(Português do Brasil) O Roubo da Medalha Fields (V.1, N.3, P.7, 2018)

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#acessibilidade Medalha Fields, feita em ouro 14 quilates. 63,5 mm de diâmetro e valor aproximado de 5500 dólares Canadenses. Na frente se vê o rosto de Arquimedes e a frase em latim “Transire suum pectus mundoque potiri” e atrás a frase “Congregati ex toto orbe mathematici ob scripta insignia tribuere”.

Nos últimos anos tornou-se comum nos referirmos a situações e ações inusitadas que parecem só ocorrer em nosso amado pais como: jabuticaba. E assim, mais uma jabuticaba nasceu no último dia 01 de agosto na cidade do Rio de Janeiro quando foi roubada a Medalha Fields dada a um matemático iraniano durante o Congresso Internacional de Matemáticos.

Apesar do absurdo que o próprio fato traz consigo, muitos desconhecem qual a importância da Medalha Fields.

Lembremos que na ciência, assim como em diversos outros ramos da nossa sociedade, buscamos premiar e assim reconhecer as pessoas que se destacam em suas criações e ações. A homenagem mais conhecida na ciência é o Prêmio Nobel que anualmente concede a homenagem a pessoas que realizaram pesquisas, descobertas ou contribuições notáveis para a humanidade nas áreas de Física, Química, Fisiologia ou Medicina, Literatura, Economia e Paz. O que muitos desconhecem é que descobertas no ramo da Matemática não faz parte desse rol de premiações, apesar disso devemos reconhecer que sem o pensamento matemático o desenvolvimento da ciência em si seria no mínimo dificultado.

A Medalha Fields é muitas vezes referenciada como “Nobel da Matemática”, porém os critérios de premiação e frequência são muito mais restritivos do que aqueles praticados pela Academia Real das Ciências da Suécia (responsável pelo Nobel).

A Medalha Fields é concedida durante o Congresso Internacional de Matemáticos a cada quatro anos a, no máximo, quatro matemáticos com idade inferior a 40 anos. O fato de premiarem apenas cientistas jovens dá a dimensão da dificuldade de ser escolhido para receber esse prêmio.

Neste quadriênio a comenda foi entregue a 4 jovens matemáticos que entrarão para o panteão dos laureados por seus trabalhos. São eles:

Peter Scholze, de apenas 30 anos, professor na Universidade de Bonn, na Alemanha, e diretor do Instituto Max-Planck de Matemática na mesma cidade, e que aos 22 se tornou famoso ao obter o titulo de doutor ao encontrar uma maneira de encurtar drasticamente uma prova matemática extremamente complexa e longa.

Akshay Venkatesh, indiano de 36 anos. Aos 11 já se destacava por ter conquistado a medalha de bronze na Olimpíada Internacional de Física, e aos 12 outra medalha de Bronze só que agora na Olimpíada Internacional de Matemática. Aos 13, muda-se para Austrália para cursar o bacharelado de Matemática o qual completou em apenas 3 anos. Obteve seu titulo de doutor pela Universidade de Princenton (EUA) aos 21 anos. Ele é um dos poucos matemáticos que fizeram progressos substanciais em uma questão formulada pelo matemático Carl Friedrich Gauss ainda no século XIX. Hoje, Akshay Venkatesh, serve ao Instituto para Estudos Avançando em Princeton, Nova Jersey (EUA).

Alessio Figalli, italiano de 34 anos. Quando comparado com os outros três medalhistas podemos dizer que ele trabalha em uma área mais próxima do mundo real: o transporte ideal, que busca as formas mais eficientes de distribuir mercadorias em uma rede complexa. Figalli, atualmente trabalha no Instituto Federal de Tecnologia da Suíça, em Zurique.

E por fim, Caucher Birkar, 40 anos, curdo de origem iraniana, ficou conhecido não só pelo prêmio recebido, mas também pelo roubo de sua medalha logo após a premiação. A situação sui generis até o momento não foi solucionada, porém foi consertada ao ressarcir o matemático com uma nova medalha dias depois do ocorrido.

De origem humilde, com pais agricultores, o furto de sua medalha é mais um capítulo em sua vida. Depois de estudar na Universidade de Teerã, em 2000 Birkar mudou-se para o Reino Unido, onde obteve o status de refugiado. Hoje é pesquisador da Universidade de Cambridge. Após a imigração para o Reino Unido, ele mudou seu nome para Caucher Birkar, que significa “matemático migrante” em curdo.

Curiosidades: O Brasil teve um laureado em 2014 com a Medalha Fields. Artur Ávila, pesquisador no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Brasil).

Maryam Mirzakhani, vencedora em 2014, continua até hoje sendo a única mulher a receber o prêmio. (Mirzakhani morreu de câncer em 2017.)

Fontes:

Fonte da imagem destacada: By Stefan Zachow of the International Mathematical Union; retouched by King of Hearts (File Front.tif) [Public domain], via Wikimedia Commons e By Stefan Zachow of the International Mathematical Union; retouched by King of Hearts (File Back.tif) [Public domain], via Wikimedia Commons

Para saber mais:

Revista Piaui: http://piaui.folha.uol.com.br/materia/honraria-escassa/

Site Oficial: https://www.mathunion.org/imu-awards/fields-medal

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