Amazônia: fatos e curiosidades (V.3, N.9, P.1, 2020)

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Tempo de leitura: 4 minutos
#acessibilidade Foto acima da linha das árvores da Floresta Amazônica onde se pode ver muitas árvores e o céu azul com nuvens.

Texto escrito pelo colaborador Célio Fernando Figueiredo Angolini do Ciencion

Não é uma tarefa fácil falar de algo tão complexo e tão debatido com diferentes pontos de vista e opiniões. Primeiro, porque a Amazônia é incrível, concordam? Conseguiria ficar falando horas sobre ela sem perceber o tempo passar. Fato este que é também o motivo de sua ruína, pois muitos a veem unicamente como uma fonte de recursos. Começarei está história relatando brevemente “minhas aventuras” nesse lugar impressionante e depois algumas curiosidades sobre a Amazônia que talvez você leitor ainda não conheça.

Estive em Manaus em agosto de 2019, isso mesmo, bem na época das queimadas e do famigerado “Dia do Fogo”. Manaus é uma capital não muito diferente de outras tantas, tem regiões bem urbanizadas e até um pequeno trecho de floresta no meio da cidade, dentro do campus da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Uma cidade também com grandes diferenças sociais que pude perceber quando fui à reserva Adolpho Ducke e atravessei toda a cidade, infelizmente algo ainda muito comum pelo Brasil afora. Mas fiquei muito impressionado com a cidade e com as universidades UEA e UFAM. Existem também diversos pontos históricos e turísticos como o Mercadão, o Teatro Amazonas, o encontro das águas entre outros; mas o que mais me impressionou foi a floresta em si. Para realizar meus trabalhos, motivo de minha viagem, fizemos coleta de solo e material vegetal de onde isolaríamos microrganismos e foi quando tive oportunidade de ir realmente no interior da floresta; foi ainda mais apaixonante. Tudo que você olhava, tocava ou respirava te dava a sensação da vida em movimento. Acredite ou não até um jacaré encontrei no meio da mata, está ali na foto, só olhar com atenção. Mesmo sem conhecer muita coisa sobre a floresta, estando ali é possível entender e presenciar a importância de sua preservação. Mas experiências à parte, hoje vim falar sobre duas curiosidades da floresta que talvez você não sabia. (Quer ouvir mais sobre a floresta e a experiência ouça o podcast “o valor da Amazônia” em Ciencion.com)

jacare - Amazônia: fatos e curiosidades (V.3, N.9, P.1, 2020)

#acessibilidade Foto das costas de um jacaré com o resto do corpo submerso. Há bastante água barrenta, lama e folhas caídas por todo lado.

Vocês sabiam que existe uma região no continente africano estreitamente ligada à Floresta Amazônica? Pois é, como um lugar a mais de 5 mil km de distância e um oceano de separação podem interagir entre si? Este lugar é o deserto do Saara, muitos devem já ter ouvido sobre os “rios voadores” da Amazônia, massas enormes de água que se formam nas regiões tropicais e são responsáveis pelas chuvas de grande parte do continente sul americano. Mas o que muita gente não sabe é que parte dessa chuva, em especial a que cai sobre a floresta, se inicia pela poeira transportada do Saara até ali. Essa poeira serve como núcleos de condensação, responsáveis pela condensação e queda do vapor de água, além de trazer toneladas de nutrientes para a floresta, como o fósforo. Segundo a Nasa cerca de 182 milhões de toneladas de poeira vêm do Saara para a América do Sul anualmente, o que dá aproximadamente 690 mil caminhões de areia. Este sistema é importante não só para a manutenção da floresta, como também auxilia na regulação do clima. Incrível, não?

Outro fato bastante curioso, você sabia que a Amazônia tem seu próprio recife? Descoberto há uns cinco anos, gerou muita controvérsia, pois acreditava-se que as águas barrentas do rio em sua foz não permitiriam que a luz (essencial para um recife de corais) chegasse ao leito oceânico. Mas diversos estudos mostraram o contrário — e de fato o recife está lá — o “Grande Sistema de Recifes do Amazonas” (GARS, em inglês) ocupa uma área de aproximadamente 56 mil km2 na foz do Rio Amazonas; do Oiapoque ao São Luiz. Uma fonte enorme de biodiversidade marinha, mas apenas 5% explorada. Semelhante à Grande Barreira de Corais da Austrália, trata-se de uma grande rede de ambientes recifais que se conectam ecologicamente, formando um “corredor de biodiversidade” entre o Mar do Caribe e o Atlântico Sul.

De fato, a região amazônica é um lugar interessantíssimo, pouco estudado e que devemos proteger, pois ações humanas sem o devido controle que visam um lucro imediatista e muitas vezes egoísta podem devastar o ecossistema muito antes que possamos entendê-lo e utilizá-lo em seu total potencial; sem degradá-lo.

Fontes:

Prefeitura de Manaus, brasil http://www.manaus.am.gov.br/cidade/historia/

O que são os ‘rios voadores’ que distribuem a água da Amazônia, BBC Brasil https://www.bbc.com/portuguese/brasil-41118902 acessado em: 03/2020

Como o deserto do Saara participa do regime de chuvas da Amazônia, a 5 mil km de distância, BBC Brasil https://www.bbc.com/portuguese/internacional-43360970 acessado em 03/2020

Cientistas garantem: recifes da Amazônia existem, e estão vivos, Jornal USP https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-biologicas/cientistas-garantem-recifes-da-amazonia-existem-e-estao-vivos/

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