Prêmio Nobel em Medicina 2018 – Imunologia e Câncer (V.1, N.5, P.5, 2018)

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Tempo de leitura: 3 minutos
#acessibilidade À esquerda foto de James P Alisson, imunologista estadunidense caucasiano de 70 anos, cabelos grisalhos e óculos. À direita Tasuku Honjo, imunologista japonês de 76 anos e cabelos grisalhos.

Texto escrito pela colaboradora Daniele Araújo

“O papel do sistema imunológico no combate ao câncer e as novas terapias farmacológicas”

O combate ao câncer tem sido objeto de estudo há muitos anos. Novas terapias, efeitos de novos tratamentos e os mecanismos de proliferação celular fazem parte dos esforços de muitos pesquisadores associando os conhecimentos da pesquisa básica e clínica.

Em outubro de 2018, os pesquisadores James Alisson (Universidade do Texas, EUA) e Tasuku Honjo (Universidade de Kyoto, Japão) foram nomeados vencedores do Prêmio Nobel de Medicina, contribuindo de forma essencial para o entendimento da função do sistema imunológico no combate às células tumorais.

Alisson e Honjo desenvolveram suas pesquisas desde a década de 90, elucidando alguns dos mecanismos que inibiam o reconhecimento de células tumorais pelas células imunes. Os estudos de ambos os pesquisadores, imunologistas básicos, forneceram as bases fundamentais para o tratamento imunológico de alguns tumores refratários a tratamentos convencionais. Embora a ideia de utilizar nosso sistema imunológico como ferramenta no combate ao câncer tenha surgido há anos atrás, diversos pesquisadores têm desenvolvido estratégias baseadas em vacinas, por exemplo. No entanto, a evolução do conhecimento e a eficácia desse tratamento dependia, essencialmente, do conhecimento sobre os mecanismos de ação do sistema imunológico. Nesse contexto, na década de 80, Alisson auxiliou na identificação de uma proteína receptora na superfície de células chamadas linfócitos T citotóxicos, denominada na época de antígeno 4 ou CTLA-4. Esse receptor tem por função inibir a atividade dessas células. A grande ideia veio da tentativa de bloquear a atividade desse receptor e avaliar se essa estratégia facilitaria a ação de linfócitos T na produção de anticorpos contra células tumorais. Assim, em 1999, surgiu o primeiro anticorpo produzido com esse objetivo (tremelimumab), para tratar melanoma. Ao mesmo tempo que Alisson, Honjo investiu na investigação de um tipo de proteína (PD-1) responsável pela morte programada de células, o que mais tarde, resultou na síntese de moléculas bloqueadoras de PD-1 (durvalumabe), hoje utilizadas no tratamento de câncer de pulmão, rins e bexiga.

De fato, os relatos desses dois imunologistas mostram a contribuição efetiva da ciência básica em um campo ainda não explorado. Tal descoberta resultou na criação de tratamentos não convencionais. Embora enfrentando certa resistência comparados à aplicação de tratamentos cirúrgicos, por radio ou quimioterapia, a terapia combinada de inibidores CTLA4 e PD-1 ressalta a importância de mecanismos fisiológicos no tratamento de uma das patologias mais estudadas do nosso século.

Fontes:

Fonte da imagem destacada: By Gerbil [CC BY-SA 3.0 ], from Wikimedia Commons e By Divisão de Recursos Humanos da Secretaria do Ministro (Entrevista de Medalha da 20ª Organização da Heisei: MEXT) [CC BY 4.0 ], via Wikimedia Commons

Para saber mais:

Kaiser J, Couzin-Frankel J. Cancer immunotherapy sweeps Nobel for medicine. Science. 2018 Oct 5;362(6410):13.

Ledford H, Else H, Warren M. Cancer immunologists scoop medicine Nobel prize. Nature. 2018 Oct;562(7725):20-21.

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