#acessibilidade Fotografia de pessoas utilizando máscara, gorro e protetor facial, equipamentos de proteção individual contra o novo coronavírus.
O ano de 2020 foi marcado pela pandemia mundial de Covid-19 e embora a saúde tenha recebido o merecido destaque, muitas outras coisas também aconteceram! De uma nuvem de gafanhotos até zumbidos vindos de Marte, elencamos aqui (pelo terceiro ano consecutivo) 10 momentos da ciência desse ano tão diferente para a humanidade.
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O novo coronavírus foi descoberto na China em dezembro de 2019 e teve seu primeiro caso notificado no Brasil no dia 16 de março de 2020. A pandemia já se espalhou por todos os continentes do planeta e já foram registradas mais de 1 milhão e 600 mil de óbitos até o dia de hoje (31/12/2020). O mundo todo parou e muitos laboratórios voltaram seus olhos para o desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos. Enquanto as vacinas não ficavam prontas, os cientistas também testaram diversos remédios já conhecidos pela indústria farmacêutica. Um deles foi a polêmica hidroxicloroquina, cuja eficácia contra a Covid-19 não possui comprovação científica, mas que foi amplamente divulgada por símbolos da política em um movimento claramente anticientífico. Recentemente aconteceu a aprovação da primeira vacina contra a Covid-19, desenvolvida pelas empresas Pfizer e BioNTech em apenas 10 meses, um grande marco para a ciência. Até o momento pelo menos 11 outras vacinas estão em fase final de testagem. Esse tempo é recorde na história e tudo isso graças ao grande investimento que os laboratórios tiveram durante o desenvolvimento de novas tecnologias para a produção das aclamadas vacinas e pelo trabalho incessante de inúmeros cientistas. Para entender mais sobre o tema, leia nosso texto “Vacina contra a Covid-19: entendendo a corrida do século”.
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Em maio nuvens de gafanhotos foram registradas no Paraguai e assustaram os moradores da América do Sul. Existem dois grandes motivos para a grande repercussão destas nuvens: ser uma das 10 pragas do Egito descritas em livros bíblicos e ser uma grande ameaça para a agricultura. Existe uma série de condições ambientais e de eventos individuais dos ciclos dos gafanhotos que favoreceram e estimularam a formação destas nuvens. Quando ocorrem alterações climáticas durante um período de estiagem os gafanhotos podem se reproduzir mais rapidamente. Assim, esse grande número de insetos se reúne e migra atrás de alimento, sendo portanto uma grande ameaça para as lavouras. Isso pode ter acontecido por conta das grande alterações climáticas causadas pela humanidade. Na Argentina, 85% dos gafanhotos foram eliminados por meio de pulverizações aéreas e terrestres.
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O pantanal registrou a maior devastação de sua história. É o maior bioma úmido do mundo, com cerca de 250 mil km². Está localizado no Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, norte do Paraguai e leste da Bolívia e em 2000 foi decretado Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera pela Unesco. Porém, em 2020, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou aumento de 200% em queimadas entre 2019 e 2020 e registrou o maior número de focos de incêndio da história da instituição, sendo contabilizados mais de 16 mil. As queimadas atingiram aproximadamente 3,5 milhões de hectares, o equivalente a mais de 23% do bioma. Não é possível estimar a quantidade de mortes de animais durante as queimadas, causadas por queimaduras, inalação de fumaça, infecção, inanição e desidratação. Já foram perdidas mais de 70% das palmeiras de acuri e bocaiúva, utilizadas pelas araras para alimentação e construção de ninhos. Além da perda de biodiversidade vegetal e animal, as queimadas causaram muitas perdas humanas. O ar do município de Corumbá foi considerado insalubre, ocorreram chuvas de cor preta no Sul do Brasil e um homem que combatia o fogo teve o corpo completamente queimado. Em entrevista à BBC o biólogo André Luiz Siqueira afirmou:
“Quem põe fogo no Pantanal é o homem. O fogo natural acontece por causa de raios, sempre associado ao período de chuvas. Como não tem chovido, então é claro que o homem é o grande causador disso”.
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O segundo maior surto de ebola já registrado chegou ao fim. Este surto corresponde à décima epidemia na República Democrática do Congo, que foi registrada em agosto de 2018. O vírus causa febre hemorrágica marcada por sintomas como dores de estômago, fraqueza e erupções na pele. A transmissão pode ocorrer por meio destas erupções e por contato com outros fluídos corporais, além de ser transmitida pela ingestão de carne contaminada. Em 25 de junho a ONU declarou o fim do segundo maior surto, que infectou mais de 3,4 mil pessoas e matou aproximadamente 2,5 mil. A contenção da doença foi organizada pela OMS, que aplicou a vacina em mais de 300 mil pessoas. Este evento além de ser importante para o Congo é também para o mundo, pois nos mostra com fatos e números a importância da vacinação.
