Encontramos um fóssil, e agora? (V.8, N.10, P.3, 2025)

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Tempo de leitura: 4 minutos
#acessibilidade: Ilustração de um sala de paleontologia de um museu com esqueletos de dinossauros. Fonte: Freepik

Texto escrito pelas colaboradoras Tainá Constância de França e Vanessa K. Verdade

Se você convive com uma criança mais ou menos na faixa etária dos 6 anos, você provavelmente já se viu envolvido com o tema Dinossauros. Seja em livros, brinquedos ou filmes, não teve como fugir. Nessas situações, você já reparou que quase sempre existem descrições do tipo o maior dinossauro, o mais forte, o mais pescoçudo, o mais feroz, aquele com a mordida mais forte? Pois é! Mas os dinossauros não são fósseis? Como pode a partir de um pedaço de osso descobrir o que o bicho comia, a cor que tinha e a força da mordida? É muita criatividade!

Será? Quem procura e estuda fósseis é um profissional que chamamos paleontólogo, mas não existe no Brasil um curso de graduação em Paleontologia. Se você quiser trabalhar desvendando a história dos fósseis de dinossauros ou de outros organismos, o melhor caminho seria fazer graduação em Ciências biológicas ou em Geologia. E, a partir daí, seguir em cursos de pós-graduação na área. A depender do assunto do estudo, engenheiros também podem estar envolvidos!

Fósseis têm maior chance de serem encontrados em determinadas áreas, que no passado apresentavam condições para fossilização – normalmente locais em que a matéria orgânica é rapidamente coberta por sedimentos, com pouco oxigênio, o que dificulta a deterioração e é substituída por minerais. As peças que chamamos de fósseis, embora pareçam, não são pedaços de ossos antigos, são pedra em forma de osso. 

Mas só existe fóssil de dinossauro? Muito pelo contrário! Todo ser vivo que já existiu no nosso planeta pode deixar registros da sua existência. Mesmo alguns de corpo mole – nesse caso, encontramos outros tipos de registros. Podem ser impressões de plantas, registros de atividades orgânicas de bactérias, restos de animais marinhos, ovos de répteis, dentes de mamíferos e até pegadas. Pistas da existência de seres vivos que um dia dominaram os céus, os rios e oceanos e hoje em dia não deixaram nenhum descendente, ou seja, linhagens extintas, que só conhecemos através do registro fóssil.

Por ser um processo raro, encontrar um fóssil é motivo de alegria! Mais ainda se estiver inteiro e pouco deformado. Quando encontramos um fóssil, no geral, a primeira pergunta a ser respondida é: É fóssil do que? Será que é de uma nova espécie?”. O estudo dos fósseis encontrados, suas partes e a comparação com outros fósseis conhecidos pode ajudar a responder essas perguntas. Mas o estudo do local onde foi encontrado, a posição em que se encontrava, a composição da camada de solo, a presença de outros fósseis também pode trazer informações adicionais sobre o que o matou e o levou a virar um fóssil, se ele morreu no local que foi encontrado ou se foi transportado por quilômetros antes de morrer (é um processo de investigação e análise de pistas, igual à um CSI – área dentro da Paleontologia que recebe o nome de Tafonomia). 

A depender do tipo de fóssil, podemos descobrir do que esse animal se alimentava, se era um filhote, juvenil ou adulto, como se locomovia, e o quão forte eram. Uma infinidade de possibilidades de estudo nas áreas da Biomecânica, Morfologia Funcional, Miologia, Anatomia Comparada, entre outras; e que envolve vetores, matrizes, física, matemática, modelagem e grande poderio computacional. O paleontólogo é uma mistura de biólogo, geólogo, engenheiro e artista.

Estudar os fósseis é como olhar por uma pequena fresta para um passado distante, só temos dimensão de uma pequena parte do que de fato existiu, porque somente aquilo que ficou preservado pode ser acessado e estudado. Uma outra analogia muito usada pelos paleontólogos é que estudar a história da vida na Terra, é como montar um grande quebra-cabeças, com muitas peças faltantes. Usamos a atualidade para nos ajudar a entender o passado, assim como usamos o passado para compreender melhor o presente. As soluções encontradas para a sobrevivência das espécies de hoje são muito semelhantes às do passado. Por exemplo, muitas aves hoje em dia possuem penas muito coloridas e chamativas, então por que não pensar que o mesmo se aplicaria aos dinossauros com penas lá atrás? 

E assim, o paleontólogo vai montando esse enorme quebra-cabeças da história deste pequeno e velho planeta azul chamado Terra. E você? Gostaria de se tornar um descobridor do passado? Se sim, que organismo você escolheria estudar? Quais perguntas tentaria responder? 

 Referências

ANELLI, L. E. Dinossauros e outros monstros: uma viagem à pré-história do Brasil. Editora Peirópolis LTDA, 2016.

BENTON, Michael J. Vertebrate palaeontology. John Wiley & Sons, 2014.

CARVALHO, I. S. Paleontologia: Conceitos e Métodos. INTERCIÊNCIA. 2024

KARDONG, K. Vertebrados–anatomia comparada, função e evolução. 7a edição. 2016.

Para saber mais

Lista com livros para iniciar os estudos da área: https://arqueologiaeprehistoria.com/sugestoes-de-livros-para-iniciar-os-estudos-em-paleontologia/

Documentário disponível da Apple TV+: Planeta Pré-histórico

Outros divulgadores:

www.youtube.com/@Pirulla25

www.youtube.com/@Colecionadoresdeossos

www.youtube.com/@Zoomundo

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