(Português do Brasil) Vale a pena “contar carneirinhos”? (V.5, N.9, P.3, 2022)

Facebook Twitter Instagram YouTube Spotify

Sorry, this entry is only available in Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

Reading time: 2 minutes

Sorry, this entry is only available in Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

#acessibilidade: desenho de um campo coberto por grama, céu noturno estrelado com algumas nuvens e a lua cheia por trás. Cerca de madeira ao centro, se projetando para o fundo, enquanto carneiros pulam sobre ela.

Quando criança, parecia que a prova definitiva de que o mundo não gostava de matemática era a associação que logo que aprendemos a contar nos é ensinada: se está sem sono, conte carneirinhos. Mesmo após algumas noites chegando na casa das centenas ou na dos milhares, não costumamos questionar que a monotonia da contagem e o sono de uma aula sobre tabuada às 7 horas da manhã deve ter alguma relação.

Talvez pelo trauma de ficar contando noite adentro, ou por pena das crianças da próxima geração, Allison G. Harvey e Suzanna Payne, pesquisadores do Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de Oxford, em 2002, resolveram tirar a prova. Estudando como um grupo de 50 pessoas com insônia se preparavam para dormir, analisaram que a estratégia da contagem não era eficaz. Entre os indivíduos que contavam carneirinhos, os que não usavam nenhuma estratégia e aqueles que imaginavam paisagens e cenas relaxantes, o terceiro grupo acabava dormindo 20 minutos antes dos demais, em média.

Outra técnica estudada foi a de afastar pensamentos negativos e a ansiedade, mas a preocupação com estes fatores fez com que as pessoas passassem a dar mais atenção a eles, resultando em um atraso de 10 minutos, em média, para dormir se comparado com os que não utilizaram nenhuma estratégia.

Alguns pesquisadores identificam o hábito de contar carneirinhos com a cultura do pastoreio, outros vêem como primeiro registro da prática a obra de Pedro Afonso, Disciplina Clericalis, do século XII. Entre os seus 33 contos em latim se encontra a de um rei que, desejoso de ouvir histórias até que caísse no sono, obriga um súdito a fazê-lo. O súdito, já cansado, inventa a história de um pastor que precisava passar seu rebanho por uma cerca e propõe que o rei contasse a cada carneirinho que fizesse o pulo. Hoje sabemos que provavelmente o súdito teria alongado uns 20 minutos de seu sofrimento, sem saber que uma história relaxante em uma ilha deserta era o que precisava.

Fontes:

Harvey, AG and Payne, S. (2002). “The management of unwanted pre-sleep thoughts in insomnia: distraction with imagery versus general distraction.” Behavior Research and Therapy, 40:3 (267-277). DOI:10.1016/S0005-7967(01)00012-2

Sobre Petrus Alphonsi (stringfixer.com)

Compartilhe:

Responder

Seu endereço de e-mail não será publicado.Campos obrigatórios estão marcados *