(Português do Brasil) Você sabe como o sono pode impactar sua vida? (V.5, N.3, P.3, 2022)

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#acessibilidade: Enquadramento de um gato branco e rajado de olhos fechados, dormindo, sobre as cobertas em uma cama.

O sono é um dos processos fisiológicos e comportamentais mais difundidos no reino animal e há muito tempo já se sabe sobre sua importância para a manutenção de uma vida saudável. Entretanto, como o sono (ou a falta dele) impacta nas mais diversas áreas da vida, é algo muito importante e que ainda está sendo estudado, afinal, são muitas as mudanças que percebemos em nosso corpo e humor após uma noite mal dormida.

A começar pelo estresse: não é incomum chegar no ambiente de trabalho pela manhã e encontrarmos alguns colegas irritados, e, quando percebemos, com grandes olheiras embaixo dos olhos. Isso não é coincidência. Estudos recentes mostram a ligação entre níveis aumentados de estresse e também de ansiedade com baixas taxas de sono. Isso acontece porque poucas horas de sono estão ligadas com prejuízos nas conexões do córtex pré-frontal associadas com o sistema límbico, que são associadas com o controle do comportamento emocional.

Outro fator que afeta nosso dia-a-dia e que é influenciado pelo descanso proporcionado pelo sono é a atenção: podemos notar facilmente que não conseguimos focar ou “jogar um feixe de luz” em cima de algo quando estamos com sono. Ficamos distraídos e dispersos, diminuindo assim nossa capacidade de lidar com estímulos do ambiente. Nos últimos vinte anos, pesquisadores apontam que a falta de uma rotina que favoreça o sono implica em uma demora nas respostas e leva os indivíduos a cometer mais erros de processamento da informação, principalmente se essa for sustentada por longos períodos de tempo.

A capacidade de prestar atenção em um estímulo também está diretamente relacionada com a nossa capacidade de memorização: se prestamos mais atenção em um objeto qualquer, conseguimos lembrar cada vez mais detalhes sobre ele, como padrão de cores, tamanho, textura, formato, e por aí vai. E o sono, portanto, influencia nesse processo. Novas memórias precisam de tempo para serem consolidadas, isto é, serem processadas e “fixadas”, e por isso memórias recentes são consideradas mais instáveis. Quando tentamos decorar um novo número de telefone, precisamos repetí-lo progressivamente para conseguir “decorá-lo”, não é? E o sono não influencia apenas na quantidade de informação que conseguimos reter, mas também na sua qualidade e duração. Por isso, nossos professores lá atrás sempre recomendavam estudar progressivamente, diariamente, e não passar a noite acordado para estudar antes da prova, pois esta informação não irá passar por um processo de consolidação adequado.

Tendo essas informações, como podemos então melhorar esse ponto tão importante que é o sono e todos os benefícios que ele traz? Tudo começa com o estabelecimento de hábitos saudáveis, e não apenas na hora de dormir: manter uma boa alimentação e praticar atividades físicas auxiliam no equilíbrio corporal e mental, proporcionando um sono ininterrupto. Evitar também o consumo de bebidas alcoólicas e/ou com cafeína, uma vez que perturbam o nosso sistema nervoso. Além disso, estudos apontam que estabelecer boas relações sociais também influencia neste processo, proporcionando um descanso mais agradável. Por último, mas não menos importante, manter uma higiene do sono é de extrema importância, ou seja, eliminar hábitos que influenciam diretamente na quantidade e qualidade do mesmo, como por exemplo procurar locais calmos e silenciosos para dormir, bem como evitar exposição a luz de aparelhos eletrônicos diretamente antes do sono, uma vez que esta influencia na manutenção dos ritmos circadianos, que estabelecem o ciclo de sono e vigília.

 

Para saber mais:

Sono, aprendizagem e memória – NEUROCIÊNCIAS EM DEBATE (cienciasecognicao.org) (texto)

Andrei Mayer, Ph.D (@profandrei.neuro) • Fotos e vídeos do Instagram (divulgador)

Desafios do isolamento : Revista Pesquisa Fapesp (texto)

Os relevos da memória : Revista Pesquisa Fapesp (texto)

 

Fontes:

Imagem destacada: rawpixel.com 

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Hudson, A.N., Van Dongen, H.P.A. & Honn, K.A. Sleep deprivation, vigilant attention, and brain function: a review. Neuropsychopharmacol. 45, 21–30 (2020). https://doi.org/10.1038/s41386-019-0432-6

Bachleda C., Darhiri L., 2018. Internet Addiction and Mental and Physical Fatigue. The International Technology Management Review. Vol 7, 25 – 33. 1835-5269. https://doi.org/10.2991/itmr.7.1.3

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Castilho, C. P. et al. A privação de sono nos alunos da área de saúde em atendimento nas Unidades Básicas de Saúde e suas consequências. Revista de Medicina, v. 94, n. 2, p. 113- 119, 2015.

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