#acessibilidade Estudante vestida com blusa rosa, usando earphone e fazendo sinal de “vê” com as mãos (representando o número dois) enquanto assiste aula online em um notebook.
Já precisou assistir uma vídeo-aula com o vídeo acelerado? Esse é um hábito que tem se disseminado pela sociedade nos últimos anos, principalmente após o fechamento das escolas por causa da pandemia de COVID-19. Seja pelo pouco tempo disponível ou pela ansiedade de acabar o vídeo logo, assistir no x2 se tornou uma opção a ser considerada. Não é à toa que aplicativos de mensagem tem aderido a esse recurso nas gravações de voz. As perguntas que ficam são: será que isso é eficiente? Estamos tendo prejuízos com esse tipo de hábito, ou só ganhos pela economia de tempo?
Pensando nisso, durante o ano de 2021, pesquisadores da Universidade da Califórnia, Los Angeles (ou UCLA), elaboraram um experimento (Dillon H. Murphy et al. , 2022) que contou com a participação de 231 estudantes, divididos em 4 grupos que assistiram vídeo-aulas de 13-15 minutos, sem tomar notas ou pausa-los:
Após assistirem os vídeos, os grupos realizaram dois testes contendo 20 questões de múltipla escolha e verdadeiro-ou-falso, com pontuação total de 40 pontos. O primeiro teste foi feito imediatamente após assistir o vídeo e o segundo após uma semana. As pontuações médias podem ser vistas na imagem acima.
A partir dos resultados, os pesquisadores concordam que a perda de compreensão das aulas não parece ser relevante até a velocidade x2 (dobro da velocidade), sendo prejudicada por velocidades maiores.
Como explica Castel, um dos pesquisadores, a maioria das pessoas fala em uma taxa de 150 palavras por minuto. Os ouvintes começam a perder compreensão do que está sendo dito por volta de 275 palavras por minuto, o que explica os resultados e a resistência até o dobro da velocidade.
Então, podemos assistir nossas aulas gravadas livremente em x2?
Os próprios pesquisadores concordam que os estudantes devem usar o tempo ganho para estudos mais aprofundados, ter contato com outros materiais e praticar com testes práticos, e não simplesmente usar a velocidade para ganhar tempo, além de respeitar seu limite de compreensão.
Portanto, sejamos conscientes com nosso estudo. Aprender é um processo, não um produto que absorvemos no menor tempo possível.
Que tal aproveitar e ver os resultados na prática, o GEC e a UFABC possuem canais no Youtube com conteúdos de divulgação científica (pode assistir na velocidade que você quiser, o importante é aprender):
Guia dos Entusiastas da Ciência – YouTube
Antártica ou Antártida? – YouTube
Podcast CienciON – UFABC – YouTube
Fontes:
Fonte da imagem destacada: Pixabay
MURPHY, Dillon H. et al. Learning in double time: The effect of lecture video speed on immediate and delayed comprehension. Applied Cognitive Psychology, v. 36, n. 1, p. 69-82, 2022. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/acp.3899?af=R
How much do students learn when they double the speed of their class videos? | UCLA (texto em inglês)
Esse estudo é bacana mesmo – e vale também olhar outros resultados fora do período da pandemia, como este aqui feito no Japão
https://jaems.jp/contents/icomej/vol11/06_Nagahama.pdf
E este aqui feito com alunos de medicina nos EUA
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5785174/
Dados os tipos de estudos, talvez seja possível inferir que há elementos linguísticos associados também à retenção de conteúdo em mídia acelerada.
Abraço e sigam o bom trabalho!!!