(Português do Brasil) O Brasil nunca ganhou o Nobel, mas… (V.1, N.5, P.10, 2018)

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#acessibilidade Medalha do prêmio Nobel, com o nome e rosto Alfred Nobel de perfil.

Caro leitor, como você deve saber, o Brasil nunca foi premiado com um Nobel não é mesmo? Mas nós temos algumas boas histórias em torno deste prêmio, neste texto quero te apresentar duas delas.

Em primeiro lugar a história de Cesare Mansueto Giulio Lattes, mais conhecido como César Lattes. Este cientista brasileiro nascido em Curitiba no dia 11 de julho de 1924 era físico e matemático formado pela Universidade de São Paulo (USP) e foi o cidadão brasileiro que mais chegou próximo de ser premiado com o Nobel. César trabalhava com uma área que conhecemos como física de partículas que se interessa em descobrir como a matéria é formada na sua estrutura mais simples.

Lattes contribui para a descoberta experimental de uma nova partícula, conhecida como méson-pi. Ele trabalhou junto com o Cecil Frank Powell que foi premiado em 1950 pela descoberta desta partícula. No ano anterior Hideki Yukawa já havia sido premiado pela academia, pois décadas antes havia previsto a existência teórica do méson-pi, uma subpartícula que está presente nos núcleos dos átomos.

Além de uma importância ímpar para a física mundial, Lattes teve uma importância maior ainda para a ciência brasileira. Ele foi um dos co-fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas em Física (CBPF) quando ainda tinha 23 anos. O CBPF esteve diretamente relacionado com a criação do Centro Nacional de Pesquisa (CNPq) que é hoje um dos maiores órgãos financiadores de pesquisa do Brasil. O CNPq construiu uma plataforma online que serve para os pesquisadores brasileiros se conectarem e apresentarem seus trabalhos. Essa plataforma leva o nome de Plataforma Lattes… Incrível como esse curitibano fez história não é mesmo?

Outra curiosidade é que ele foi professor e pesquisador na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), onde trabalhou diretamente com Gleb Wataghin, físico russo que veio para o Brasil e teve muita relevância histórica, sendo responsável por juntar um grupo de físicos muito talentosos que inauguraram o Instituto de Física da UNICAMP, instituto este que até hoje se chama Instituto de Física Gleb Wataghin.

A segunda história que eu gostaria de contar é sobre Peter Brian Medawar. Provavelmente você nunca ouviu falar neste nome, mas Medawar foi phD em biologia pela Universidade de Oxford.

Ele fazia pesquisa na área de zoologia e fez experimentos com ratos que ajudaram na criação de soros antilinfocitários, trabalho este que ajudou significativamente os estudos de rejeição de órgãos transplantados. Por estes estudos Medawar foi premiado com o Nobel de Medicina e Fisiologia em 1960. E você imagina porque estamos falando dele? Bom, Medawar nasceu no Brasil em 1915 na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro. Ele era filho de mãe britânica e por isso foi ainda jovem para o Reino Unido onde se naturalizou e fez toda a sua formação acadêmica. Medawar nunca teve relações próximas com o Brasil apesar de nascer em solo brasileiro.

Mais uma vez por pouco que o Brasil não ganha um Nobel. Essas foram duas vezes que o nosso país quase recebe um dos prêmios mais importantes de ciência mundial. Gostou da história?

Fontes:

Fonte da imagem destacada: Internet.

https://www.canalciencia.ibict.br/ciencia-brasileira-3/notaveis/287-cesar-lattes

Asimov’s Biographical Encyclopedia of Science and Technology – Livro

https://super.abril.com.br/ciencia/quando-vamos-ganhar-um-nobel/

“Físicos, mésons e política: a dinâmica da ciência na sociedade” – Revista Brasileira de Ensino de Física, v. 29, n. 3, p. 307-308, (2007)

Para saber mais:

Asimov’s Biographical Encyclopedia of Science and Technology – Livro com várias biografias de cientistas notórios

https://www.gov.br/mcti/pt-br/rede-mcti/cbpf/o-cbpf

http://lattes.cnpq.br/

Outros divulgadores:

Vídeo do canal Olá, Ciência! sobre César Lattes e a descoberta do méson no YouTube

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