(Português do Brasil) Feliz (?) dia da Mata Atlântica (V.5, N.5, P.5, 2022)

Facebook Instagram YouTube Spotify

Sorry, this entry is only available in Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

Reading time: 3 minutes

Sorry, this entry is only available in Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

Texto escrito pela colaboradora Amanda Vieira da Silva

Dia 27 de maio comemoramos o dia Nacional da Mata Atlântica. Essa data foi escolhida porque em 27 de maio de 1560, o Padre José de Anchieta assinou um documento chamado Carta de São Vicente, em que descrevia com bastante detalhe a biodiversidade da Mata Atlântica. O nome do documento nada mais é que o nome dado à região (Capitania de São Vicente) naquela época. Existem duas coisas emocionante no relato do Padre Anchieta sobre a região: a primeira é entender que todo o conhecimento dele advém dos indígenas que aqui habitavam bem antes da chegada dos portugueses; a segunda é pensar que parte da biodiversidade presente no relato já não é vista mais com tanta frequência como era há cerca de anos.

Atualmente, toda Mata Atlântica, que em território brasileiro vai desde o Rio Grande do Norte até o Rio Grande do Sul, está confinada a menos de 15% do que ela já foi, isso em um estudo que incluiu pequenas áreas na contagem, de menos de 50 ha (ou seja, menos de 50 campos de futebol). Alguns estudos que não incluíram essas pequenas áreas estimam que resta menos de 10% da Mata Atlântica. Pensando nesses números, a situação da Mata Atlântica não parece boa. Entretanto, mesmo que reste pouco da Mata Atlântica, ela ainda abriga mais de 20 mil espécies de plantas, quase mil espécies de aves, centenas de espécies de anfíbios e milhares de espécies de insetos, sendo muitas espécies ainda desconhecidas. Das espécies endêmicas (que ocorrem apenas aqui), temos mais de 8 mil espécies de plantas, mais de 70 espécies de pássaros, 160 de mamíferos, 60 de répteis e mais de 150 espécies de anfíbios. A nossa riqueza de espécies é imensa, mas exige políticas públicas adequadas que permitam a persistência dessas espécies a longo prazo.

Embora tenhamos uma vasta diversidade de animais, quando caminhamos numa mata nós dificilmente vemos algum grande mamífero. Isso acontece porque muitos dos grandes mamíferos como onças, antas, muriquis, queixadas e catetos estão extintos de grande parte das florestas da Mata Atlântica, principalmente por conta do desmatamento e da fragmentação da floresta em pequenas áreas. Essas áreas de floresta sem os grandes mamíferos são conhecidas como florestas vazias. Como um fio de esperança, um grupo de pesquisadores fundou o REFAUNA, com intuito de reintroduzir os vertebrados onde eles estavam presentes e “restaurar as interações ecológicas que foram perdidas” (seção sobre nós – site do Refauna). Entre os animais já reintroduzidos estão a cutia-vermelha, os jabutis tinga e bugios, no Parque Nacional da Tijuca, e as antas na Reserva Ecológica de Guapiaçu, ambas as instituições no Rio de Janeiro. Até o momento, esses projetos têm se mostrado menos custosos do que o esperado e os resultados incluem aumento da população dos dois animais introduzidos.

Toda vez em que me deparo com essa data, eu me questiono o quanto de Mata Atlântica restará no próximo ano e se algum dia nós falaremos da Mata Atlântica apenas como uma lembrança. Eu espero muito que as próximas gerações possam encontrar uma área maior de floresta e repleta dos mais diversos seres vivos.

Fontes:

Angelo, C. 2012. Brazil’s Atlantic forests lose key species. Nature.
Fernandez, FAS; Rheingantz, ML; Genes, L; Kenup CF; Galliez M; Cezimbra T; Cid, B; Macedo, L; Araujo, BBA; Moraes, BS; Monjeau, A; Pires, AS. 2017. Rewilding the Atlantic Forest: restoring the fauna and ecological interactions of a protected area. Perspectives in Ecology and Conservation, 15, 308-314.
Lima, RAF; Mori, DP; Pitta, G; Melito, MO; Bello, C; Magnago, LF; Zwiener, VP; Saraiva, DD; Marques, MCM; Oliveira, AA; Prado, PI. 2015. How much do we know about the endangered Atlantic Forest? Reviewing nearly 70 years of information on tree community surveys. Biological Conservation, 24, 2135-2148.
Ribeiro, MC; Metzger, JP; Martensen, AC; Ponzoni, FJ; Hirota, MM. 2009. The Brazilian Atlantic Forest: how much is left, how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, 142, 1141-1153.

Para saber mais:

Uma nova chance para a Mata Atlântica : Revista Pesquisa Fapesp (texto)

O que são Florestas Vazias e por que isto é um problema ambiental? por Fernando Fernandez – ((o))eco (vídeo)

Refauna (site)

Outros divulgadores:

A MATA ATL NTICA (+ corredores ecológicos; + Triplo A) (#Pirula 286).

Compartilhe:

Leave a Reply

Your email address will not be published.Required fields are marked *