#acessibilidade Imagem da série clássica do Homem-Aranha dos anos 60 em que há dois Homem-Aranhas e um aponta para o outro acusando-o de ser um impostor.
“Há alguns anos eu fui sortudo o bastante para ser convidado para uma reunião de pessoas notáveis: artistas e cientistas, escritores e descobridores de coisas. E eu senti que a qualquer momento eles perceberiam que eu não estava qualificado para estar lá, no meio dessas pessoas que realmente tinham feito coisas.
Na minha segunda ou terceira noite lá, eu estava em um canto do salão enquanto uma apresentação musical acontecia e comecei a conversar com um senhor muito legal e educado sobre diversas coisas, incluindo o fato de termos o mesmo nome. E então ele apontou para as pessoas no salão e disse algo como “Eu apenas olho para essas pessoas e penso o que é que eu estou fazendo aqui? Eles fizeram coisas incríveis, eu só fui aonde fui mandado.”
E eu disse “Sim. Mas você foi o primeiro homem a pisar na Lua. Eu acho que isso conta.”
E eu me senti um pouco melhor. Porque se Neil Armstrong se sentiu um impostor, talvez todo mundo se sinta assim. Talvez não haja adultos, apenas pessoas que tenham trabalhado duro e que também tiveram sorte, todos fazendo o melhor que podem, que é tudo o que podemos realmente esperar.”
Texto adaptado de um post no Tumblr do escritor Neil Gaiman. O autor é responsável por vários best-sellers, como Deuses Americanos, Coraline, Belas Maldições e a magnífica graphic novel Sandman. Sendo fã do trabalho dele, fiquei muito surpreso ao saber a relação dele com a chamada síndrome do impostor. Mesmo me sentindo um impostor boa parte do tempo, jamais imaginaria que O Neil Gaiman também se sentiria assim.
Já olhou para trás, viu todas as suas conquistas e achou que não as merecia? Que foi tudo sorte? Já recebeu elogios por algo e acabou respondendo que “não foi nada de mais” ou que “qualquer um faria”? Vive com o medo constante de que um dia alguém vai te desmascarar? Acha que elas vão descobrir que você as enganou fazendo-as achar que você é mais inteligente ou competente do que realmente é? Se respondeu sim para essas perguntas, talvez a síndrome do impostor também seja um problema para você.
Descrito pela primeira vez na década de 1970 pelas psicólogas Suzanne Imes, PhD, e Pauline Rose Clance, PhD, o fenômeno do impostor (popularmente conhecido como síndrome do impostor) ocorre principalmente entre pessoas que alcançaram grandes feitos, mas parecem incapazes de internalizar e aceitar seu sucesso. Embora não seja considerada um transtorno mental pelo DSM-5, é algo real e geralmente acompanhada de algum grau de ansiedade.
Dentre os principais sinais estão:
1- Se tornar workaholic, pois assim as pessoas verão seu esforço e a chance de descobrirem que você é uma farsa diminui;
2- Deixar de fazer as coisas, pois assim as pessoas pensarão que sua falha foi devido à preguiça, não por falta de capacidade;
3- Tentar ser imperceptível, seja sendo discreto ou, quando isso não é possível, mudando o tempo todo;
4- Usar seu carisma para conseguir a aprovação das pessoas, já que não tem confiança na sua capacidade ou intelecto;
5- Deixar tudo para o último minuto, assim se falhar será pela falta de tempo, não pela sua incapacidade de realizar a tarefa;
6- Não terminar nada, pois assim ao ser alvo de uma crítica sempre poderá dizer “ainda estou trabalhando nisso”;
7- Se auto-sabotar, ficando acordado até tarde ou bebendo um dia antes de um compromisso importante, não se preparando para uma prova, assim se falhar terá algo para culpar;
#acessibilidade Tirinha com dois quadros. No primeiro, sob a palavra “Realidade”, uma personagem elogia a outra dizendo “Bom trabalho na apresentação de hoje”. No segundo, sob a palavra “Ansiedade”, a mesma personagem diz “É só uma questão de tempo até eu perceber que você é uma fraude”.
E como lidar com isso? Terapia é uma opção, mas o primeiro passo é admitir que há um problema.
Pergunte o que seus superiores acham de você. Fale com colegas da mesma área e perceba que todos têm inseguranças. Ensine novatos e perceberá o quanto você sabe. Ninguém precisa ser genial em tudo, todos temos nossos pontos fortes e fracos. Ninguém é tão bonito como no Instagram, tão feliz como no Facebook, tão inteligente como no Twitter ou tão bom como no Linkedin.
Depois disso, liberte-se: não há problema em errar, lembre-se que “o melhor professor, o fracasso é” e se um dia alguém estiver para perceber que você é uma “fraude”, lembre-se de todos os elogios que já recebeu, as promoções, os aumentos de salário, as notas boas, as aprovações.
Talvez você seja melhor do que acha que é.
Fontes:
Fonte da imagem destacada: Internet.
http://neil-gaiman.tumblr.com/post/160603396711/hi-i-read-that-youve-dealt-with-with-impostor
http://www.apa.org/gradpsych/2013/11/fraud.aspx
Para saber mais:
Outros divulgadores:
Eduardo Bessa no Science Blogs Brasil
Jessi Zanelato e Ana Eliza no podcast PodProgramar episódio 14
Eu sempre acho que alguém vai descobrir que sou uma fraude, é muito estranho pensar nisso e inclusive me identifiquei com todo o conteúdo do texto. É realmente muito ruim. Parece sempre que fui privilegiado, que outras pessoas muito melhores poderiam esta no meu lugar e desenvolvendo muito mais coisas e com mais relevância.