Por que fofocamos? (V.5, N.7, P.1, 2022)

Facebook Twitter Instagram YouTube Spotify
Tempo de leitura: 3 minutos
#acessibilidade: duas crianças, a da direita de lado, tapando a boca com a mão enquanto fala no ouvido da que está na esquerda, que está com a boca aberta fascinada. 

“Nem te conto”

É só uma conversa começar assim que nossa atenção é roubada de qualquer atividade que fazemos. Apesar de ser considerado algo ruim, a fofoca está presente em muitas  sociedades humanas e faz parte do cotidiano de muitas pessoas, sendo identificada desde a pré-história.

A definição do que pode ou não ser fofoca varia muito. Alguns poderiam concordar que mesmo as explicações de “Nelly” Dean, que nos conduzem durante todo o enredo de “O morro dos ventos uivantes”, de Emile Brontë, seriam fofocas, mas a maioria de nós acaba as associando sempre a algo ruim. E parece que não é por acaso “porque vocês não sabem da última”.

Um estudo de pesquisadores da Universidade de Northeastern, em 2011, avaliou se voluntários passariam mais tempo olhando para a foto de uma pessoa após terem sido notificadas de alguma informação boa, neutra ou ruim sobre ela. No experimento, eram mostradas duas fotos, uma diferente para cada um dos olhos dos participantes, ao mesmo tempo, de forma que seu encéfalo precisava decidir em qual das imagens focar. Baseando-se na fala dos voluntários, os pesquisadores determinaram que os rostos das pessoas que tinham sido relacionadas com eventos ruins, anteriormente ao experimento, recebiam mais atenção se comparado àqueles que tinham sido apresentados por meio de uma informação boa ou neutra.

Lisa Barrett, uma das pesquisadoras, interpreta os resultados como sendo um indício de que os seres humanos tendem a escolher se relacionar com aquelas pessoas que não lhe causarão dano. Ao ser relacionado com uma atitude negativa, nosso cérebro daria mais atenção à pessoa para que se possa evitar os riscos associados à ela.

Desta forma, a fofoca, assim como a narração, teria como função ser uma forma de experienciar diversas situações sem de fato vivenciá-las, podendo aprender algo por meio da vida dos demais. Outros estudos, apesar de escassos, mostram um aumento de oxitocina no cérebro no momento da fofoca. Essa substância é associada a interações sociais e ao bem estar que algumas delas podem trazer, o que reforça seu papel na socialização humana e explica a satisfação que podemos sentir.

O que achou deste estudo? Um “babado”, não é?

Fontes:

Fonte da imagem destacada: pixbay.com (atribuição não requerida)

DE AGUIAR, Thaís Oliveira et al. Reações cerebrais e manifestações sociais da fofoca. Bionorte, v. 10, n. S2, 2021.

PENG, Xiaozhe et al. The ugly truth: negative gossip about celebrities and positive gossip about self entertain people in different ways. Social neuroscience, v. 10, n. 3, p. 320-336, 2015.

Northeastern Researchers Study Gossip – Library News

Outras publicações:

De onde vem o hábito humano de fofocar? – BBC News Brasil  (texto)

Lisa Feldman Barrett on gossip – YouTube (vídeo)

Is Gossip… Good? | Otherwords (feat. @Be Smart) – YouTube (vídeo)

O Morro dos Ventos Uivantes é realmente uma história de amor? – Valkirias (texto)

Compartilhe:

Responder

Seu endereço de e-mail não será publicado.Campos obrigatórios estão marcados *