#acessibilidade Insígnia do Programa Apollo. Em um círculo interno se vê o espaço repleto de estrelas, do lado direito a Terra destacada e esquerdo a Lua com a face do deus grego Apolo desenhada. Ao centro há a letra ‘A’, sendo que o traço no meio é formado por uma linha branca que sai da região de um ponto dos Estados Unidos, dá a volta na Terra, corta o ‘A’, dá a volta e chega na Lua. Em volta deste círculo há um circulo cheio cinza com letras brancas formando a palavra “Apollo” em cima e “NASA” embaixo.
Essa é uma dúvida que sempre aparece quando falamos sobre o pouso na Lua. Neste dia 20 de Julho de 2019 esse feito completa 50 anos. Por que nesses 50 anos nunca mais voltamos à Lua? O fato é que voltamos. Várias vezes.
Não vamos focar em todo o contexto social e político que levou ao início do Programa Apollo, isto você pode conferir na playlist do jornalista e divulgador científico Salvador Nogueira em seu canal Mensageiro Sideral no YouTube ou no vídeo-documentário de Felipe Castanhari no Canal Nostalgia no YouTube ou ainda no vídeo do pesquisador e biólogo Atila Iamarino no canal Nerdologia, também no YouTube. Todos eles estão linkados ao final deste texto.
O Programa Apollo da NASA durou pouco mais de 10 anos e teve como principal objetivo a exploração científica da Lua. Durante esses anos o contexto da Guerra Fria com a União Soviética impulsionou o avanço da tecnologia estadunidense devido à Corrida Espacial, nome dado à disputa entre os dois países pelo pioneirismo e supremacia na tecnologia e exploração espacial. Após os sucessos soviéticos em lançar o primeiro satélite e levar a cachorra Laika e o cosmonauta Yuri Gagarin ao espaço, os Estados Unidos estavam claramente em desvantagem na corrida, precisavam tentar algo tão ousado e inovador que teriam a possibilidade de conseguir antes dos soviéticos. A ida à Lua antes do final da década foi a opção feita, não porque era fácil, mas porque era difícil. Em valores atualizados o Programa Apollo custou mais de 100 bilhões de dólares, algo totalmente sem precedentes.
No início da década de 1960 foram feitos vários testes de equipamentos, foguetes e técnicas, sendo a rendez-vous lunar a escolhida, na qual um pequeno Módulo Lunar desce à superfície enquanto o Módulo de Comando e Serviço permanece em órbita. Em 20 de Julho de 1969 a Apollo 11 finalmente chegou à Lua. Foi quando Neil Armstrong, engenheiro aeroespacial e astronauta comandante da missão, e Buzz Aldrin, engenheiro mecânico e astronauta piloto do Módulo Lunar, desceram à superfície onde passaram cerca de 2 horas e meia enquanto o astronauta e piloto do Módulo de Comando Michael Collins permanecia em órbita.
A small step for a man, a giant leap for mankind.
Neil Armstrong
Mas a exploração da Lua não parou por aí.
#acessibilidade Imagem da Lua com seis círculos brancos numerados de 11 a 17 (com exceção do 13) mostrando os locais de pouso das missões Apollo.
Em Novembro do mesmo ano foi a vez da Apollo 12 alunissar (pousar na Lua). Foi o primeiro pouso de precisão (em um local específico pré-determinado) e tinha como um dos objetivos recuperar partes da Surveyor 3 (uma sonda não-tripulada enviada anos antes) para estudar os efeitos da permanência prolongada na Lua sobre o material, algo que poderia ser útil a futuras bases lunares. O comandante Charles Conrad e o astronauta piloto do Módulo Lunar Alan Bean foram o terceiro e quarto homens a pisar na Lua, respectivamente, enquanto o piloto Richard Gordon permaneceu em órbita.
Cinco meses depois seria a vez da Apollo 13. Seria.
Houston, we’ve had a problem.
Jim Lovell
Durante a viagem de ida o comandante Jim Lovell, o piloto do Módulo Lunar Fred Haise e o piloto do Módulo de Comando John Swigert ouviram um grande barulho na nave. Nos momentos seguintes os tripulantes fizeram a avaliação dos danos e descobriram estar em apuros: havia um problema no módulo de serviço, responsável pelo fornecimento de oxigênio e eletricidade, além da retirada de dióxido de carbono da cabine. Após análises da tripulação e do controle da missão foi elaborado um plano para que voltassem à Terra em segurança: racionar recursos e utilizar o motor extra para colocar a nave a caminho de casa. A sobrevivência foi garantida graças a racionamentos e fita isolante cinza e a volta à Terra aconteceu em segurança. Essa falha gerou um considerável desgaste político, que ocasionou um corte de verbas por parte do Congresso estadunidense, o que levou ao cancelamento de missões já programadas.
