#acessibilidade: Imagem com fundo laranja no centro e parte inferior e roxo na parte superior. Há alguns raios na cor laranja que saem da região colorida com a mesma cor, no centro, em direção ao topo da imagem. Ao centro, a palavra “retrospectiva” e o número “2022” (dois mil e vinte e dois) ambos em roxo. Na região inferior, próximo à base da imagem, abaixo do número “2022”, há uma barra de carregamento de download na cor amarela. Na região superior da imagem, no canto esquerdo, há três setas, uma atrás da outra, todas na cor branca.
Mais um ano chegou ao fim e com ele o momento de refletir sobre tudo o que aconteceu até agora. 2022 foi bastante movimentado. Tivemos Guerra na Ucrânia, tragédias climáticas no Rio de Janeiro, Jogos Olímpicos de Inverno na China, tapa no Oscar, incêndios na Europa, falecimento da rainha Elizabeth II, eleições no Brasil, Copa do Mundo. Nossa! Muita coisa e, não sei se felizmente ou infelizmente, não foi só isso.
Nesta postagem, o Guia dos Entusiastas da Ciência compilou 10 acontecimentos que marcaram o mundo da Ciência e da Tecnologia neste ano de 2022.
1. Início das atividades do telescópio James Webb
Completando um ano do lançamento do telescópio James Webb no dia 25 de dezembro, a aparelhagem espacial, desenvolvida pela NASA e por outras agências espaciais, que tem como objetivo observar a formação das primeiras galáxias e estrelas assim como estudar a evolução e processos de formação destes corpos celestes, nos enviou sua primeira imagem. Nela é revelado o agrupamento de galáxias SMACS 0723, que distorce a luz de objetos e permite uma visão profunda de galáxias distantes e fracas. Além disso, a emissão de luz de cada corpo espacial permitirá aos cientistas identificar novos planetas que possuem o potencial de formação de vida. O registro feito por luz infravermelha mostra a aparência mais fidedigna de objetos espaciais feita até os dias de hoje.
2. Artemis e a Lua
Talvez sendo uma das conquistas mais ousadas e ambiciosas do ser humano, ir até à Lua poderá ser exatamente igual a ir para uma outra cidade daqui a alguns anos. Desde os primeiros satélites até a chegada do homem à Lua, o interesse por este corpo celeste foi reacendido depois de 50 anos com a missão Apollo, em 1972. Em novembro deste ano, a NASA lançou a missão Artemis 1, depois de ter sido adiada três vezes. Na realidade, o Projeto Artemis faz parte de um planejamento da agência espacial norte-americana de retornar com humanos ao solo lunar e possibilitar futuras missões à Marte. A Artemis 1 é uma missão não tripulada, ou seja, não há passageiros à bordo, pois seu objetivo principal é testar o foguete SLS (Sistema de Lançamento Espacial, em português), o foguete mais poderoso já lançado, e a espaçonave Orion, que permitirá transportar astronautas no futuro. Essa missão, ainda, poderá transportar a 1° mulher e a 1° pessoa não branca até a superfície lunar, além de permitir que diversos estudantes se tornem exploradores espaciais.
3. Ubirajara jubatus
Talvez uma das maiores polêmicas do mundo científico deste ano foi a repatriação do fóssil de Ubirajara jubatus, um exemplar bastante raro encontrado na Bacia do Araripe, no Ceará. Retirado ilegalmente (e por meios pouco claros) do Brasil em 1995, o fóssil se encontra no Museu de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha. Durante bastante tempo, o país alemão se recusou a devolver o fóssil por causa de uma lei alemã que foi promulgada após sua chegada ao país. Eles alegaram que o fóssil chegou antes de 2007 e por causa dessa lei de 2016 a Alemanha não era obrigada a devolver o fóssil ao Brasil. Contudo, no Brasil, esses materiais são considerados propriedades do Estado e é ilegal que sejam retirados do país e/ou comercializados. O Ubirajara jubatus é um dinossauro que retoma a transição da evolução das aves, além de ser considerado um holótipo, ou seja, é uma peça única que serve de base para a descrição de uma nova espécie. Após diversas discussões com o museu alemão e autoridades da área da paleontologia brasileira, foi acordado a devolução do fóssil ao seu país natal. Ainda não se sabe quando ele deverá chegar ao Brasil.
