#acessibilidade: Imagem de menina, de ponta cabeça, deitada em um fundo rosa, ouvindo música por um headphone de forma que o cabelo dela cubra seus olhos.
Texto escrito por Igor Espindola de Almeida
Provavelmente aquela música que você ouviu pela primeira vez já entrou para a sua playlist, não é? Como isso aconteceu?
Bem, tem-se estudado sobre como os gostos musicais se formam. Em uma pesquisa de 2003, por exemplo, foram separadas pessoas de acordo com suas personalidades e gostos musicais e observadas as tendências. Foi, então, proposta uma divisão em quatro grupos: (1) abertos a novas experiências e estáveis emocionalmente tendiam a gostar mais de Jazz; (2) os mais extrovertidos e intensos tendiam para o rock; (3) os mais liberais e agradáveis ouviam mais eletrônica e rap; (4) por fim, os que mais gostavam de pop e o country (estadunidense) tinham alta auto-estima e eram um pouco mais conservadores. De fato, a personalidade é um fator importante, mesmo que não determinante, na formação do nosso gosto musical. Por isso, aparentemente, uma boa parte do que gostamos parece se formar em torno dos 14 anos, quando a própria personalidade está se construindo e os hormônios provocam diversas mudanças físicas, psíquicas e comportamentais. Mas isso não se restringe à adolescência.
Outro estudo, de 2014, mostrou que o nosso cérebro tem um funcionamento diferenciado para músicas que você gosta, não gosta ou que são suas favoritas, o que já era esperado visto que toda experiência que temos deve ter alguma mudança neural envolvida. O que se registrou foi não só uma mudança no funcionamento cerebral das áreas responsáveis pelos sons que escutamos, o córtex temporal (nas laterais), mas no caso das músicas favoritas houve também a ativação de áreas do hipocampo, região do cérebro responsável pela memória.
#acessibilidade: Imagem de demonstração de diferenças na estrutura da comunidade precuneus
Na memória, a música não é somente uma sequência de sons, mas está associada ao que você estava vendo quando ouvia aquele som. Isso explica o porquê algumas músicas simplesmente aparecem na nossa mente. Provavelmente, alguma coisa que você viu pode ter acionado sua memória e levado a melodia até sua consciência. Como as memórias se ajustam todas as vezes que são ativadas, esses elementos visuais também podem ser alterados ao longo da vida. Além disso, nossa memória associa um valor emocional às músicas e, quando as ouvimos uma segunda vez, costumamos sentir essas mesmas emoções. Se elas foram boas, seu cérebro vai querer repeti-las – isso está associado à ação da dopamina, uma molécula presente no nosso cérebro quando estamos sentindo felicidade.
E aquelas músicas que não saem da nossa cabeça, aquelas mais “chiclete”? Bem, um dos fatores para isso é o grau de familiaridade que temos com a música. As músicas, no geral, possuem certos padrões e nosso cérebro gosta de identificá-los, o que também libera dopamina. Por isso, ouvir a música mais uma vez pode ajudar a tirá-la da sua cabeça.
A liberação de dopamina, as emoções envolvidas e os padrões encontrados são o que fazem com que gostamos das músicas que ouvimos, mesmo que pela primeira vez. Mas não nos enganemos, o nosso cérebro também pode cansar de uma música caso ela seja escutada em excesso, por isso continuamos a criar melodias e estilos musicais! Então, já viu quais as novas músicas no trending essa semana?
Referências:
Rentfrow, P. J., & Gosling, S. D. (2003). The do re mi’s of everyday life: The structure and personality correlates of music preferences. Journal of Personality and Social Psychology, 84(6), 1236–1256. Disponível em: https://doi.org/10.1037/0022-3514.84.6.1236.
Bonneville-Roussy, A. Rentfrow, P. J. Xu, M. K. Potter J. Disponível em: Music through the ages: Trends in musical engagement and preferences from adolescence through middle adulthood.. Journal of Personality and Social Psychology, 2013; 105 (4): 703 DOI: 10.1037/a0033770.
Wilkins, R. W. Hodges, D. A. Laurienti, P. J. Steen & J, M. Burdette H. Network Science and the Effects of Music Preference on Functional Brain Connectivity: From Beethoven to Eminem. SCIENTIFIC REPORTS. DOI: 10.1038/srep06130 (2014); Disponível em: https://doi.org/10.1038/srep06130.
Fonte da imagem destacada: Imagem de whoalice-moore por Pixabay (Menina Músicas Moda – Foto gratuita no Pixabay)
Fonte da imagem do texto: Network Science and the Effects of Music Preference on Functional Brain Connectivity: From Beethoven to Eminem.
Para saber mais:
O que acontece no cérebro para enjoarmos uma música | | INMI – Texto
O que gosto musical tem haver com personalidade – Youtube
Porquê gostamos de música? – Youtube