Liderança Feminina e os Desafios da Mulher no Mercado do trabalho (V.4, N.9, P.3, 2021)

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Tempo de leitura: 4 minutos
#acessibilidade A imagem de fundo tem a cor preta, e na frente aparece uma mulher, vestida socialmente, com braços musculosos desenhados em branco representando sua força.

Texto escrito pela colaboradora Jaíne Wentroba, Mestranda em Desenvolvimento e Políticas Públicas – Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Cerro Largo, bolsista de Iniciação Científica da CAPES/DS na linha de pesquisa Estado, sociedade e políticas de desenvolvimento. Atualmente participa do projeto: Mulheres: Gestão, Carreira, Liderança, Desafios e Superações.

“No futuro não haverá líderes femininas; haverá apenas líderes.” Essa fala da bem-sucedida empresária norte-americana Sheryl Sandberg, escritora e chefe operacional do Facebook, revela que paulatinamente os tempos mudam e a liderança feminina no mercado de trabalho se faz cada vez mais presente, porém nem sempre foi assim. Mesmo com o crescimento no mercado de trabalho, a mulher ainda se depara com algumas dificuldades e preconceitos, pois muitas permanecem com todas as atividades do lar, necessitando muitas vezes conciliar casa, filhos, marido e trabalho. Outro fator relevante é que a mulher ainda apresenta, na maioria das profissões, uma desigualdade salarial.

As desigualdades históricas de gênero em termos ocupacionais persistem. Os dados do IBGE (2018) apontam, quanto ao gênero e cargos de liderança, que as mulheres ocupam 39,1% de cargos gerenciais e os homens, 60,9%. Já em cargos que envolvem representação política, apenas 10,5% dos assentos da câmara dos deputados são ocupados por mulheres, e no mundo, as mulheres ocupavam 23,6% dos assentos. Além disso, em 2019, o Brasil ficou com o 95 ̊ lugar no índice de desigualdade de gênero (IDG), na comparação entre 189 países. Em 2019, a taxa de participação das mulheres no mercado de trabalho com 15 anos ou mais de idade foi de 54,5%, enquanto entre os homens esta medida chegou a 73,7%, uma diferença de 19,2 pontos percentuais. No Brasil, em 2016, as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas e/ou afazeres domésticos cerca de 73% mais horas do que os homens (18,1 horas contra 10,5 horas). A questão da carga horária é um fator fundamental no diferencial de inserção ocupacional entre homens e mulheres determinado pela divisão sexual do trabalho. Mulheres que necessitam conciliar trabalho remunerado com os afazeres domésticos e cuidados, em muitos casos acabam por trabalhar em ocupações com carga horária reduzida. Em relação aos rendimentos médios do trabalho, as mulheres seguem recebendo cerca de ¾ do que os homens recebem.

A existência de barreiras socioculturais que dificultam ou impedem a ascensão profissional, em nada tem a ver com o grau de competência exigido aos cargos gerenciais. Essas barreiras estão mais voltadas à natureza da sociedade do que à competência dos indivíduos, tendo uma relação impactante não só na vida das mulheres, mas também em toda a sociedade e no processo de desenvolvimento local e regional.

Cada vez mais a mulher vem buscando espaço na sociedade: melhores cargos, salários e, mais ainda, respeito social e profissional. Com a entrada da mulher no mercado de trabalho, configuraram-se também novas lideranças e novas formas de liderar, elas passaram a ocupar cargos e funções até então desempenhadas exclusivamente por homens, pois a imagem de grandes líderes por muito tempo foi associada ao papel masculino, pois estes sempre ocuparam os maiores cargos nas empresas.

Com muito esforço, as mulheres estão garantindo seu espaço no mercado de trabalho e, mais que isso, estão galgando lugares de liderança mostrando, assim, que são capazes de realizar toda e qualquer atividade que precisarem fazer. As empresas que têm mulheres como gestoras e são lideradas por elas estão obtendo resultados positivos em comparação à liderança masculina. Isso indica que o diferencial está na forma de liderar e nos talentos que cada um possui, rompendo, assim, os paradigmas da mulher no poder.

A mulher apresenta algumas características que a favorece no exercício da liderança nas organizações, tendo em vista que na atualidade existe a emergência de um novo paradigma organizacional. As mulheres poderiam ser consideradas uma força de trabalho do futuro, pois o mundo laboral segue para a valorização de valores considerados mais femininos: o trabalho em equipe, a importância do relacionamento, a cooperação no lugar da competição, a participação no lugar da centralização, a socialização.

Mesmo que caminhando a passos largos, ainda falta consenso de que homens e mulheres têm suas próprias competências que os tornam habilidosos em sua forma particular de liderar. É importante também ter políticas de valorização da diversidade de gênero nas empresas, e incentivar maior interação da mulher seja qual for o cargo que ela ocupe, fortalecendo também a cooperação.

Fontes:

Fonte da imagem destacada: Patrícia Galvão

HRYNIEWICZ, Lygia Gonçalves Costa; VIANNA, Maria Amorim. Mulheres em posição de liderança: obstáculos e expectativas de gênero em cargos gerenciais. Cad. Ebape, Rio de Janeiro, v. 16, n. 3, p. 331-344, set. 2018.

CUNHA, Ana Cristina Cassani; SPANHOL, Carmem I. D´agostini. Liderança Feminina: Características e Importância à Identidade da Mulher. Revista AMF, v. 5, n. 4, p. 92-114, 2014.

IBGE. https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101551_informativo.pdf

https://www.gazetadopovo.com.br/republica/breves/brasil-perde-seis-posicoes-no-indice-de-desigualdade-de-genero/

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