#acessibilidade Desenho de uma bancada de laboratório com três mulheres cientistas atrás, usando aventais brancos, a primeira, negra, escrevendo, a segunda, branca, fazendo experimento e a terceira, branca, mostrando um texto.
Texto escrito por Priscila Jesus, Márcia Sperança e Vanessa Verdade.
Um dos grandes desafios da divulgação científica é atrair a atenção do público alvo, que normalmente envolve pessoas de fora da Universidade. Existem estudos que discutem a eficiência dos títulos de um artigo segundo determinadas características, como o tipo da linguagem e o tamanho do texto, por exemplo, Pena e Mena-Chalco (2011). Quando pensamos no que já existe em termos de divulgação em propaganda e marketing, estas estratégias não são nada surpreendentes. Pois bem, no caso de hoje, quem sabe a autoria deste texto chame a sua atenção, mais do que o título! As autoras deste texto são as Professoras Priscila Barreto de Jesus, Márcia Aparecida Sperança e Vanessa Kruth Verdade, o que faz com que a citação deste texto, daqui para a eternidade, seja: Jesus, Sperança e Verdade (2024)! Como seria possível ignorar uma citação reunindo sobrenomes tão significativos e em uma composição tão interessante?
Talvez você não saiba, mas existem convenções associadas à autoria de trabalhos científicos. Essas convenções podem mudar de acordo com as áreas de pesquisa e, em geral, usa os sobrenomes dos autores e não segue a ordem alfabética. A produtividade de uma ou um cientista é medida com base em diversos fatores, não só o número de trabalhos que publica. A qualidade das revistas científicas, determinada por métricas, estatísticas, índices, visibilidade, prestígio na comunidade científica, gestão editorial, etc, também importa. Ainda que um trabalho bom mantenha-se assim independente do periódico em que foi publicado, supõe-se que revistas de maior qualidade apresentem um corpo editorial – que são especialistas da área que revisam o trabalho de seus pares – também de maior qualidade e, portanto, publiquem trabalhos melhores e de maior impacto. A avaliação dos periódicos científicos é feita com base nas citações que os artigos publicados recebem, com utilização de um método bibliométrico criado por Eugene Garfield, fundador do Institute for Scientific Information (ISI). Enfim, como calcular impacto de trabalho e de revista e se esse é um sistema justo é tema de muito debate. Vamos deixar para outra oportunidade, porque hoje nós gostaríamos de chamar a atenção para nosso texto: Jesus, Sperança e Verdade (2024).
A ordem de autoria em um trabalho pode demonstrar diferentes níveis e tipos de contribuição e responsabilidade durante sua idealização, desenvolvimento e finalmente, a elaboração do manuscrito publicado. Normalmente, o primeiro autor (Jesus, no nosso caso) é a pessoa que idealizou e desenvolveu o trabalho e, posteriormente, escreveu a primeira versão do manuscrito, normalmente em conjunto com o último autor (Verdade). O último autor normalmente é a ou o cientista que chamamos de sênior, a pessoa mais experiente, chefe da equipe dos pesquisadores que desenvolveram o trabalho, normalmente é o/a orientador(a), sendo, responsável pela logística acadêmica. Os autores que estão entre o primeiro e o último, normalmente são colocados em ordem de contribuição. Ou seja, a depender do esforço e importância de sua contribuição para a realização do trabalho, são colocados um após o outro.
Seguindo essa convenção, ao pensarmos em produtividade, vale mais ser primeiro ou último autor? O primeiro autor ainda é aquele que, com certeza, terá seu nome mencionado quando o trabalho for citado em outras publicações. Normalmente, quando o espaço é pequeno, as citações são reduzidas e podem ser transformadas, no nosso exemplo, em Jesus e colaboradores (2024). Não é difícil imaginar, que, em existindo diferença na importância da posição que um nome ocupa na autoria, haja eventuais conflitos. Surgiram assim algumas possibilidades que amenizam atritos e atitudes menos éticas, como co-autorias em troca de outros benefícios, que não contribuições intelectuais, logísticas, práticas e financeiras, de fato. Por exemplo, o autor para correspondência. Esse autor é o responsável por submeter o trabalho aos periódicos científicos, trocar mensagens a respeito do processo de edição com os editores e fazer a ponte entre as solicitações da revista e demais autores. Em muitas avaliações ser primeiro, último ou autor para correspondência vale a mesma coisa. Assim as posições mais valiosas de co-autoria podem ser distribuídas de maneira mais igualitária, quando a contribuição de todos os envolvidos foi de fato grande e difícil de classificar. Quando ainda assim não é possível resolver a ordem de autoria, é possível utilizar a velha e boa ordem alfabética, com uma anotação para o periódico atestando que todos os autores trabalharam igualmente para o desenvolvimento do trabalho.
E aqui? Como foi? Verdade teve a ideia e convenceu Jesus e a Sperança a embarcarem nessa. O resto foi sonoridade. Tudo tranquilo, na paz! Afinal, quem já viu conflito entre Jesus, a Sperança e a Verdade?
Fontes:
Fonte da imagem destacada: Freepik
Pena, M. e Mena-Chalco, J.P. 2021. Análise exploratória e preditiva de textos de divulgação científica. https://www.researchgate.net/publication/348428695
Silveira, E. 2021. Quem deve contar como autor de um trabalho científico. https://revistaquestaodeciencia.com.br/questao-de-fato/2021/08/18/quem-deve-contar-como-autor-de-um-trabalho-cientifico
Yukihara, E. 2011. Qual deve ser a ordem dos autores de um artigo científico?
https://cienciapratica.wordpress.com/2011/05/13/qual-deve-ser-a-ordem-dos-autores-de-um-artigo-cientifico/#:~:text=Galeria,ordem%20alfab%C3%A9tica%20(por%20sobrenome)
Outros divulgadores:
Ciência em suma: https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=BrBbiNCKRZk