(Português do Brasil) A Lei de Stigler e as descobertas científicas (V.4, N.6, P.2, 2021)

Facebook Instagram YouTube Spotify

Sorry, this entry is only available in Português do Brasil and Español. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in this site default language. You may click one of the links to switch the site language to another available language.

Reading time: 3 minutes

Sorry, this entry is only available in Português do Brasil. For the sake of viewer convenience, the content is shown below in the alternative language. You may click the link to switch the active language.

#acessibilidade Foto do sociólogo Robert King Merton, o “descobridor” da Lei de Stigler.

A Lei de Stigler, ou Lei dos Epônimos de Stigler, diz que nenhuma descoberta científica recebe o nome de seu descobridor original. Para exemplificar, o professor Stephen Stigler nomeou Robert K. Merton (1910-2003) como descobridor da Lei de Stigler.

Antes de mais nada precisamos saber o que é um epônimo. Neste contexto, trata-se da prática de dar o nome do ou da cientista a tudo aquilo que essa pessoa descobriu. Você com certeza deve se lembrar de vários exemplos, mas vou começar citando dois: a Lei de Benford e o Paradoxo de Simpson, assuntos que já foram tema de outras publicações aqui no blog. Pois bem, a Lei de Benford já havia sido observada por Simon Newcomb mais de 50 anos antes de receber este nome e o Paradoxo de Simpson foi chamado assim na década de 1970, mas seus efeitos já haviam sido observados em artigos do início do século.

Ainda é possível citar vários exemplos:

– Os números arábicos, algarismos que utilizamos atualmente para representar os números, na verdade foram inventados na Índia;

– A Esfera de Dyson, uma megaestrutura que poderia ser utilizada por civilizações avançadas para cobrir totalmente uma estrela de forma a aproveitar toda a energia emitida por ela já havia sido descrita pelo escritor de ficção científica Olaf Stapledon anos antes do artigo em que o físico-matemático Freeman Dyson especulou que tal estrutura pudesse realmente existir já que seria o caminho natural dada a necessidade energética cada vez maior para tal civilização;

– O número de Euller, constante matemática representada pela letra e que vemos nas aulas de matemática da escola e que tem valor aproximado de 2,72 foi descoberto por Jacob Bernoulli (que não é o mesmo Bernoulli da Equação de Bernoulli, que também vemos na escola);

– A Lei de Hubble, que relaciona a distância de uma galáxia até a Terra com a velocidade com que ela se afasta de nós, havia sido observada por Georges Lemaître dois anos antes de Edwin Hubble;

– As duas primeiras Leis de Newton, o Princípio da Inércia (aquela que diz que se há um corpo em repouso ele permanece em repouso e um em movimento retilíneo permanece em movimento a menos que uma força atue sobre ele) e o Princípio Fundamental da Dinâmica (aquela que diz que a mudança de direção é proporcional à força aplicada), já eram conhecidas e haviam sido propostas de diferentes formas por Galileo, Hooke e Huygens, mas foram compiladas junto da terceira no famoso Philosophiæ Naturalis Principia Mathematica;

– O Coeficiente de correlação de Pearson, método estatístico que mede como e o quanto duas variáveis se correlacionam linearmente (por exemplo, o aumento da temperatura fazendo as vendas de sorvete dispararem é uma correlação positiva), foi descoberto por Auguste Bravais;

– O Grafo de Petersen, amplamente usado nos estudos da Teoria dos Grafos por servir como um ótimo exemplo e contraexemplo de diversos teoremas, já havia aparecido em um artigo de 12 anos antes de ser proposto por Petersen;

– O Diagrama de Venn, que você pode não se lembrar pelo nome, mas certamente já viu, já havia sido utilizado pelo matemático suíço Leonhard Euler um século antes de ser popularizado por John Venn e mesmo antes dele já haviam aparecido diagramas parecidos em outras publicações.

Veja bem, caro leitor, não é que não se queira creditar os reais descobridores, mas sim que a ideia tende a receber o nome de quem deu notoriedade a ela, não necessariamente da primeira pessoa a pensar ou publicar sobre ela. Isso também se aplica à própria Lei de Stigler. Ele não foi realmente a primeira pessoa a perceber que uma descoberta científica não havia recebido o nome de seu descobridor, ainda assim ela é chamada Lei de Stigler.

Fontes:

Fonte da imagem destacada: Universo Racionalista

Stigler, Stephen M. “Stigler’s law of eponymy.” Transactions of the New York academy of sciences 39.1 Series II (1980): 147-157.

Lista com exemplos da Lei de Stigler

Artigo do Gizmodo sobre a Lei de Stigler

A história do número e

Para saber mais:

Texto Prazer, me chamo Teoria dos Grafos do blog parceiro UFABC Divulga Ciência

Correlação de Pearson

Compartilhe:

Leave a Reply

Your email address will not be published.Required fields are marked *