Dez meses depois foi a vez da Apollo 14. O veterano da NASA e comandando da missão Alan Shepard foi então o quinto homem a pisar em solo lunar, seguido por Edgar Mitchell, piloto do Módulo Lunar e sexto homem a pisar na Lua. Coube a Stuart Roosa ficar em órbita no Módulo de Comando. Você talvez já tenha visto imagens de um astronauta jogando golfe na Lua. Bem, esse astronauta era Alan Shepard, que errou duas vezes antes de conseguir atingir a bola que tinha levado consigo da Terra.
Uma placa foi deixada em solo lunar com os seguintes dizeres:
Here Men from the Planet Earth put the third time foot on the Moon, January 1971 A.D. What does the future guide the paths of mankind
Quase seis meses depois a Apollo 15 seria a quarta a alunissar. Comandada pelo astronauta David Scott, com James Irwin como piloto do Módulo Lunar e Alfred Worden como piloto do Módulo de Comando, sendo Scott e Irwin o sétimo e oitavo homens a pisarem na Lua, respectivamente, a Apollo 15 foi a primeira a utilizar o LRV – Lunar Roving Vehicle (Veículo Explorador Lunar), o que permitiu aos dois astronautas explorarem uma área muito maior ao redor do ponto de aterrissagem, enquanto Worden realizava experimentos científicos de dentro do Módulo de Controle, tendo coletado diversos dados. O comandante David Scott foi ainda o responsável por um vídeo famoso no qual valida a teoria de Galileu soltando um martelo e uma pena ao mesmo tempo.
Em Abril de 1972 a Apollo 16 fez a quinta e penúltima alunissagem tripulada, com o comandante John Young e o piloto do Módulo Lunar Charles Duke tendo passado quase três dias terrestres inteiros na superfície, sendo o nono e décimo homem a pisarem em solo lunar, respectivamente, enquanto o piloto do Módulo de Comando Ken Mattingly permanecendo em órbita coletando dados. A missão toda se passou sem muitas surpresas, muito devido à experiência das missões anteriores. Talvez o mais curioso tenha sido a Pedra Casa, uma rocha que parecia pequena de longe, mas se mostrou enorme quando os astronautas se aproximaram, o que gerou o apelido dado por Duke.
A Apollo 17 seria a sexta e última a alunissar, em Dezembro de 1972. Foi a primeira missão a contar com um geólogo profissional, o piloto do Módulo Lunar Harrison Schmitt, décimo segundo homem a pisar na Lua, sendo o comandante Eugene Cernan o décimo primeiro. Ronald Evans era o piloto do Módulo de Controle. Além de encontrar solo alaranjado na superfície lunar, algo inédito até então, Schmitt também levou um tombo imortalizado em vídeo.
Ainda há outra gravação inusitada na qual Schmitt começa a cantar uma versão da música “The Fountain in the Park” de Ed Haley, mas trocando o trecho “While Strolling Through the Park One Day” para “I was strolling on the Moon one day…”, sendo então acompanhado por Cernan.
Somadas essas seis duplas passaram mais de 80 horas em AEV (atividades extra-veiculares), tendo coletado mais de 400 quilos de rochas. Em todas as missões foi montado um ALSEP (Apollo Lunar Surface Experiments Package – Pacote de Experimentos da Superfície Lunar da Apollo), conjunto de equipamentos e experimentos levados para realizar experiências e medições, tendo coletado uma grande quantidade de dados. Dentre esses equipamentos está o LRRR (Laser Ranging RetroReflector) da Apollo 11, espelhos retrorefletores usados como alvo para lasers disparados da Terra, sismógrafos, magnetômetros, sondas de calor e até mesmo um para a tentativa de detecção de ondas gravitacionais.
A Lua é nosso satélite natural e sabemos muito sobre ela graças às seis missões tripuladas que alunissaram, às missões que não desceram à superfície e às sondas controladas remotamente. Com novos planos de exploração lunar sendo noticiados recentemente, nos resta esperar para ver o que o futuro nos reserva e agradecer ao Programa Apollo e a todos os seus participante por terem tornado este sonho possível. Não é um livro de Júlio Verne, nem um filme de Georges Méliès ou Stanley Kubrick. É a realidade.
Fontes:
Fonte da imagem destacada: Original:NASAVector:Lommes [Public domain], via Wikimedia Commons
Fonte da imagem 1: Soerfm [CC BY-SA 3.0], via Wikimedia Commons
https://en.wikipedia.org/wiki/Apollo_program
https://historycollection.jsc.nasa.gov/JSCHistoryPortal/history/apollo.htm
https://www.lpi.usra.edu/lunar/missions/apollo/
Para saber mais:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_pessoas_que_caminharam_sobre_a_Lua
Vídeo Moon Landings Faked? Filmmaker Says Not! do canal VideoFromSpace no YouTube
Outros divulgadores:
Playlist sobre a conquista da Lua no canal Mensageiro Sideral no YouTube
Vídeo sobre a Guerra Fria no Canal Nostalgia no YouTube
Vídeo sobre a ida do homem à Lua no canal Nerdologia no YouTube