(Português do Brasil) Sódio na água mineral (V.7, N.3, P.1, 2024)

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#acessibilidade: Foto em alta resolução de tons azulados e foco fechado na boca de um copo de vidro recebendo água de uma garrafa plástica.

Texto escrito por Ednilsom Orestes

Num almoço com grandes amigos, um deles me apresentou sua máquina de gaseificar água, um aparelho que adiciona gás carbônico (CO2) à água mineral natural sem gás. Eu não conhecia o aparelho então perguntei se havia vantagem, principalmente financeira, sobre comprar água gaseificada industrialmente, já que o processo caseiro requer o reabastecimento do cilindro com gás carbônico de tempos em tempos. Ele me respondeu que sim e ainda ressaltou a vantagem de reduzir o consumo de sódio (Na) gaseificando água mineral em casa. Naquele momento, sinalizei que compreendi, mas, a questão do sódio ficou na minha cabeça e 3 perguntas surgiram:

  • A água mineral com gás tem mais sódio que a água mineral sem gás?

A resposta é não. A gaseificação consiste na adição de gás carbônico (CO2) à água mineral e não afeta sua composição química que, por sua vez, está depende da constituição geológica do local de onde é extraída. Ou seja, a quantidade de sódio, e de qualquer outra substância presente na água mineral, varia entre os fabricantes porque cada empresa faz a extração em um local diferente. Por isso, a composição das águas minerais com e sem gás devem ser idênticas desde que sejam do mesmo fabricante. Por outro lado, a diferença de composição química da água entre os fabricantes pode ser grande, pois, elementos como flúor, lítio e vanádio, por exemplo, podem estar presentes em algumas marcas de água e ausentes em outras devido às características do aquífero de onde foi extraída. Se é assim:

  • Existe diferença entre a água gaseificada na indústria e a água gaseificada em casa?

A resposta correta é não. A gaseificação caseira da água mineral de um dado fabricante resulta na mesma água mineral com gás que é produzida por este mesmo fabricante. Ou seja, o processo caseiro é idêntico ao industrial e, portanto, a gaseificação caseira apenas retira da indústria uma das etapas de produção de água mineral com gás. Além da possível vantagem financeira que depende de fatores como a disponibilidade de pontos de recarga de gás carbônico e o nível de consumo, outras podem estar presentes. Perceba que o processo caseiro possibilita a gaseificação de água de qualquer fabricante. Com isso, o consumidor pode, por exemplo, gaseificar uma água mineral cuja versão com gás não é produzida ou não está disponível no ponto de venda. Mais além, do ponto de vista ambiental, o consumidor que tem o aparelho para gaseificar água em casa pode optar por galões retornáveis de 20 L ao invés de consumir um sem-número de garrafas plásticas de água mineral (1,5 a 2,0 L cada) que, apesar de recicláveis, são descartáveis. Por fim:   

  • Devemos nos preocupar com a quantidade de sódio na água mineral?

A resposta também é não. Sabemos que, em quantidades adequadas, o sódio tem um papel fundamental no nosso corpo evitando a desidratação, participando das contrações musculares e dos impulsos nervosos que permitem, por exemplo, o bom funcionamento do cérebro e do coração. Mas, também é verdade que o consumo excessivo de sódio é prejudicial à saúde estando associado à hipertensão e outras doenças cardiovasculares. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o consumo máximo de cerca de 2 g (2000 mg) de sódio por dia e a maioria das águas minerais comercializadas no Brasil possuem menos de 50 mg de sódio por litro. Portanto, a ingestão de 2 L de água por dia resultará na ingestão de menos de 100 mg de sódio, que é menos de 5% da quantidade total diária de sódio recomentada pela OMS. Ou seja, para ingerir 2 g de sódio consumindo somente água mineral seria necessário beber mais de 40 L num único dia. Por outro lado, uma simples pitada de sal de cozinha, cerca de 0,4 g de NaCl, contém 150 mg de sódio. Assim, se existe o desejo ou a necessidade de reduzir o consumo de sódio, devemos nos preocupar, principalmente, com os alimentos que ingerimos. A lista de campeões com maior quantidade de sódio inclui carnes processadas como presunto e salsicha; peixes em conserva como atum e sardinha; queijos do tipo parmesão e gorgonzola; temperos prontos como ketchup; alimentos ultraprocessados e fastfoods. Até mesmo bolachas e biscoitos, tanto salgados quanto doces, podem conter quantidades significativas de sódio.

Ah, o prato principal do almoço foi macarrão à carbonara com queijo parmesão e a sobremesa foi mousse de chocolate com caramelo e flor de sal. Bebemos muita água durante a tarde.

 

Fontes:

Código de Águas Minerais – CAM (Decreto-Lei nº 7.841/1945).

A diferença entre água mineral natural com gás e água com gás natural. Água Santa Rita. Disponível em:  https://www.aguasantarita.com.br/post/agua-mineral-natural-com-gas-e-agua-com-gas-natural.

Água é tudo igual? (V.4, N.1, P.3, 2021) (ufabc.edu.br)

A Polêmica Do Sódio Na Água Mineral – Especializada em tratamento de água e efluentes. Revista TAE. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241504836.

Como se produz a água com gás? Água Mineral Treze Tilias. Disponível em: https://aguamineraltrezetilias.com.br/cultura-e-curiosidades/como-se-produz-a-agua-com-gas/.

Guideline: sodium intake for adults and children. Who.int. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789241504836

 

Para saber mais:

O que é água alcalina? (V.1, N.6, P.2, 2018) (ufabc.edu.br)

Processo de Captação e Envase da Água Mineral – Ambientebrasil – Ambientes. Disponivel em: https://ambientes.ambientebrasil.com.br/agua/artigos_agua_mineral/processo_de_captacao_e_envase_da_agua_mineral.html.

 

 

Outros divulgadores:

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