#acessibilidade: A imagem mostra o processo de amadurecimento das bananas. À esquerda, há um cacho de bananas verdes. Uma seta preta aponta para a direita, onde estão bananas amarelas maduras, incluindo uma parcialmente descascada e fatiada. Ao fundo, há bananas em diferentes estágios de maturação.
Texto escrito pelos colaboradores Fernanda Fernandes de Souza; Lara Chaves de Freitas Ferreira; Willians Silva Zaguini
Já reparou que algumas frutas, como bananas, abacates e mangas, continuam a amadurecer mesmo depois de serem colhidas? Isso acontece por causa de um gás chamado etileno, que tem um papel fundamental nesse processo. Mas o que exatamente é o etileno? Como ele age nas frutas e por que o amadurecimento é tão importante?
O etileno é um gás naturalmente produzido pelas plantas que ajuda no amadurecimento das frutas. Esse gás funciona como um “mensageiro químico”, enviando o sinal para que a fruta comece a se preparar para ficar mais doce, macia e cheirosa, ou seja, ela amadurece!
Quando uma fruta começa a liberar etileno, ela não só acelera seu amadurecimento, como também pode acelerar o amadurecimento das frutas que estão perto dela. Sabe aquela banana verde que você compra para amadurecer em casa? Ela continua liberando etileno até ficar pronta para comer. Além disso, o etileno liberado pela banana pode agir nas outras frutas que estão ao seu redor!
Isso tudo é resultado de reações químicas! O etileno ativa enzimas que quebram o amido em moléculas menores, os açúcares, por isso as frutas se tornam mais doces com o amadurecimento. Essas reações também afetam a textura dessas frutas: a casca e a polpa se tornam mais macias conforme suas estruturas são alteradas.
Outro fenômeno importante que ocorre pela ação do gás etileno é observado na mudança da cor da fruta, ou, se usarmos termos mais técnicos, na mudança da composição de seus pigmentos. Um exemplo clássico é a banana: de verde para amarela. Além disso, o amadurecimento faz com que a fruta libere compostos voláteis, que são responsáveis pelos aromas agradáveis que sentimos. São essas pequenas moléculas que se espalham pelo ar e chegam ao nosso nariz nos fazendo salivar só de pensar em uma manga madura ou uma maçã suculenta! Tudo isso para se tornarem atrativas e conseguirem o seu principal objetivo: atrair seres para devorarem as frutas e dispersarem as sementes pelo ambiente (já falamos sobre isso, leia aqui).
Interessante, não é? Mas nem todas as frutas amadurecem do mesmo jeito. Frutas como maçãs, bananas e pêssegos continuam a amadurecer depois de colhidas porque, sozinhas, produzem etileno. Mas nem todas as frutas funcionam assim. Frutas como uvas e morangos, por exemplo, não produzem etileno suficiente para continuar a amadurecer. Por isso, precisam ser colhidas no ponto certo para que fiquem gostosas para o consumo. Sendo assim, há uma classificação das frutas que consiste em: frutas climatéricas, que são aquelas que permanecem produzindo e respondendo ao etileno mesmo depois de colhidas, podendo amadurecer nas nossas prateleiras, e frutas não climatéricas, que não produzem etileno suficiente após a colheita para continuar amadurecendo, ou seja, se colhidas antes do ponto ideal, elas tendem a ficar com um sabor menos doce e uma textura mais dura, já que o processo de amadurecimento só acontece enquanto estão conectadas à planta.
Saber como o etileno age é essencial não só para a ciência, mas também para a agricultura e a indústria de alimentos. Com esse conhecimento, agricultores conseguem controlar o momento certo de colher e armazenar as frutas, garantindo que cheguem frescas, saborosas e prontas para consumo. Na próxima vez que você observar uma fruta mudando de cor ou ficando mais cheirosa na fruteira, lembre-se: é o etileno trabalhando nos bastidores para realçar o sabor e a qualidade das suas frutas favoritas!
Fontes:
ANTUNES, L. E. C.; RUFATO, L.; RASEIRA, M. do C. B. (Orgs.). Pequenas frutas: tecnologias de produção. Brasília, DF: Embrapa, 2008.
ALONSO-SALINAS, Ramiro et al. Strategies to Delay Ethylene-Mediated Ripening in Climacteric Fruits: Implications for Shelf Life Extension and Postharvest Quality. Horticulturae, v. 10, n. 8, p. 840, 2024.
DEL AGUILA, Juan Saavedra et al. Efeito de diferentes tempos de aplicação de etileno exógeno em mangas ‘Tommy Atkins’. In: XXII Congresso Brasileiro de Fruticultura. Bento Gonçalves-RS. Embrapa, 2012. P. 1458-1461. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/946055/1/0000000560CongressoBrasileirodeFruticulturaMANGA4Y2V.pdf.
KOU, Xiaohong et al. Different regulatory mechanisms of plant hormones in the ripening of climacteric and non-climacteric fruits: a review. Plant Molecular Biology, v. 107 p. 1-21, 2021.
LIMA, M. A. C. de. Colheita e pós-colheita. In: ROCHA, E. M. de M.; DRUMOND, M. A. (Ed.). Fruticultura irrigada: o produtor pergunta, a Embrapa responde. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2011. p. 111-118. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/handle/doc/897017. Acesso em: 10 nov. 2024
LI, Xiaoying et al. Aroma of peach fruit: A review on aroma volatile compounds and underlying regulatory mechanisms. International Journal of Food Science & Technology, v. 58, n. 10, p. 4965-4979, 2023.
Para saber mais:
CHITARRA, M. I. F.; CHITARRA, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. 2. ed. São Paulo: Editora Fundep, 2005.
Outros divulgadores:
https://www.instagram.com/p/BxN30k5BTUF/?igsh=NXBncnNncDl3cG8%3D
https://www.instagram.com/reel/CVlfX-Ql8LE/?igsh=MXl2NGZ4Y2g0dWY5