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#acessibilidade: Ilustração majoritariamente amarela de um veículo, como um carro, conectado a duas asas com turbinas em suas pontas.
Texto escrito pela colaboradora Lívia Souza
Durante décadas, a ideia de carros voadores existiu no imaginário popular como algo distante, restrito aos filmes de ficção científica. Mas esse futuro está mais próximo do que parece, os eVTOLs (Electric vertical take-off and landing), estão deixando de ser uma ideia e já estão em fase de preparação para sobrevoar as grandes cidades do mundo, inclusive do Brasil.
O que são exatamente os eVTOLs?
Apesar de frequentemente chamados de “carros voadores”, essas aeronaves não são exatamente “carros” como tido no conceito popular, nem poderão ser pilotadas comercialmente por qualquer um, inicialmente será necessário possuir brevê de piloto. No entanto, essas aeronaves irão revolucionar a mobilidade urbana, em especial em centros urbanos congestionados, oferecendo uma alternativa mais rápida, silenciosa e sustentável.
A sigla eVTOL vem do inglês que significa “pouso e decolagem vertical à base de eletricidade”. Isso significa que essas aeronaves conseguem subir e descer em pequenos espaços, assim como um helicóptero, mas com diferenças, pois possuem fonte de energia limpa, são elétricas, movidas a bateria e possuem baixo nível de ruído.
O que difere então o eVTOL de um helicóptero?
Para trajetos curtos, tipo de operação que o eVTOL priorizará, já existem helicópteros. Mas os helicópteros são barulhentos, poluentes e caros. Os eVTOLs surgem como uma alternativa mais acessível e eficiente.
Uma das características do eVTOL é ter baixo nível de ruído, enquanto um eVTOL produz 45 dB, equivalente ao som de um chuvisco, um helicóptero produz 100 dB, o equivalente ao som de uma motosserra, nível que pode provocar danos à audição.
Além disso, a fonte de energia dos eVTOLs é uma fonte de energia limpa, sendo movidos a bateria, diferentemente de helicópteros que são movidos com motor a combustão de querosene.
A expectativa é que viajar com um eVTOL custe inicialmente entre US$ 50 a US$ 100. Esse valor para o Brasil ainda é alto, mas com o aumento de demanda e otimização das rotas, acredita-se que os preços devam cair, tornando o serviço mais acessível do que os helicópteros tradicionais.
Desafios
Ainda há muitos obstáculos a serem superados. Um dos principais é a autonomia das baterias. Um eVTOL precisa de baterias de altíssima voltagem, o que torna a recarga mais demorada e exige soluções tecnológicas ainda em desenvolvimento. Para ser viável comercialmente, a aeronave precisa passar o dia todo voando, o que exige baterias duráveis e recargas rápidas.
Outro desafio é infraestrutura, será necessário construir ou adaptar pontos de decolagem e pouso, os denominados vertiportos, com sistemas de recarga e integração com outros modais de transporte.
Além disso, com o aumento da movimentação de aeronaves, o controle do espaço aéreo urbano precisará ser reestruturado, introduzindo uma maior automação. No Brasil, essa responsabilidade é do DECEA (Departamento de Conrole do Espaço Aéreo), que está ligado à Força Aérea Brasileira. Atualmente, o órgão elaborou uma concepção operacional para a Mobilidade Aérea Urbana (UAM) e publicou a Diretriz do Comando da Aeronáutica 351-7, que prevê uma implementação gradual. Inicialmente o controle aéreo será realizado aproveitando a estrutura já existente para helicópteros e, à medida que a tecnologia evoluir e a demanda crescer, novas soluções de gerenciamento e infraestrutura serão introduzidas para um nível de automação maior.
Perspectivas futuras
Apesar dos desafios, o Brasil está bem posicionado nesse desenvolvimento. A Embraer, por meio da Eve Air Mobility, e o interesse de empresas como Gol, Azul, Helisul e Flapper mostram que o país tem potencial para liderar nesse novo mercado.
A Eve, por exemplo, já recebeu cerca de 2800 pedidos de sua aeronave e projeta iniciar operações comerciais em 2027. A Gol e a Azul também anunciaram parcerias com fabricantes internacionais para integrar eVTOLs às suas frotas.
Com o avanço da tecnologia e a criação de regulamentações específicas, os eVTOLs têm potencial para transformar a mobilidade urbana. No entanto, a consolidação desse modal dependerá não apenas de avanços regulatórios, mas também da superação de desafios ambientais, como a produção e o descarte de baterias, além de questões relacionadas à infraestrutura e à segurança operacional.
Assim, superados esses obstáculos, o que antes era apenas ficção científica poderá, de fato, se tornar parte da rotina das grandes cidades.
Fontes:
https://super.abril.com.br/carbono-zero/evtols-a-real-sobre-os-carros-voadores/
Revista Brasileira de Aviação Civil & Ciências Aeronáuticas. v.3, n.3 (2023). Acesso: https://rbac.cia.emnuvens.com.br/revista/article/view/1507
Para saber mais:
Webinário BHEST sobre os desafios da implementação do eVTOL: https://www.youtube.com/watch?v=63v4a7ArnSY
EVE AIR MOBILITY: https://www.eveairmobility.com/#s4
O futuro da aviação: Embraer aposta em projeto de ‘carros voadores’ com a EVE https://www.youtube.com/watch?v=UBQ90zIwrvI
