(V.5, N.12, P.2, 2022)

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#acessibilidade: Dois homens e uma mulher, abraçados, vestidos de maneira divertida para imitar a vestimenta de palhaços, a mulher situada a esquerda, vestida com uma peruca cacheada rosa e um lenço lilás com brilhos no pescoço, colete com brilhos por cima de uma blusa vermelha e shorts com vários quadrados coloridos, o homem ao centro, usa óculos, possui cabelos brancos com mechas em azul, bigode grande estilo português branco, usa uma chupeta pendurada por um fio no pescoço, uma gravata amarela com o desenho animado do Taz mania, camisa colorida com desenhos de galos coloridos e formas geométricas, shorts com quadrados todos coloridos, e homem a direita, usando um chapéu rosa e azul, estilo bobo da corte, com a camisa colorida cheia de sapinhos, uma gravata pequena também colorida, sob uma camisa amarela e shorts azul listrado, todos com expressões de alegria e o dedo dentro do nariz.

Texto escrito por Carolina Freitas e Emmanuele Di Fabio

Você, em algum momento, já visitou um familiar, amigo, vizinho ou já esteve internado em um hospital e teve a oportunidade de se deparar com um pessoal divertido, esbanjando alegria, com fantasias de palhaços fofos, super-heróis ou, até mesmo, vestidos de animaizinhos? Dá pra perceber que em situações onde os pacientes que estão em terapia intensiva lidam com estes personagens, são situações de uma alegria contagiante, pois a intenção é que os pacientes se sintam acolhidos, criando uma expectativa de melhora e retorno para a casa.

Este é o pessoal da risoterapia ou terapia do riso (do inglês “laughter therapy”). Quando relacionado somente a palhaços, usa-se o termo palhaçoterapia, mas todos com o mesmo objetivo. Este método de intervenção não farmacológica busca humanizar o atendimento nas unidades hospitalares, tirando o foco emocional e físico da doença e seus sintomas indesejáveis, passando a focar mais no indivíduo e no seu processo individualizado de adaptação à nova realidade, mostrando que, mesmo diante de grandes desafios, é possível ter um conforto e buscar através do riso, uma calmaria e relaxamento diante dessa situação de medo  e negatividade. A risoterapia se faz presente buscando,  por  meio  do  lúdico,  diminuir  os desconfortos da internação e ajudar no enfrentamento das doenças. 

Para o público de uma forma geral, esse método passou a ser mais divulgado na década de 90, com a brilhante atuação de Robin Williams no filme “Patch Adams, o amor é contagioso”, mas existem relatos da intervenção por palhaços desde o início do século XX na Europa. O filme, baseado em fatos reais, relata a vida acadêmica do doutor Hunter Doherty Patch Adams e sua busca por tratar os pacientes com mais dignidade, aproximar médico-paciente. No Brasil, Wellington Nogueira iniciou seus trabalhos no projeto “Doutores da Alegria” que, desde 1991, vêm ampliando e divulgando o trabalho nos centros de saúde nacionais. Mas por que esse método não medicamentoso tem sido cada vez mais utilizado? Será que existe algum fundamento científico por trás disso? Felizmente sim! 

Como fatores de resposta, o riso pode melhorar diversos aspectos fisiológicos ligados ao estresse, ansiedade e depressão. Basicamente, rir faz com que o corpo relaxe e que a mente estimule o sistema imune, melhorando a circulação sanguínea, alterando a pressão arterial e promovendo a liberação de “endorfinas”, que dão sensação de bem-estar geral. A endorfina é um neuro-hormônio produzido pela glândula hipófise, localizada no cérebro. Ela possui um efeito analgésico, reduzindo o estado de tensão do corpo. 

Além da endorfina, há outros hormônios presentes no sistema nervoso, onde. a concentração e atuação simultânea entre eles trazem respostas diferentes ao nosso organismo. Dentre estas respostas, as emoções se formam pela atuação dos hormônios e outros neurotransmissores  que também as modulam, como a dopamina, serotonina e a norepinefrina. Dessa forma, nossas emoções são formadas a partir de neurotransmissores cerebrais, que são substâncias químicas que desempenham funções no organismo e são a “ponte” para que nossos neurônios se comuniquem entre si.