4. Novas variantes da Covid-19
Depois de 2 anos, os reflexos da pandemia de Covid-19 ainda são percebidos e muitos cientistas relatam preocupações. Não é incomum o relato do surgimento de novas variantes de Covid, e neste ano foram identificadas mais algumas, como a BQ.1, BQ.11, BQ.1.1.17 e BQ.1.1.18. As mutações são bastante parecidas e estão aparecendo mais frequentemente devido ao relaxamento nas medidas de contenção ao vírus, como o uso de máscaras, doses de reforço e o distanciamento social. Apesar de estarmos vivendo num cenário completamente diferente do que vimos no ano de 2020, não podemos deixar de cumprir nossas responsabilidades, nem conosco e nem com a comunidade em geral. Dessa forma, mantenha atualizado o esquema vacinal e use máscara!
5. 8 bilhões de pessoas no mundo
No dia 15 de novembro, a população mundial alcançou 8 bilhões de pessoas. Este marco inédito reflete como a melhoria na saúde pública reduz o risco de morte e aumenta a expectativa de vida das pessoas. Contudo, não podemos deixar de evidenciar como essa quantidade absurda de gente é preocupante para o planeta. A cada dia, vemos um abismo entre as pessoas, onde poucos têm muito e muitos têm pouco. Fome, pobreza e degradação ambiental são alguns dos muitos fatores a atentar-nos. A tomada de ações deve ser rápida, inteligente e acordada entre nações para reverter qualquer cenário catastrófico atual e futuro.
6. Cortes na Ciência e Educação no Brasil
O mês de dezembro não começou bem para milhares de estudantes universitários e cientistas do país. Com vários episódios de cortes orçamentários sobre as universidades e institutos federais feitos pelo Governo Federal, a ação terminou em nada menos que na inviabilidade imediata do cumprimento dos pagamentos de bolsas e serviços nas instituições de ensino superior do Brasil. Isso significa que todas as pessoas dependentes de bolsas estudantis, sejam de pesquisa ou apoio socioeconômico, não receberão seu salário, afetando seriamente suas condições pessoais e profissionais. Da mesma forma que universidades poderão parar de funcionar por causa do descaso ocorrido na falta de investimento em serviços básicos e essenciais. Depois de muitas mobilizações da comunidade estudantil e científica, o Governo Federal cedeu e devolveu recursos financeiros e orçamentários às universidades, permitindo o pagamento das pendências.
7. COP-27
Entre os dias 6 e 18 de novembro de 2022, aconteceu a COP-27, ou a Conferência das Partes, no Egito. Sendo o evento mais importante e o maior já feito sobre o tema de contenção das mudanças climáticas a partir de mecanismos aplicáveis globalmente. A COP-27 contou com discussões a respeito do cumprimento das regras estabelecidas no Acordo de Paris, no uso de fontes renováveis de energia e no avanço da descarbonificação, uma forma alternativa sustentável ao uso de combustíveis fósseis. Além disso, o evento também contou com a criação do Fundo de Perdas e Danos, que tem como objetivo ajudar financeiramente países mais vulneráveis a se recuperarem dos efeitos causados por desastres climáticos. Apesar deste acordo ter sido visto como uma conquista importante, o evento não trouxe grandes avanços em outros temas que são considerados urgentes e nem de onde sairá o auxílio financeiro ou quais países terão acesso à ele. Um comitê temporário terá o prazo de definir regras e apresentar novas soluções na COP-28, que acontecerá em Dubai, em 2023.
