology, engineering and mathematics): ciência, tecnologia, engenharia e matemática. O trabalho não só aponta vieses em relação a mulheres, mas também a pessoas que não se identificam com os gêneros binários definidos pela anatomia ao nascimento; a estrangeiros, especialmente aqueles oriundos de outros países que não aqueles localizados no Hemisfério Norte; a pessoas negras, indígenas, não-heterossexuais e com deficiências. As autoras propõem com uma linda metáfora relacionada ao desenvolvimento de plantas, estratégias para aumentar a inclusão na academia: semear, germinar e fazer florescer a inclusão com estratégias que venham desde o ensino básico.

Se você leu (ou ouviu) até aqui e é mulher, ou parte de alguma ou vários dos grupos sub-representados mencionados acima, tenho certeza que se reconhecerá, acadêmica ou não, no texto do manuscrito. Se você é homem, branco, cis-gênero e heteronormativo, e pretende seguir, ótimo! Mas se está começando a sentir uma certa resistência, se está achando esse texto exagerado, que não é bem assim, será que não está descobrindo seu viés até então inconsciente? Em resumo, existem diversos trabalhos científicos que mostram que a presença de uma maioria masculina, cis-gênero, heterossexual e branca na academia e em corpos editoriais de revistas científicas gera dificuldade de acesso a grupos minoritários a cargos de poder e prestígio. Esses grupos, embora estejam presentes nas fases iniciais da carreira científica, vão sendo eliminados por um contexto de dificuldades ao longo do trajeto. Ou seja, a presença desses homens em cargos de poder e prestígio determinam que o acesso a essas posições, continue sendo somente de outros homens, brancos, cis e heteronormativos. O contexto é complexo e envolve uma sociedade com cultura de dominação, patriarcal e racista. Precisamos mudar isso! Não porque os grupos mencionados acima precisam de favor ou ajuda para chegar onde quiserem chegar, mas porque o justo é que tenham espaço para manifestar todas as suas competências, sem precisar enfrentar o dobro ou triplo de dificuldades para chegar ao mesmo lugar.

Como fazer isso? Semeando ciência ao encorajar meninas desde a primeira infância à investigação, desafios lógicos e pensamento crítico, usando brinquedos e representatividade em desenhos, livros e filmes. Germinando cientistas ao incentivar meninas em estágios iniciais de carreira, e orientadores que promovam equidade na seleção de alunos, na rede de colaboradores e na promoção de posições de prestígio e liderança. Florescendo exemplos ao apoiar, fomentar e divulgar o trabalho de mulheres em posições de liderança e prestígio. A gente começa tomando consciência e segue, agindo. Grata pelo ótimo trabalho meninas!

Fonte:

Fonte da imagem destacada: Modificada de freepick por Vanessa Verdade

Diele-Viegas et al. 2022. Community voices: sowing, germinating, flourishing as strategies to support inclusion in STEM. NATURE COMMUNICATIONS. https://doi.org/10.1038/s41467-022-30981-6

Lies. Faculdade do Japão fraudou notas para admitir menos mulheres em medicina. (2018) 

Ronan e Rodrigues. Estudante da Ufop tem mestrado reconhecido após perder título por gravidez. (2022) 

 

Para saber mais:

Chimamanda Ngozi Adichie. Para educar crianças feministas. 2017. Um manifesto. Companhia das Letras.

Ignotofsky, R. 2017. As cientistas que mudaram o mudam. Tradução de Sonia Augusto. Ed. Blucher

 

Outros divulgadores:

Algas por Elas (Facebook) (Instagram)

Cientista que virou mãe

Menina Ciência Ciência Menina UFABC

Meninas na ciência 

Parent in Science 

Rede Kunhã Asé de Mulheres na Ciência (Facebook) (Instagram)

Compartilhe:

Responder

Seu endereço de e-mail não será publicado.Campos obrigatórios estão marcados *