#acessibilidade A imagem mostra uma porção de jujubas de cores variadas.
Texto escrito pelos colaboradores Dayane Ferreira da Silva, Daniele Rodrigues, Igor Ocasaque de Freitas Balieiro Miraldo e Rafael Nunes Gomes
Ao se conversar sobre os hábitos alimentares dos nascidos nos anos de 1930 até 1970, fica claro que o consumo de alimentos industrializados cresceu expressivamente. As indústrias investem cada vez mais em substâncias que deixem os alimentos com textura, cor e sabor mais atraentes aos consumidores de todas as idades.
Além do sabor atrativo, a praticidade de possuir uma variedade enorme de opções prontas para consumo ou de rápido preparo, acaba seduzindo os usuários. A vida corrida que as pessoas levam, sobretudo nas grandes cidades, é a desculpa perfeita para ter uma dieta a base de alimentos prontos, pois não há mais tempo para o preparo de refeições caseiras. Contudo, todas as justificativas são válidas para o consumo de alimentos industrializados, assim, mesmo com o isolamento social e as famílias passando mais tempo em casa, o consumo destes produtos cresceu, ao contrário do que era esperado.
Existe uma grande controvérsia sobre os benefícios e malefícios do consumo regular de alimentos industrializados, visto que, para sua produção, são adicionados aditivos que possuem o papel de aumentar a estabilidade, sabor e tempo de prateleira deles.
Os aditivos são definidos como “substâncias intencionalmente adicionadas aos alimentos com o objetivo de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não prejudique seu valor nutritivo” e estão proibidos de serem adicionados aos alimentos se houver comprovação ou suspeita de que seu consumo não seja seguro para humanos.
Contudo, os aditivos podem trazer diversos malefícios para os seres humanos quando consumidos em doses elevadas. Cada aditivo possui um valor de Ingestão Diária Aceitável (IDA) em miligramas por quilo de peso corpóreo. Com base neste valor, pode-se calcular a quantidade máxima segura de um alimento processado que pode ser consumida.
Apesar de sua ampla utilização, os aditivos são substâncias que, quando ingeridas, entram em contato direto com o organismo do consumidor, assim antes de ingerir determinado produto regularmente é necessário examinar seu rótulo, identificando quais aditivos estão presentes e qual o valor da IDA do mesmo, além de procurar saber mais a respeito de seus possíveis efeitos colaterais, visto que:
- O conhecimento científico pode mudar a qualquer momento, então, um aditivo que hoje é tido como inofensivo, pode, no futuro, apresentar reações adversas, principalmente quando pensamos em efeitos a longo prazo, ou seja, que não podem ser previstos com pouco tempo de consumo;
- Existem empresas que utilizam os aditivos para mascarar a qualidade de produtos que não deveriam ser consumidos, ou seja, a má utilização dessas substâncias pode ser extremamente perigosa;
- O valor de IDA precisa ser respeitado. Às vezes esse valor é extremamente alto, sendo quase impossível de atingir, mesmo consumindo quantidades altas de determinado alimento diariamente. Como exemplo podemos citar algumas marcas de refresco em pó diet, que têm um consumo seguro superior a dez litros diários. Outras vezes esse valor pode ser menor, como para alguns refrigerantes cujo consumo não deve ultrapassar 2,4 litros diários. Em alguns casos, essa ingestão não deve ultrapassar 700 ml diários, como alguns refrigerantes e chás diet adoçados com ciclamato de sódio.
- É necessária uma atenção especial aos corantes. Estudos apontam que os corantes são os aditivos que mais apresentam riscos à saúde humana, contudo alimentos coloridos são mais atraentes que os pálidos, sobretudo para as crianças. Isso as leva a consumir quantidades muito maiores do que as recomendadas. Está cada vez mais frequente a associação de reações alérgicas ao consumo do corante carmim, por exemplo.
Assim, faz-se necessários estudos e supervisão constante, tanto dos possíveis efeitos colaterais dos aditivos em circulação, quanto de como as empresas os estão empregando em suas produções. Cabe ao consumidor se policiar, evitando exageros e consumindo apenas quantidades seguras de cada alimento e, sempre que estiver com dúvidas sobre esse limite, checar com o fabricante. Uma atenção especial deve ser direcionada às crianças, que por apresentarem peso corpóreo expressivamente mais baixo, devem consumir valores menores de cada aditivo.
Fontes:
Fonte da imagem destacada: Imagem de Tariq Abro por Pixabay
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Para saber mais:
U.S Food & Drug Administration
Outros divulgadores:
European Food Information Council – YouTube
The Real Truth About Health – YouTube
Food Safety Talk – Podcast