Resenha – O dilema das redes (V.3, N.10, P.1, 2020)

Facebook Instagram YouTube Spotify
Tempo de leitura: 5 minutos
#acessibilidade Cena em que um dos personagens fictícios de O Dilema das Redes olha preocupado para a tela de seu celular enquanto fotos de redes sociais aparecem ao redor dele para que nós saibamos o que ele está vendo. A cena tem um filtro vermelho muito forte.

Da ascensão da inteligência artificial à crise social

Alerta de spoiler!

É comum termos a percepção de que todos nós estamos sendo monitorados, manipulados, frustrados, deprimidos e até mesmo isolados pelas mídias sociais. Para exemplificar, você pesquisa por um sapato em um site de compras e de repente todas as páginas que você visita tem anúncios de sapato. Você navega pelas suas redes sociais e a vida de todo mundo parece incrível, zero defeitos! E isso é frustrante, porque sua vida real não é perfeita e é normal não ser. Não entendemos como algumas pessoas não compreendem algo que nos parece óbvio. Eles não viram as notícias? E a resposta é não, mesmo! porque vivemos em bolhas e cada um recebe um conteúdo personalizado na sua timeline do Facebook, no feed do Instagram, Twitter e até mesmo no Youtube. Até aí nenhuma grande novidade, é normal algumas destas sensações ou mesmo todas elas no nosso dia-a-dia.

A grande novidade ou diferencial trazido pelo documentário da Netflix é que ele reúne alguns dos desenvolvedores dessas mídias, cientistas da computação, uma psicóloga, uma psiquiatra e um especialista em investimentos para discutir sobre o tema. Com esse material, o diretor Jeff Orlowski faz um trabalho incrível organizando essas ideias e costurando a discussão com uma ficção ilustrativa que conta a história de uma família comum e sua relação com as mídias sociais.

Se por um lado é cômodo e prático ter à sua disposição um conteúdo com assuntos do seu interesse e anúncios de coisas pelas quais você realmente está buscando, por outro lado, perder o controle e a chance de escolha do conteúdo que você vai ver tem suas consequências. Os algoritmos são uma sequência de tarefas, uma sequência de raciocínios, instruções ou operações para alcançar um objetivo. Neste contexto, eles são desenvolvidos para capturar e tratar um grande número de dados gerando modelos computacionais que predizem o seu comportamento por meio do aprendizado de máquina. O que chamamos de inteligência artificial, e nos assombrava com uma possível rebelião das máquinas em “O exterminador do futuro”, já começou! E não carrega armas de fogo ou bombas. Está presente no nosso cotidiano, acessa nossos smartphones, notebooks, tablets e computadores, sabe muito sobre nós, influencia nossas escolhas e até mesmo o nosso voto.

Quando acessamos essas mídias, não pagamos nada por elas (além do plano de internet, que já é uma facada!), quem paga para manter essas redes no ar são os anunciantes, é assim que o Mark Zuckerberg acumula seus bilhões de dólares. Então, como bem sabemos, não existe almoço grátis! O que é oferecido para os anunciantes é você! São os seus dados e informações que estão sendo negociados. Quanto mais tempo passamos nas redes sociais e mais engajados estamos com os conteúdos, mais anúncios consumimos e maior é o lucro dessas companhias. Não é à toa que somos chamados de usuários das redes sociais, ela é pensada e desenvolvida para nos escravizar emocionalmente, criando uma dependência com mecanismos de persuasão e aprendizado de máquina extremamente sofisticados.

Um outro problema, decorrente do uso das redes sociais, é que esse conteúdo cada vez mais especializado, está nos separando ainda mais em grupos que não dialogam, tornando a sociedade cada vez mais polarizada. Somado a isso as fake news, o obscurantismo, a era da pós-verdade e a autoverdade comprometeram o diálogo, criando um grande abismo social.

O documentário destaca também que no Twitter as fake news (notícias falsas) tem uma taxa de divulgação seis vezes mais rápida que as notícias comuns. Provavelmente porque tem apelo emocional, são alarmantes, e algumas vezes geram identificação em quem as lê. E mesmo que não tenham muito sentido, são passadas adiante pelos mais desavisados. Daí a prática fundamental de verificar a veracidade antes de passar uma informação adiante. Existem sites especializados nesta checagem, mas de maneira geral uma busca no Google trará mais informações sobre o assunto e você pode avaliar se realmente é real ou não. Na dúvida não compartilhe.

As redes sociais não possuem ferramentas próprias de regulamentação para separar notícias verdadeiras das mentirosas e assim a farsa rola solta e cresce livremente nessas mídias. Recentemente o Facebook teve uma iniciativa neste sentido, mas ainda é pouco eficiente para conter a disseminação de fake news. E por isso nosso trabalho de divulgação científica se faz tão importante nesse momento. A imparcialidade nem sempre é possível, algumas vezes vocês verão nossa opinião pessoal deslizar pelas linhas. No entanto, existe uma imensa diferença entre ter um posicionamento e aceitar ou disseminar informações que não representam a realidade. Garantimos e reafirmamos nosso compromisso com a verdade e a divulgação científica. Usamos esse espaço para divulgar como o mundo funciona e como as ciências permeiam tudo isso, sem justificar com crenças, senso comum ou mitos.

Veja! A forma como nos comunicamos também é por meio das mídias sociais e depende totalmente da internet. Também usamos a internet para estudar, conversar com amigos, serviços de delivery, compras e transporte e trabalho. Portanto, é importante entender os benefícios do mundo digital, mas também é preciso estar ciente das armadilhas. Um dos participantes do documentário sugere que nossa única opção é abandonar totalmente o uso das mídias sociais e com isso cobrar que leis de proteção de dados mais rígidas sejam utilizadas. Outros sugerem alguns outros cuidados, como excluir as notificações e evitar excessos. Na sua opinião qual é o melhor caminho para a nossa sociedade? Deixe nos comentários.

Fonte:

Fonte da imagem destacada: Reprodução/Netflix

Para saber mais:

https://en.wikipedia.org/wiki/The_Social_Dilemma

https://jornal.usp.br/radio-usp/o-documentario-o-dilema-das-redes-mostra-que-a-democracia-esta-em-risco/

https://www.tecmundo.com.br/cultura-geek/204732-facebook-responde-criticas-recebidas-dilema-redes.htm

https://www.tecmundo.com.br/programacao/2082-o-que-e-algoritmo-.htm

https://catracalivre.com.br/entretenimento/o-dilema-das-redes-5-motivos-para-voce-nao-assistir-ao-doc-da-netflix/

Outros divulgadores:

Vídeo YouTube, Face, Twitter. O dilema das redes sociais | Galãs Feios do canal Galãs Feios no YouTube

Vídeo @Henry Bugalho: “Redes sociais são os motores da polarização no Brasil” do canal MOV no YouTube

Vídeo ABRIRAM O ESGOTO: OLAVO DE CARVALHO, BOLSONARO E O DILEMA DAS REDES do canal Henry Bugalho no YouTube

Vídeo 10 RAZÕES PARA DELETAR SUAS REDES SOCIAIS #meteoro.doc no canal Meteoro Brasil no YouTube

Vídeo Como o Facebook manipula os seus sentimentos no canal Atila Iamarino no YouTube

Compartilhe:

3 thoughts on “Resenha – O dilema das redes (V.3, N.10, P.1, 2020)

Leave a Reply

Your email address will not be published.Required fields are marked *