Resenha – Radioactive: vida e obra da Marie Skłodowska Curie (V.4, N.5, P.3, 2021)

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Tempo de leitura: 4 minutos
#acessibilidade A atriz que interpreta a Marie Curie aparece com um vestido cinza e cabelos presos, inclinada, atrás de uma bancada de laboratório, ela observa seu experimento. Na bancada, à sua frente, há um balão volumétrico, uma estante com tubos de ensaio e um almofariz com pistilo. Ao fundo há uma balança, outros balões de fundo chato, um suporte universal com um balão contendo um líquido amarelo sobre um bico de Bunsen aceso.

Se você está lendo esse texto é provável que você também seja um entusiasta da ciência, então é bem possível que você já saiba alguma coisa sobre a vida e obra da Marie Curie. Dessa forma, não vou alertar que esse texto contém spoilers. Dito isto, quero contar porque você deveria (ou não) assistir a este filme (se é que ainda não assistiu) e também compartilhar minhas impressões sobre ele.

É raro ver uma gigante como a Amazon se interessar por narrar a história de cientistas e de suas descobertas. Geralmente, essas biografias não possuem entretenimento o suficiente para encorajar roteiristas e produtores. E por que será que a vida e obra de Marie Curie despertam esse interesse? Só por essa intrigante questão eu acho que o filme já merece uma espiadinha curiosa.

O filme conta com estrelas do cinema: Rosamund Pike como Marie, Sam Riley como Pierre Curie (esposo da Marie) e Anya Taylor-Joy como Irene, filha do casal. Se você não está se lembrando deles pelo nome, vou dar uma ajudinha: Rosamund Pike era a protagonista em “Garota exemplar”, ao lado do Ben Affleck (impossível esquecer!), e mais recentemente estrelou “Eu me importo”, lançado em 2020 pela Netflix. Já Sam Riley foi o servo em “Maléfica”, protagonizado por Angelina Jolie (impossível de esquecer também!). Anya Taylor-Joy foi um dos destaques da Netflix, também no ano passado, protagonizando a série “O gambito da rainha”. E aí, esse elenco merece sua atenção?

Além dos atores serem ótimos assim como a produção, o cenário também é incrível! Uma recriação da pulsante e bela Paris, do final do século XIX e começo do século XX. O roteiro narra a história da vida e da produção científica de Marie, destacando desde os desafios em se conseguir recursos para desenvolver sua pesquisa, os aspectos históricos de uma cultura machista, as vantagens e até mesmo as implicações negativas na aplicação de suas descobertas. Com isso, tinha tudo para ser uma obra impecável, mas o filme peca no ritmo em que apresenta os acontecimentos e no destaque que dá a alguns deles.

Uma deusa, uma louca ou uma feiticeira?

A vida da Marie Sklodowska foi bastante intensa e acredito que retratar os grandes acontecimentos seja realmente um grande desafio, e é exatamente aí que o filme deixa a desejar. Nos primeiros 20 minutos de filme, acontece muita coisa numa intensidade difícil de digerir. Esse ritmo alucinado de contar os fatos, sem pausas, minimiza a grandiosidade dos acontecimentos, como a premiação do Nobel, por exemplo.

Marie Curie é um símbolo para a ciência e principalmente para as mulheres na ciência. Ela foi a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel, sendo também a primeira pessoa, e a única mulher a ganhá-lo duas vezes, além de ser a única pessoa a ser premiada em dois campos científicos diferentes (na física e na química). Suas contribuições, em parte ao lado de seu marido Pierre, levaram à descoberta de dois novos elementos químicos, o Rádio e o Polônio, e também à compreensão do fenômeno da radioatividade. Se hoje temos tratamentos como a radioterapia e exames como a radiografia é graças ao trabalho desta cientista fantástica. Como mulher e como estrangeira, foi amplamente criticada pela sociedade parisiense, pela sua busca científica e pela sua forma de encarar a vida em um ambiente patriarcal em que as mulheres eram acostumadas a aceitar uma posição de inferiorização, subordinação e dependência.

A forma como a Marie é retratada mostra uma mulher altiva, firme e determinada, mas em algumas cenas parece que pesaram um pouco a mão nesta narrativa. Em algumas situações Marie vai ser entendida como uma mulher agressiva e arrogante. Cabe a reflexão, se essa foi uma falha na criação da personagem ou se em uma sociedade androcêntrica como a nossa, a imagem de uma mulher obstinada leva à essa interpretação de presunção e arrogância.

Genialidade que não se restringe a uma geração

O filme destaca ainda, o papel de Marie ao lado de sua filha Irène durante a Primeira Guerra Mundial. Mãe e filha conseguiram recursos para realizar exames de radiografia em ambulatórios móveis no front de batalha. Com isso, puderam fornecer um tratamento mais eficiente para os feridos da guerra. Irène avança nos estudos sobre radioatividade natural e artificial. Junto com o marido, ela também conquistou o Prêmio Nobel de Química em 1935.

Mesmo com algumas críticas ao filme, a história é totalmente digna da sua atenção. Perpassa discussões científicas, culturais e históricas em um cenário belíssimo e com uma atuação incrível. Você já assistiu ou ainda vai assistir? Se já assistiu, o que achou do filme? Conte aqui nos comentários, queremos saber a sua opinião.

Para saber mais:

https://www.bbc.com/portuguese/geral-54886622

https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/noticia/2018/11/participacao-de-marie-curie-na-primeira-guerra-mundial.html

Outros divulgadores:

https://www.instagram.com/p/CNyBQB9rHGw/

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3 comentário(s) em “Resenha – Radioactive: vida e obra da Marie Skłodowska Curie (V.4, N.5, P.3, 2021)

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