Cada emoção que sentimos em nosso corpo possui uma concentração específica de cada neurotransmissor. A norepinefrina, por exemplo, está associada a emoções de raiva e medo, que nos faz ficar alertas e também auxilia em uma boa memória.  Quando este neurotransmissor é liberado, há o aumento do nível de gordura no sangue e consequente aumento da pressão arterial. Já a serotonina está associada à impulsividade, estimulando os batimentos cardíacos e a constrição de vasos sanguíneos, auxiliando também no sono (é a precursora da melatonina, responsável por regular o relógio natural). E, por fim, a dopamina, a principal responsável por regular um grande número de informações vindas por outras regiões do cérebro. Ela causa a sensação de euforia, atuando no humor, no prazer e na atenção. Um fato curioso sobre a dopamina é que, na doença de Parkinson, há sua diminuição ou ausência. Para entender o efeito desses neurotransmissores de fato, é necessário saber que toda resposta cerebral é realizada através de células, das quais as principais são os neurônios. Por exemplo, quando a gente bate o dedinho em algum lugar, os neurônios levam essa informação do dedinho para o nosso cérebro, ele a interpreta, por exemplo, como um sinal doloroso e pode emitir uma resposta, se for o caso, para controlá-la. Ou seja, os neurônios são células especializadas que recebem respostas nervosas de todo o corpo, podendo interpretá-las como positivas ou negativas. Esta comunicação entre neurônios ocorre através destas substâncias que chamamos de neurotransmissores.  

Os neurônios são compostos por três partes principais: dendritos, um corpo celular e o axônio. Comumente, os sinais nervosos são recebidos através dos dendritos, viajam para o corpo celular e continuam para o axônio, até atingir a sinapse (o ponto de comunicação entre dois neurônios). Os neurotransmissores são armazenados em bolsas membranosas e esféricas localizadas nos extremos dos axônios dos neurônios, chamadas de vesículas neuronais. Um único neurônio pode enviar diversos impulsos nervosos a muitos outros através das ramificações finais de seu axônio. A maioria das sinapses ocorre de forma química, onde a comunicação entre os neurônios é feita através de mensageiros químicos, os neurotransmissores, que estimulam ou inibem o neurônio seguinte.

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Figura 1: Imagem ilustrativa de um neurônio. 

Entender todo o mecanismo de ação de um neurotransmissor é uma tarefa bem complexa. A ação inicia com o neurotransmissor sendo liberado da vesícula neuronal, caindo na fenda sináptica (espaço entre as membranas dos neurônios) e reagindo imediatamente com os receptores situados na membrana da outra célula. Parte deste neurotransmissor pode ser reaproveitada pelo próprio neurônio que o emitiu ao ser rearmazenada em uma nova vesícula neuronal . Outro processo que pode ocorrer, é parte do neurotransmissor ser metabolizada ou destruída por enzimas, e seus produtos eliminados ou reaproveitados pelo organismo. É importante saber que os neurônios precisam sempre ter neurotransmissores a disposição para serem sintetizados a qualquer momento, sendo assim, sempre que há a liberação de um neurotransmissor ocorre a síntese e o armazenamento de novas moléculas.

Já assistiu ao filme Divertida Mente? No blog O Camundongo, você pode ler mais sobre a relação entre as emoções e os neurotransmissores, usando como pano de fundo esse filme incrível!

Voltando ao Patch Adams, rir gera um estímulo nervoso, resulta em um efeito analgésico e dá sensação de calmaria ao paciente, e para que isso ocorra, incontáveis neurônios trabalham no sistema nervoso central. Para um resultado efetivo da risoterapia, é importante que ela ocorra ainda no início da internação do doente, visto que uma experiência dolorosa vivida nas primeiras intervenções hospitalares pode causar alguns traumas irreparáveis. Além dos benefícios para o paciente, este ato de humanização reduz o estresse para os pais ou acompanhantes. 

Fontes:

Fonte da imagem destacada: Wikimedia Commons

Fonte da imagem 1: mundo educação

Doutores da Alegria

Gesundheit! Institute

Palhaçoterapia em ambiente hospitalar: uma revisão de literatura 

Laughter therapy: A humor-induced hormonal intervention to reduce stress and anxiety – ScienceDirect

Risoterapia – Rir é o melhor remédio

Risoterapia no câncer pediátrico: a analgesia eficaz para quando a vida se faz frágil

Entenda o que é endorfina e como ela funciona no seu corpo

Neurotransmissores: conheça um pouco da química produzida pelo nosso cérebro – Canaltech

A sinapse (artigo) | Biologia humana | Khan Academy

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