Mudanças climáticas globais e a era dos walking deads (V.2, N.4, P.3, 2019)

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Tempo de leitura: 2 minutos
#acessibilidade Grupo de zumbis no primeiro plano, ao fundo uma cidade destruída, fogo e fumaça numa imagem acinzentada.

Pessoalmente nunca entendi essa fixação que muitas pessoas têm por mortos-vivos que levantam de suas covas e voltam a perambular entre as pessoas, mas filmes e séries desse tipo fazem sucesso, certo? Então deixe-me explicar porque escolhi um texto que relaciona mudanças climáticas globais com uma nova era, em que vermes e outros organismos voltam à vida e renascem entre nós!

O aquecimento global é um fato. Temos medidas indicando que a temperatura média do planeta subiu cerca de 1°C do período pré-industrial até hoje e as projeções indicam que terá subido 1,5°C a mais do que no período pré-revolução industrial em 2030 ou até 2052. Isso significa dizer que em alguns lugares da Terra a temperatura suba mais e em outros menos. Sabe-se que a temperatura está aumentando mais rapidamente nos pólos, especialmente no polo norte. Esse aumento está gerando diminuição das calotas de gelo e derretimento do permafrost, que é o nome dado ao solo permanentemente congelado na Sibéria. E aí está minha referência aos mortos-vivos! Cientistas russos coletaram vermes congelados no permafrost com cerca de 40 mil anos! Esses vermes, levados ao laboratório, descongelaram e voltaram à vida. A observação por si só já é surpreendente e abre portas para pesquisas na linha da criogenia, mas o que dizer das consequências do descongelamento deste solo, rico em organismos, do ponto de vista dos riscos ambientais?

O permafrost está descongelando liberando metano e vermes, bactérias, fungos, vírus e outros organismos. O metano retroalimenta positivamente o efeito estufa aumentando a intensidade do aquecimento global, que descongela mais permafrost. Os organismos estão voltando à vida após 40 mil anos congelados. Não sabemos exatamente o que tem lá, como interagiam com outros organismos e ambiente há 40 mil anos e nem como passarão a interagir agora. Será que existem organismos patogênicos? Com potencial para causar epidemias? Em que grupos de animais? Talvez em seres humanos? O cenário lembra o das séries em que epidemias acabam com a humanidade. As consequências das mudanças climáticas globais vão muito além de catástrofes ambientais como enchentes, secas e verões e invernos com temperaturas extremas. Passou da hora de nos responsabilizarmos e fazermos algo a respeito.

Fontes:

Fonte da imagem destacada: Image by ahmadreza heidaripoor from Pixabay

Shatilovicha, A.V. et al. (2018): Viable Nematodes from Late Pleistocene Permafrost of the Kolyma River Lowland. Doklady Biological Sciences, 2018 (480): 100–102. ISSN 0012-4966
Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1134%2FS0012496618030079#citeas

Allen, M.R. et al. (2018): Framing and Context. In: Global Warming of 1.5°C. An IPCC Special Report on the impacts of global warming of 1.5°C above pre-industrial levels and related global greenhouse gas emission pathways, in the context of strengthening the global response to the threat of climate change, sustainable development, and efforts to eradicate poverty. V.P. Masson-Delmotte et al. Eds. In Press.
Disponível em: https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/2/2019/05/SR15_SPM_version_report_LR.pdf

Para saber mais:

https://www.sciencealert.com/40-000-year-old-nematodes-revived-siberian-permafrost

https://www.livescience.com/63187-siberian-permafrost-worms-revive.html

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/07/vermes-de-41-mil-anos-congelados-na-siberia-voltam-vida.html

https://hypescience.com/avanco-vermes-congelados-no-permafrost-por-ate-42-000-anos-sao-ressuscitados/

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