#acessibilidade Fotografia do fruto de um mancenilheira, que é verde e redondo.
Você está em um litoral paradisíaco e sua única companhia é uma árvore com atrativos frutos. Devido ao calor escaldante, você decide descansar sob os pés da árvore e experimenta um de seus pequenos frutos. O gosto é agradável como o de uma maçã, suavemente doce. Pouco depois você sente uma ardência na boca e logo passa para uma sensação de nó obstruindo sua garganta. Esse é o verdadeiro sabor dos frutos da mancenilheira (ou árvore da morte), que é temida desde os primeiros assentamentos europeus na América.
John Esquemeling é autor de um dos livros mais importantes a respeito da pirataria no século 17, chamado “Os corsários da América” (1678), e nele há relatos sobre a temida árvore da morte. Esquemeling nos conta que em um dia ele estava extremamente atormentado pelos mosquitos e decidiu cortar um galho da árvore para se abanar. O rosto dele inchou e ficou repleto de bolhas, além de ter ficado cego por três dias!
Nicholas Cresswell escreveu um diário sobre o tempo que passou nas colônias britânicas na América e, no dia 16 de setembro de 1774, ele contou mais sobre sua experiência com a árvore da morte. «A fruta da mancenilheira tem o aroma e a aparência de uma maçã inglesa, mas é pequena, cresce em árvores grandes, geralmente ao longo da costa. Estão repletas de veneno. Me disseram que uma só é suficiente para matar 20 pessoas. A natureza do veneno é tão maligna que uma só gota de chuva ou orvalho que caia da árvore na sua pele imediatamente causará uma bolha.”
#acessibilidade Fotografia de uma árvore da morte do tamanho de um arbusto. Os troncos que suportam a porção das folhas se dispõem paralelos ao chão, já os ramos aéreos são bastante bifurcados e formam uma copa que proporciona uma grande área de sombra.
Essa árvore é nativa da América Central e das ilhas do Caribe e cresce desde a costa da Flórida nos Estados Unidos até a Colômbia. A planta possui toxinas fortes por todas as suas partes. O forbol e outras substâncias que causam urticárias fazem parte da composição da seiva. Como relatado por Cresswell, ficar embaixo da árvore em um dia chuvoso pode causar lesões na pele, pois a água que escorre das folhas carrega estes compostos nocivos. Ao queimar a árvore os compostos são volatilizados e podem causar cegueira caso a fumaça alcance os olhos. Embora atualmente não sejam registradas mortes decorrentes da ingestão dos frutos por conta da medicina moderna, eles podem causar severas gastroenterites com hemorragias.
Os europeus que invadiram as Américas desconheciam a fauna local e acabaram morrendo envenenados por desinformação. Já os indígenas, que conheciam muito bem seus lares, sabiam utilizar a árvore a seu favor. Eles aplicavam a seiva nas pontas das flechas, servindo de veneno, e como forma de tortura amarravam a pessoa a uma árvore e esperavam a chuva cair. A madeira da mancenilheira já foi muito utilizada em móveis imperiais já que após deixar ela exposta ao Sol ela o material perde a nocividade, assim como os frutos, que desidratados já foram ministrados como diuréticos. Na Jamaica uma goma de mascar feita da árvore já foi utilizada no tratamento contra doenças venéreas.
Não deixe de ver esse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gubEcorYp18
Fontes:
Fonte da imagem destacada: © Hans Hillewaert / CC BY-SA 4.0
https://misteriosdomundo.org/mancenilheira-todas-as-partes-dessa-arvore-podem-lhe-matar/