#acessibilidade Diatomáceas vistas com microscópio.
Este texto responde a pergunta feita por estudante da ETEC Lauro Gomes
Você sabe do que o creme dental é feito? O que ele tem a ver com o oxigênio que respiramos? Esse oxigênio vem da floresta amazônica? A fonte da maior parte do oxigênio da Terra vem de organismos que vivem em um lugar bem diferente da terra firme: eles vivem nas águas! Fitoplânctons são organismos fotossintetizantes que vivem livremente na coluna d’água e são responsáveis por cerca de 70% do oxigênio terrestre. Boa parte desse fitoplâncton é composto por microalgas chamadas diatomáceas.
As diatomáceas são unicelulares, vivem individualmente ou em colônia e fixam carbono. Cerca de 25% da fixação global de carbono é feita por essas pequenas! Isto é o equivalente à fixação de carbono de todas as florestas tropicais do planeta. A diferença é que o oxigênio produzido pelas árvores, a partir da fixação do carbono, é consumido por elas mesmas, ao contrário das diatomáceas, que não utilizam o oxigênio e o liberam para o ambiente.
#acessibilidade Ilustração de duas diatomáceas, evidenciando as diferenças de formato. Na parte da esquerda há a ilustração de uma diatomácea cêntrica, com formato de vasilha circular com tampa. Nesta diatomácea cêntrica há a indicação da epiteca (epivalva e bandas de crescimento) que é a porção maior da valva, como se fosse a tampa, e também há a indicação da hipoteca (hipovalva e bandas de crescimento), como se fosse a vasilha. Já na direita a ilustração é de uma diatomácea penada, com formato de vasilha em forma de pena com sua respectiva tampa. Indica a epivalva e a hipovalva, e entre elas as bandas de crescimento denominada na ilustração como “bandas de cíngulo”
As diatomáceas possuem uma estrutura rígida de sílica que as envolve completamente, chamada frústula. A frústula é composta por duas placas, chamadas de valvas, que encaixam como uma vasilha e sua respectiva tampa, ilustradas na figura. Quando a diatomácea cresce, ela desenvolve estrias de crescimento chamadas de bandas. A valva maior (tampa) é chamada de epivalva. A epivalva junto de suas bandas de crescimento chama-se epiteca. A valva menor (vasilha) é chamada de hipovalva e junto de suas bandas chama-se hipoteca. As frústulas podem ser simples ou ornamentadas e variam muito de espécie para espécie. No geral são separadas em dois tipos: penadas e cêntricas. As penadas possuem simetria bilateral, assim como uma pena. Já as cêntricas possuem simetria radial, assim como um disco. Quando as diatomáceas morrem, suas frústulas são sedimentadas no fundo do mar e formam, ao longo de milhares de anos, uma rocha sedimentar chamada diatomito. O diatomito é poroso, leve, fino e quebra com facilidade.
#acessibilidade Fotografia de diatomito.
E pra que serve o diatomito? Este mineral tem muitas aplicações e é usado desde a Grécia antiga, na produção de cerâmica, até hoje em dia, em várias outras áreas. Atualmente tem uso farmacêutico (cremes dentais e pomadas dermatológicas), como abrasivo (polimento de metais, azulejos, etc.), em tintas, em plástico e como filtro, que é a principal forma de utilização. A estrutura porosa do diatomito o torna um filtro natural, assim utilizam-no como filtro de águas de piscina, na produção de bebidas, ácidos, vernizes, ceras, dentre outras atividades.
As diatomáceas podem ter algum uso ainda vivas?
Sim! Nas últimas décadas as diatomáceas têm sido alvo de interesse de estudos em aplicações biotecnológicas. Para cultivar as diatomáceas são necessárias regulações em iluminação, temperatura, nutrientes, pH, entre outras. Elas produzem, naturalmente, diversas substâncias que são de interesse econômico, nas áreas de suplemento alimentar e de substâncias sintéticas (desde cosméticos a combustíveis).
Fontes:
Fonte da imagem destacada: BM Adams TS 558, da Hungria
Fonte da imagem 1: https://docs.ufpr.br/~veiga/ficologia/diatomaceas.html
Fonte da imagem 2: https://www.eco-earth.co.za/the-story-of-de-c23vr
Para saber mais:
A oitava edição de “Biologia Vegetal” de Raven possui diversas informações e curiosidades sobre as diatomáceas, especialmente no capítulo 15.
A pesquisa “Cultivo, taxonomia e potencialidades de aplicações em biotecnologia de cepas de diatomáceas marinhas do estado da Paraíba” da R. B. Felisberto realizada na Universidade Federal da Paraíba mostra diversas aplicações biotecnológicas das diatomáceas.
Fantastico