Paradoxo de Fermi: onde estão os outros? (V.4, N.7, P.3, 2021)

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Tempo de leitura: 5 minutos
#acessibilidade Aglomerado de Galáxias ACO S 295 com outras galáxias e estrelas ao fundo.

Você se lembra quando ouviu sobre seres extraterrestres pela primeira vez? Talvez tenha parecido um pouco assustador, principalmente se você era uma criança medrosa (como eu era). Mas o que soa mais assustador: a existência de seres vivos fora do planeta Terra ou o fato de que nós, que aqui habitamos, podemos ser os únicos na imensidão do universo?

Sei que, quando você olha para o céu, tem a sensação de que somos minúsculos comparados a ele — o que não é mentira —, mas somos muito menores quando comparados à Via Láctea e ainda menores se comparados à imensidão do Universo.

Durante a noite, se estivermos em um lugar afastado, sem poluição, sem nuvens e com o mínimo possível de luz vindo da Lua, conseguiremos enxergar aproximadamente 2.500 estrelas no céu, o que equivale a menos de 1% da nossa Galáxia. Existem aproximadamente 100 bilhões de galáxias no universo e, se isso não for um número grande o bastante para você, vou fazer uma comparação: um milhão de segundos corresponde a aproximadamente 12 dias; um bilhão de segundos corresponde a aproximadamente 32 anos. 100 bilhões de galáxias é um número incrivelmente grande, e eu não acho que preciso dizer que a quantidade de estrelas que cada uma dessas galáxias abriga também é gigantesca: para cada grão de areia na Terra, há aproximadamente 10 mil estrelas no universo.

Onde quero chegar com isso? É simples: no nosso sistema, temos uma única estrela, o Sol, e sem ele a vida não existiria. Se não fosse a força gravitacional do Sol, os planetas não estariam onde estão. Se não fosse pela energia solar, não teríamos a fotossíntese, não teríamos água líquida na superfície e não teríamos calor. Mas, dentre tantas estrelas no universo, quantas estrelas como o Sol existem? Eu te respondo: 500 quintilhões ou, agora que estamos familiarizados, 500 bilhões de bilhões de estrelas. Talvez o Sol não seja tão especial assim…
Tudo bem, você deve estar pensando nos planetas agora. Nosso planeta com certeza é especial, não existem bilhões de Terras por aí, certo? Na verdade, errado. Pode existir um planeta similar à Terra orbitando pelo menos 1% do total de estrelas do universo, o que nos dá aproximadamente 100 bilhões de bilhões de planetas.

Se pensarmos na idade do universo, das estrelas parecidas com o Sol e dos planetas parecidos com a Terra, ficamos ainda mais confusos: em todo esse tempo, em todos esses lugares, nenhuma civilização surgiu antes de nós? Realmente somos os primeiros e os únicos por aqui?

Existe uma classificação, chamada Escala Kardashev, que nos permite separar as civilizações em três tipos:

  • Tipo I: civilizações capazes de aproveitar toda a energia potencial de um planeta
  • Tipo II: civilizações capazes de extrair toda a energia de um estrela
  • Tipo III: civilizações capazes de aproveitar toda a energia de uma galáxia

Por enquanto, nossa civilização ainda não atingiu o primeiro estágio da Escala Kardashev, mas está quase lá. Sabendo que somos relativamente novos no universo, é compreensível imaginar que outras civilizações mais antigas tenham se desenvolvido e atingido o segundo e o terceiro estágio de desenvolvimento. Então onde estão todas essas civilizações? Por que ninguém entrou em contato com a gente? Bem-vindos ao Paradoxo de Fermi.

É um pouco difícil de entender a falta de evidências de outras civilizações — Enrico Fermi (1901-1974), que deu o nome ao paradoxo, também pensou assim. Fermi ainda dizia que, se alguma civilização tivesse se desenvolvido e conseguisse viajar com pelo menos 1% da velocidade da luz, nossa galáxia já poderia ter sido colonizada cerca de mil vezes. Mas, até agora, nada.

Existem algumas explicações possíveis para a falta de contato de outras civilizações, entre elas uma muito simples: não temos sinais de civilizações superiores porque elas não existem. Mesmo perante todos os números e todas as possibilidades, a explicação de que elas não existem é válida se pensarmos que algo pode estar acontecendo: esse “algo” seria o que conhecemos como o Grande Filtro.

A Teoria do Grande Filtro nos diz que existe algo entre o período de desenvolvimento das civilizações que impede que elas continuem se desenvolvendo, algo que impede que elas continuem vivas. Pensando nessa possibilidade, a questão que fica é: quando chegamos nesse Grande Filtro? Existem três possíveis respostas: ou já passamos por ele e somos raros, ou somos os primeiros a passar por ele e sobreviver, ou ele ainda não chegou — e estamos ferrados.

Mas não precisa se preocupar, existe uma outra explicação bem mais otimista: as civilizações do tipo II e III podem existir, mas não ouvimos falar sobre elas por motivos lógicos, como a possibilidade de que elas já tinham visitado a Terra antes de nós, humanos, estarmos aqui. O planeta Terra é jovem no universo, e a humanidade é mais jovem ainda, o que torna muito possível que as civilizações até tenham tentado falar com a gente, mas nós ainda não estávamos vivos. Podem até tê-la considerado praticamente inofensiva.

Além das possibilidades citadas, existem diversas outras possíveis soluções para o Paradoxo de Fermi que são discutidas por pessoas do mundo inteiro. Uma delas é a de que tudo que nós conhecemos está simplesmente errado, a forma como entendemos a vida e o universo não passa da ponta do iceberg do que realmente existe e toda essa discussão não está baseada em conceitos reais.

Quanto mais pensamos sobre o Paradoxo de Fermi, mais possibilidades encontramos e mais curiosos ficamos sobre a história e o funcionamento do universo — ainda que, junto dessas sensações, venham pequenas crises existenciais. Esse é um assunto que renderia horas de conversa, então, se você tiver algo para dizer, vamos adorar ler nos comentários! Mas seja rápido, antes que uma civilização dessas destrua a Terra para abrir caminho para uma importante via interplanetária!

Fontes:

Fonte da imagem destacada: NASA/ESA Hubble Space Telescope

É bem provável que não exista vida inteligente ao nosso redor – Revista Galileu | Espaço (globo.com)

O Paradoxo de Fermi: onde é que estão as outras Terras? (uol.com.br)

O que aconteceria se o Sol desaparecesse de repente? – Mega Curioso

Quantas estrelas no céu dá pra ver à noite? | Super (abril.com.br)

Para saber mais: 

Sesc São Paulo – O Paradoxo de Fermi – Revistas – Online (sescsp.org.br)

Canal do Schwarza – A RESPOSTA AO PARADOXO DE FERMI! – YouTube

Astrolab | Será que existe vida fora da Terra? – YouTube

Outros divulgadores: 

Desbravadoras do Universo no Instagram

Barbara Universe – PARADOXO DE FERMI – ONDE ESTÃO TODAS AS CIVILIZAÇÕES INTELIGENTES? – YouTube

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2 comentário(s) em “Paradoxo de Fermi: onde estão os outros? (V.4, N.7, P.3, 2021)

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