(Português do Brasil) O doce sabor da energia luminosa! (V.8, N.3, P.1, 2025)

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#acessibilidade: A imagem é composta por 3 menores, cada qual com um dos animais descritos no texto.

Texto escrito pelo colaborador Vítor Ribeiro Halfeld

E se na hora da fome, em vez de pedir seu lanche preferido, você simplesmente usasse a luz do Sol?

Ah, não, prefiro meu x-bacon!

Realmente, os raios de Sol não têm aquela deliciosa combinação de sabores, texturas e calorias!  Mas alguns raros animais apresentam estratégias para usar a luz como fonte de alimento, do mesmo jeito que as plantas fazem.  

Plantas e algas são mestras na habilidade de usar a energia luminosa para se alimentar. Nesse processo, chamado de fotossíntese, elas conseguem absorver a luz do Sol usando moléculas coloridas, que recebem o nome de pigmentos. O principal desses pigmentos é a clorofila, que tem a cor verde. Basta que uma pequena quantidade de luz atinja as moléculas de clorofila e uma receita especial começa a ser preparada:

A clorofila transfere a energia luminosa para reações químicas que têm água e gás carbônico como ingredientes (ou reagentes, em uma linguagem mais científica). Ao final do processo, estarão prontas moléculas de oxigênio (O2) e um precioso açúcar do tipo glicose. É esse açúcar que fornece energia para plantas sobreviverem, do mesmo jeito que os carboidratos são usados pelas células do corpo humano.

Se você pegar o pedacinho de uma folha e colocar em um microscópio, verá que nem tudo dentro das células vegetais tem a cor verde. A clorofila fica armazenada em compartimentos especializados chamados de cloroplastos. É no interior do cloroplasto que a fotossíntese acontece. Portanto, sem essas estruturas, as plantas ficariam sem glicose e morreriam de fome.

Mas, e os animais? Eles também têm cloroplastos? Eles também podem fazer fotossíntese?

Calma! Não é porque um bicho é verde que ele tem clorofila! Evolutivamente, nenhum animal desenvolveu a capacidade de fazer fotossíntese. Por definição, os animais são organismos heterótrofos, ou seja, precisam encontrar no ambiente suas moléculas nutritivas. Mas alguns raros animais conseguiram hackear a evolução. Eles usaram um atalho adaptativo chamado de simbiose! Simbiose é um tipo de relação ecológica na qual organismos de espécies diferentes passam a viver juntos. Dessa forma, as vantagens evolutivas são compartilhadas e as chances de sobreviver aumentam! Dentro dessa dinâmica, aconteceu de alguns animais encontrarem os parceiros certos e receberem em troca os benefícios da fotossíntese. 

Ovelha-do-mar: Esse é o nome popular de um pequeno molusco encontrado nos mares da Ásia e Oceania. A espécie Costasiella kuroshimae, apesar de ser um tipo de lesma, tem uma simpática carinha de ovelha de desenho animado. Quando esses moluscos se alimentam de algas, eles não digerem seus cloroplastos, mas mantêm essas estruturas funcionando dentro de seus corpos. Assim, os cloroplastos continuam fazendo fotossíntese e fornecem açúcares para a ovelha-do-mar. Esse processo é chamado de cleptoplastia, que significa “roubo de cloroplastos”. 

Corais: São animais do mesmo grupo das águas-vivas. Mas, ao contrário dessas, os corais vivem presos no fundo do mar. Eles também se diferenciam por produzirem um esqueleto externo mineralizado, conferindo a esses animais uma estrutura rígida e forte. Os corais se associam a algas, mas sem consumi-las. Algumas algas são unicelulares e muito pequenas, e podem viver dentro do corpo dos corais, em uma relação harmônica, que beneficia os dois organismos. Enquanto os corais fornecem proteção e substâncias inorgânicas para as algas, as algas disponibilizam aos corais parte dos açúcares produzidos na fotossíntese. 

Salamandra-pintada (Ambystoma maculatum): Esse anfíbio encontrado na América do Norte é o único animal vertebrado  associado a algas e que  se beneficia da fotossíntese. As salamandras, assim como outros anfíbios, fazem a postura de seus ovos no ambiente aquático. Mas os ovos dos anfíbios não tem uma casca rígida como os ovos das aves e dos répteis. Com isso, algumas algas conseguem invadir os ovos da salamandra-pintada, e passam a viver associadas aos embriões. Estudos mostraram que essa associação é tão íntima que algumas algas conseguem se abrigar dentro das células das salamandras! E a lógica dessa interação é o benefício para as duas partes envolvidas. Enquanto a salamandra recebe oxigênio e glicose das algas, as algas recebem proteção e matéria orgânica dos embriões.

Esses exemplos mostram que a associação entre animais e cloroplastos ocorreu diversas vezes ao longo da evolução. De maneira artificial, cientistas também já conseguiram combinar células de roedores com cloroplastos. Dessa forma, por mais que a luz do Sol não seja tão saborosa quanto uma fruta madura ou quanto sua pizza preferida, podemos perceber que ela é fundamental para alimentar alguns dos mais curiosos animais que a ciência conhece!

Fontes: 

Aoki, Ryota e colaboradores. (2024). Incorporation of photosynthetically active algal chloroplasts in cultured mammalian cells towards photosynthesis in animals. Proceedings of the Japan Academy. https://doi.org/10.2183/pjab.100.035

Redação BBC. (2021). Reportagem Os incríveis animais capazes de ‘fazer’ fotossíntese. BBC News Brasil. Acesso em janeiro de 2025. https://www.bbc.com/portuguese/geral-55919768

Outros divulgadores:

@explicando_ciencias: Esse perfil no Instagram apresenta vídeos sobre zoologia, comportamento animal, paleontologia e evolução.

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