(Português do Brasil) Nanoscópio Brasileiro é capa da Nature! (V.4, N.3, P.2, 2021)

Facebook Instagram YouTube Spotify
Tiempo de leer: 3 minutos

Disculpa, pero esta entrada está disponible sólo en Português do Brasil y English. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in this site default language. You may click one of the links to switch the site language to another available language.

#acessibilidade A imagem apresenta a estrutura hexagonal das camadas de grafeno.

Texto escrito pela colaboradora Caroline Santos

Ironicamente ou não, o mundo “nano” (um bilhão de vezes menor que um metro) vem crescendo! A nanociência e a nanotecnologia vêm ganhando forma e se apresentando nos mais variados campos, mas sem dúvidas um dos grandes representantes desse grupo é o grafeno!

Oficialmente descoberto por um grupo de pesquisadores da Universidade de Manchester em 2004 (detalhes desta descoberta foram publicados aqui no blog), o material já era conhecido há décadas, mas apenas como uma teoria para explicar as formas alotrópicas do carbono. Foi só em 2004, ao isolar uma folha de grafeno, que passamos a conhecer suas propriedades.

O grafeno é composto por uma monocamada bidimensional (2D) de carbono e organizado em estruturas hexagonais formando um dos materiais mais resistentes existentes na natureza apresentando condutividade térmica e elétrica maior que outros materiais e uma área superficial maior que a do grafite. Mas uma das propriedades mais intrigantes do grafeno é sua supercondutividade.

Em 2018, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) descobriram o comportamento supercondutor ao rotacionar folhas de grafeno, precisamente, a um ângulo de 1,1°. Mas até o momento, tal comportamento ainda não foi explicado.

ado jorio 300x200 - (Português do Brasil) Nanoscópio Brasileiro é capa da Nature! (V.4, N.3, P.2, 2021)

Feitas as devidas apresentações, vamos ao protagonista de hoje: o nanoscópio.

O equipamento em questão foi desenvolvido por um grupo de cientistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O equipamento permitiu a observação, em escala nanométrica, da estrutura do grafeno, em especial, de seu comportamento vibracional e elétrico de uma forma que nenhum outro equipamento foi capaz.

Como explica o coordenador do projeto e professor da UFMG Ado Jorio, ao rotacionar uma folha de grafeno em graus inferiores a 1°, é possível observar uma instabilidade em sua estrutura, que tende a retornar ao seu estado em equilíbrio e formar regiões triangulares que podem ser observadas pelo nanoscópio. Esse comportamento está ligado às propriedades do grafeno e pode auxiliar na compreensão do comportamento supercondutor que o material adquire ao ter suas camadas precisamente rotacionadas em 1,1°.

Esse processo rotacional de bicamadas está inserido no campo da twistrônica, que também já foi apresentado aqui no blog. De forma simplificada, a twistrônica se refere ao processo de rotacionar, em graus precisos, camadas bidimensionais de materiais ultrafinos de forma a identificar e manipular as propriedades da matéria e estabelecer novos fenômenos físicos.

E é aí que o nanoscópio ganha seu protagonismo! O equipamento permite a observação de estruturas cristalográficas de nanomateriais de uma maneira que nenhum outro equipamento óptico é capaz, tudo graças ao uso de uma nanoantena capaz de gerar imagens em escalas nanométricas das amostras, permitindo assim análises mais detalhadas.

No artigo publicado pela revista científica Nature, o nanoscópio foi utilizado para o estudo atômico, vibracional e eletrônico das camadas de grafeno, mas como afirma o pesquisador Ado Jorio, o equipamento tem potencial para ser utilizado para o entendimento de diferentes estruturas e possui grande potencial de aplicação à engenharia de nanomateriais supercondutores nos mais diferentes campos, pois possibilita a observação e manipulação de propriedades do material de uma forma nunca antes vista, ou como ilustra o pesquisador: “Mudar do microscópio para o nanoscópio é como mudar do olho nu para o microscópio, um ganho de resolução de mil vezes”.

Após 15 anos, e sendo fruto de um trabalho interdisciplinar dos grupos de pesquisa da UFMG, o protótipo comercial do nanoscópio vem sendo desenvolvido e possui, até o momento, nove patentes, incluindo Brasil, China, Europa e Estados Unidos, possibilitando sua aplicação na indústria em um futuro próximo.

Fontes:

Fonte da imagem destacada: Imagem de seagul por Pixabay

Imagem 1: Andreij Gadelha, acervo UFMG

<https://ufmg.br/comunicacao/noticias/nanoscopio-concebido-na-ufmg-possibilita-compreender-estrutura-que-torna-grafeno-supercondutor>

<https://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=nanoscopio-brasileiro-revelar-misterios-grafeno&id=010165210219#.YD7__lVKjIU>

<https://exame.com/ciencia/nanoscopio-brasileiro-para-estudo-do-grafeno-e-nova-capa-da-nature-veja/>

<https://www.sbpmat.org.br/pt/tag/grafeno/>

Para saber mais:

Vídeo COLLOQUIUM DIEI – NANOSCÓPIO: DA RECONSTRUÇÃO EM BICAMADAS DE GRAFENO À INOVAÇÃO (02/10/2020) do canal IFSC USP no YouTube

Compartilhe:

Leave a Reply

Your email address will not be published.Required fields are marked *