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Intoxicação por dietilenoglicol causada por cerveja. Em janeiro de 2020 a Polícia Civil de Minas Gerais e os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento investigaram 42 casos de contaminação (dos quais 10 pessoas morreram) com sintomas de uma síndrome desconhecida. Todos os pacientes haviam ingerido cerveja da mesma marca. Nas amostras da cerveja ingerida foi encontrada uma substância chamada dietilenoglicol, representando um risco iminente de saúde pública. Foram, portanto, apreendidos 16 mil litros de cerveja da mesma marca. Na cervejaria o dietilenoglicol é utilizado na água do mosto e no tanque de fermentação e maturação, para manter baixas temperaturas. O uso do dietilenoglicol não é comum na fabricação de cerveja e só é altamente tóxico em alta quantidade. Quanto às vítimas, elas precisaram arcar com tratamentos caros, perderam suas rendas e ficaram completamente desamparadas.
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É possível que os humanos habitem as Américas há mais tempo do que achávamos. Há mais de um século este questionamento foi pauta e a explicação mais aceitável até então era que os humanos se estabeleceram nas Américas há cerca de 13,5 mil anos atrás. De acordo com um artigo publicado na Nature, existem evidências de que haviam populações instauradas na América do Norte há cerca de 30 mil anos atrás. Estes dados foram encontrados na Caverna Chiquihuite, no México, e o acervo conta com lâminas, pontas de projéteis e lascas geradas durante a fabricação de novas ferramentas. Apesar disso, estes materiais são compostos por um calcário que não é encontrado na caverna e portanto possivelmente foram levados até o local. Foram encontrados fragmentos de carvão contendo carbono que data de 12 mil a 32 mil anos de idade, mas ainda não é possível afirmar se esse carvão era de fogueiras produzidas por humanos. Foi encontrado DNA nos sedimentos, porém ainda não é compreendido se já estavam na caverna ou se é de pessoas modernas, que teriam contaminado o ambiente. Embora existam inúmeras controvérsias, o achado arqueológico abre portas para uma nova visão.
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Foi encontrado o crânio mais antigo de Homo erectus. Mais uma vez as cavernas estão fazendo história, e agora na África do Sul. O fragmento foi encontrado no “berço da humanidade”, uma extensão de 466 km de cavernas que registra mais de 900 fósseis de hominídeos. O fragmento de crânio mais antigo de Homo erectus, um dos ancestrais mais próximos da humanidade, é particularmente interessante por retratar evidências novas. O Homo erectus corresponde à espécie que originalmente se acreditava que havia migrado da África Oriental para o mundo. Porém, o registro nos mostra que esses hominídeos existiam 150 mil a 200 mil anos antes do que se pensava, há 2 milhões de anos atrás, e que possivelmente tiveram origem no sul da África, migraram para o norte da África Oriental e posteriormente para o mundo.
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Água na superfície da lua pode ser mais abundante do que nós acreditávamos. Dois novos estudos publicados na Nature Astronomy afirmam que é possível encontrar água em toda a superfície da lua. Um deles prova de forma concreta que as moléculas de água podem ser aderidas ou encapsuladas em grãos lunares. Já o segundo desenvolveu modelos que implicam que a região de sombra permanente é fria o suficiente para abrigar gelo. A formação da água na lua ocorre por conta da reação entre o oxigênio da superfície com o hidrogênio presente nos ventos solares. Apesar disso, a forma como ocorre a movimentação da água lunar ainda é um mistério.
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Pela primeira vez, a NASA lança uma missão com objetivo de encontrar vida em Marte. Enviado em julho e com previsão de pouso para o dia 18 de fevereiro de 2021, o rover foi batizado de Perseverance. É um veículo robótico não tripulado equipado com um pequeno helicóptero chamado Ingenuity que pesa apenas dois quilos e possui capacidade de voar a até 10 metros de altura. Além da investigação em busca de vida, também serão testados equipamentos que poderão ser utilizados em expedições humanas no futuro.
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Zumbidos vindos de Marte foram detectados por uma nave espacial que foi enviada a Marte em novembro de 2018. O robô enviado pela missão InSight da NASA enviou recentemente algumas dados à Terra a respeito de um ruído marciano. Estas ondas são serenas e constantes, semelhantes a um pulsar. Embora a origem desse zumbido ainda seja desconhecida, sabemos que a Terra possui vibrações semelhantes, mas que são em tom mais baixo que o marciano.
Nós, entusiastas, aguardamos euforicamente mais explicações e mais momentos da ciência em 2021! Continue com a gente!
Fontes:
Fonte da imagem destacada: AFP/J Barreto