8. Mpox
Monkeypox (agora mpox), ou ainda varíola dos macacos (ATENÇÃO: o termo anterior não é mais utilizado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou a troca por causa da linguagem racista e estigmatizante ligada ao nome do vírus, além de ser facilmente pronunciada em outras línguas) causou bastante alarde durante os meses do meio do ano. O primeiro caso de mpox em humanos aconteceu em 1970, na República Democrática do Congo, mas este ano, houve uma disseminação incomum do vírus, que chamou a atenção da OMS. O órgão declarou emergência de saúde global devido ao grande aumento nos números de pessoas com febre alta e lesões cutâneas. Apesar dos casos da doença estarem diminuindo significativamente, mais de 100 países foram afetados pela zoonose (doença em que o vírus causador é transmitido dos animais para seres humanos). Até final do mês de novembro, o Brasil registrava 10 mil casos. Em todo o mundo, 50 mortes foram notificadas.
9. Agricultura espacial
Assuntos que remetem ao Espaço são uns dos que mais chamam a atenção das pessoas e saber que já existem formas de cultivar alimentos fora da Terra, um ambiente tão inóspito, não seria diferente em despertar tamanha curiosidade e interesse. Mas é isso mesmo, a agricultura espacial já é uma realidade em andamento. Na verdade, tudo começa com a utilização de satélites que monitoram parâmetros importantes para a agricultura, como a umidade do solo, por exemplo. Esses aparelhos meteorológicos podem informar quando um solo está secando e o quão rápido isso acontece, ajudando a direcionar a irrigação de uma forma mais eficiente. Através deles, ainda é possível prever períodos de seca, inundações, surtos de doenças vegetais e muito mais. Porém, a contribuição do Espaço sobre o cultivo de plantas não é limitada apenas ao uso de satélites. Várias espaçonaves têm sido a residência de cultivo e desenvolvimento de diversas espécies de plantas, principalmente produtoras de vegetais. Apesar do ambiente hostil, do excesso de radiação e da falta da gravidade terrestre, o estudo do efeito dessas condições sobre plantas pode levar a resolução de desafios enfrentados pelas culturas no clima em mudança na própria Terra, além de promover a possibilidade de que astronautas cultivem seu próprio alimento em outros planetas e corpos celestes. Já temos notícias de que o cultivo de pimentas, trigo e alface à bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) foi um sucesso.
10. Microplásticos dentro de nós
Sabemos como a poluição causada por materiais plásticos já é um desafio difícil para o planeta e para os seres humanos. Muitas vezes utilizado por pouco tempo, o objeto plástico é rapidamente descartado em ambientes não indicados e se quebra em partículas minúsculas chamadas microplásticos que, enfim, se espalham para uma gama de ambientes. Em 2022, pela primeira vez, foi identificado a presença de microplásticos no sangue humano. Numa pesquisa realizada com 22 pessoas, 17 delas apresentaram o material na corrente sanguínea, ou seja, 80% das pessoas testadas possuíam microplásticos dentro do corpo. Infelizmente, ainda não se sabe completamente quais são os impactos dos microplásticos para o homem, mas estudos indicam que eles podem se prender às membranas dos glóbulos vermelhos, limitando a capacidade de transporte de oxigênio e até mesmo induzir ao câncer. Microplásticos são capazes de entrar facilmente no organismo, seja por meio da água que bebemos, dos alimentos que comemos ou do ar que respiramos e são uma grande ameaça da qual dificilmente nos livraremos. O problema é urgente!
Ufa! Falamos só sobre 10 casos, mas parece ter sido 100. Muita coisa acontece durante um ano e às vezes até esquecemos que poucos meses atrás um determinado fato ocorreu. Mas não se preocupe, pois nós estaremos aqui para lembrá-los.
O Guia dos Entusiastas da Ciência agradece a todas as pessoas que nos acompanharam este ano e esperamos nos encontrar no ano que vem com muitas outras novidades! Até lá!
Fontes:
Fonte da imagem de destaque: autoria própria
10 coisas incríveis que o telescópio espacial James Webb fez em 2022
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