(Português do Brasil) Você se lembra da minha voz? Disse a jiboia! (V.7, N.11, P.3, 2024)

Facebook Instagram YouTube Spotify

Sorry, this entry is only available in Português do Brasil and Español. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in this site default language. You may click one of the links to switch the site language to another available language.

Reading time: 3 minutes

Sorry, this entry is only available in Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

#acessibilidade: Imagem da serpente acinzentada, com manchas marrons, conhecida como Jiboia (Boa constrictor), de boca aberta. É possível ver as fileiras de dentes de tamanhos similares nas laterais e no céu da boca. Foto: Daniel Loebmann

Texto por Natália Torello e Vanessa Verdade

A pergunta do título vai para o pessoal que na década de 70/80 cansou de ouvir o comercial de shampoo que começava com essa frase! Foi repetido tantas vezes, que ninguém que assistia televisão no período esqueceu. Jiboia não tem cabelo, mas acaba de sair um trabalho de pesquisa indicando que podem ser reconhecidas pela voz. Você se assustou de novo, pois nem sabia que jiboia falava? Então segue a leitura, pois esse texto é bastante interessante.

Serpentes são animais que despertam sentimentos contraditórios entre as pessoas. Podem ser admiradas pela destreza na locomoção que acontece sem apresentarem membros, por seu brilho ou por suas cores, mas mais frequentemente são temidas e consideradas mortais. No entanto, nem toda serpente é perigosa para seres humanos, e o medo, resultado de desconhecimento, pode desaparecer assim que aprendemos mais sobre elas.

Serpentes são um grupo de lagartos que durante a evolução perdeu as patas e alguns ossos na cabeça, gerando um crânio muito flexível, que permite abrir a boca e engolir presas maiores que o diâmetro de seus corpos. Em algumas linhagens de serpentes, as glândulas salivares e os dentes também sofreram modificações que aumentaram a rapidez e eficiência da captura, ingestão e digestão de presas.

Serpentes têm um papel importante no meio ambiente, controlando populações de roedores, anfíbios e outros animais.

As toxinas produzidas nessas glândulas, além da função original associada à captura de presas, servem também para defesa. Daí o medo gerado pelo encontro com serpentes peçonhentas. Morder (ou picar, no caso das peçonhentas) é uma estratégia de defesa para evitar ser predada. Mas morder não é o único e nem o principal mecanismo de defesa das serpentes.

Serpentes têm uma série de estratégias para desencorajar o ataque do predador, incluindo emitir diferentes sons, como vibrar a cauda, raspar as escamas umas contra as outras, assobiar ou sibilar, e até emitir um som pela cloaca, parecendo um “punzinho”.

Já ouviu falar em bafo de jiboia? Uma jiboia estressada mantém a boca aberta para expulsar o ar do pulmão enquanto fecha parcialmente a entrada da traqueia. Esse comportamento produz um assobio, indicando claramente que não está confortável.

Pesquisadores fizeram uma nova descoberta sobre o assobio da jiboia: cada indivíduo assobia de um jeito diferente -– de forma semelhante às variações em nossas vozes!

O assobio das jiboias é caracterizado pelo que chamamos de ruído branco, um som que combina e oscila frequências diferentes e que variam amplamente do agudo ao grave. É similar ao som constante de um chiado. Ainda não sabemos se as características do assobio indicam condições individuais, como idade, sexo e condição física, mas os pesquisadores perceberam que indivíduos maiores tendem a ter assobios mais graves.

Muitas vezes as serpentes são tidas como traiçoeiras, já que, na visão das pessoas, elas poderiam atacar de maneira inesperada. Mas a verdade é que as serpentes evitam isso, e dão vários sinais antes de um ataque. Então, que tal ouvir a voz da jiboia quando ela assobiar pedindo distância?

Fontes:
Citeli et al. 2024. Unveiling the acoustic repertoire of true boas: hisses resemble white noise and indicate individual identity. Behaviour (2024) DOI:10.1163/1568539X-bja10284 brill.com/beh

Para saber mais:
Gans, C., & Maderson, P. F. (1973). Sound producing mechanisms in recent reptiles: review and comment. American Zoologist, 13(4), 1195-1203.

Outros divulgadores:
@herpetologia2herpetologas – série “Comportamento defensivo de serpentes”:

https://www.instagram.com/p/CMDXF9hgF8F/?igsh=MXVsZTYzNnE1NjE3dQ%3D%3D
https://www.instagram.com/p/CMVbGljgsxh/?igsh=MWNyYnh4N3kxN3h6dA%3D%3D
https://www.instagram.com/p/CMnZT-7AQT9/?igsh=MWthdHVudGllNHk1dQ%3D%3D
https://www.instagram.com/p/CNLhRlegwZ8/?igsh=MXZhemhyeXE1b2Vwcw%3D%3D
https://www.instagram.com/p/CM5k2swgebj/?igsh=YmlwMXE3NDJqazYw

Compartilhe:

Leave a Reply

Your email address will not be published.Required fields are marked *