(Português do Brasil) Cianotipia – Parte I: A história de Anna Atkins e as fotos azuis (V.7, N.1, P.3, 2024)

Facebook Twitter Instagram YouTube Spotify
Reading time: 4 minutes

Sorry, this entry is only available in Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

#acessibilidade: Imagem de cianótipos preparados pelos integrantes do projeto Ciência em Foto. A imagem mostra diversos papéis redondos sobrepostos. Os papéis são azuis com a imagem de plantas impressas em branco.

Texto escrito por Michelle Mantovani, Maria Beatriz Fagundes, Jhosef Abrantes de Quadros, Sarah Moura de Souza e Luciano Gonsales Caetano, autores do Projeto Ciência em Foto. Em parceria com o Ciência em Foto

Há arte na ciência? Há ciência na arte? E se eu te disser que há ciências, no plural? E, que tanto a ciência como as diversas expressões artísticas podem ser muito interdisciplinares? Afinal, há história (e estórias) na literatura, química na tinta das telas dos quadros, matemática nas melodias e harmonias da música, biologia nos movimentos dos corpos em dança, física nas formas e cores da fotografia… e, em tudo isso, um pouco de tudo!

Aqui, para mostrar um exemplo de interdisciplinaridade entre arte e ciência, vamos falar da cianotipia: uma técnica de registrar imagens com a luz (fotografia), que envolve muita química, física e arte.

O que é a cianotipia?

Em 1842, o astrônomo John Herschel buscava fixar e copiar imagens para compartilhar resultados de seus estudos. Testando diferentes substâncias e objetos a serem “fotografados”, ele desenvolveu uma técnica para gerar negativos em papel. Para isso, aplicou uma mistura de sais de ferro sobre o papel, que permanecia inalterado na região coberta por um objeto opaco, mas ganhava forte coloração azul nas áreas expostas à luz. Essa técnica de impressão fotográfica, que foi chamada de cianotipia, se tornou amplamente conhecida graças aos trabalhos de uma mulher: Anna Atkins.

Anna Atkins - (Português do Brasil) Cianotipia - Parte I: A história de Anna Atkins e as fotos azuis  (V.7, N.1, P.3, 2024)

A botânica inglesa Anna Atkins.

#acessibilidade: Foto em preto e branco da botânica Anna Atkins. A imagem em preto e branco mostra uma mulher de pé com o rosto levemente virado para a esquerda, com sua mão esquerda próxima a sua cintura e a mão direita apoiada sobre um banco. A mulher está vestindo um vestido longo e listrado.

Nessa época, a presença de mulheres na ciência era praticamente inexistente, mas Anna Atkins teve a sorte de ser filha de um cientista, que a incentivou a estudar, além de pertencer a uma família que conhecia o próprio John Herschel e também um dos pioneiros da fotografia, William Henry Fox Talbot. Assim, mesmo sendo uma ótima desenhista, Anna utilizou a cianotipia para registrar e catalogar as formas das algas marinhas que eram seus objetos de pesquisa. Para isso, ela secava as algas e as colocava em contato com o papel a ser sensibilizado, testando o tempo de exposição à luz do Sol para produzir imagens que registravam nitidamente os detalhes e as formas dessas algas.

cystoseira foeniculacea - (Português do Brasil) Cianotipia - Parte I: A história de Anna Atkins e as fotos azuis  (V.7, N.1, P.3, 2024)

Página do livro “British Algae: Cyanotype Impressions” de Anna Atkins. Com o registro da Cystoseira foeniculacea.

#acessibilidade: Foto de um registro da Cystoseira foeniculacea feito através da cianotipia. A imagem mostra um papel com o fundo azul e com todo o contorno da planta branco. Abaixo da planta está escrito Cystoseira foeniculacea na cor branca.

Ao longo de 10 anos de pesquisa Anna Atkins publicou diversos trabalhos que iriam compor o primeiro livro ilustrado da história, o “British Algae: Cyanotype Impressions”. Escrito à mão e contendo centenas de registros de diferentes algas, esse livro complementou o “Manual of British Algae” (publicado em 1841), que contava apenas com descrições verbais da morfologia das algas. Além das algas, Anna Atkins publicou posteriormente estudos sobre plantas terrestres utilizando a técnica da cianotipia.

Mesmo tendo contribuído imensamente para o desenvolvimento da ciência e da fotografia como técnica para registro de imagens científicas, o reconhecimento do trabalho de Anna Atkins só ocorreu quase dois séculos depois. Hoje ela é considerada a primeira fotógrafa da história!

Vamos nos aprofundar um pouco mais nas ciências que envolvem a produção da cianotipia? Então nos vemos no próximo texto!

 

Fontes:

FIORITO, P.; POLO, A. S. A New Approach toward Cyanotype Photography Using Tris-(oxalato)ferrate(III): An Integrated Experiment. J. Chem. Educ., 2015. DOI: 0.1021/ed500809n

Booklet of ‘Photographs of British Algae: Cyanotype Impressions’ by Anna Atkins. Disponível em: https://collection.sciencemuseumgroup.org.uk/objects/co17028/booklet-of-photographs-of-british-algae-cyanotype-impressions-by-anna-atkins-booklet-cyanotype.

From blue skies to blue print: Astronomer John Herschel’s invention of the cyanotype. Disponível em: https://sites.utexas.edu/ransomcentermagazine/2010/12/07/from-blue-skies-to-blue-print-astronomer-john-herschels-invention-of-the-cyanotype/.

Anna Atkins: uma mulher à frente do seu tempo. Disponível em: https://www.escoladebotanica.com.br/post/anna-atkins#:~:text=A%20cianotipia%20%C3%A9%20uma%20t%C3%A9cnica,sensibilizado%2C%20tornando-se%20azul.

Anna Atkins. Disponível em: https://www.moma.org/artists/231.

Imagem de Anna Atkins. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Anna_Atkins_1861.jpg.

Página do livro “British Algae: Cyanotype Impressions” de Anna Atkins. Disponível em: https://garystockbridge617.getarchive.net/media/anna-atkins-cystoseira-foeniculacea-9f17af.

 

Para saber mais:

Anna Atkins: pioneering botanical photographer who captured algae and ferns in ghostly blue images. Disponível em: https://www.nature.com/articles/d41586-023-02446-3.

Anna Atkins’s cyanotypes: the first book of photographs. Disponível em: https://www.nhm.ac.uk/discover/anna-atkins-cyanotypes-the-first-book-of-photographs.html.

Fotógrafa pioneira, Anna Atkins passou mais de um século na obscuridade. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/anna-atkins-fotografa-pioneira/.

 

Outros divulgadores:

Ciência em Foto. Disponível em: https://cienciaemfoto.proec.ufabc.edu.br/2022/02/blueprint/.

Compartilhe:

1 comentário(s) em “(Português do Brasil) Cianotipia – Parte I: A história de Anna Atkins e as fotos azuis (V.7, N.1, P.3, 2024)

Responder

Seu endereço de e-mail não será publicado.Campos obrigatórios estão marcados *