Vacina contra câncer? (V.5, N.11, P.4, 2022)

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Tempo de leitura: 4 minutos
#acessibilidade: À direita uma mulher, jovem, branca de cabelos enrolados e vestindo blusa branca e levanta a manga para tomar uma vacina, sendo aplicada por uma pessoa usando uma luva azul.

Texto escrito por Esther Menezes e Vanessa Verdade

Você já ouviu falar em HPV? Essa é a sigla utilizada para nos referirmos ao papilomavírus humano. O HPV infecta homens e mulheres e suas variantes estão relacionadas a ocorrência de lesões como verrugas ou feridas semelhantes a aftas que ocorrem na região  dos genitais, ânus, boca e garganta (não confundir com herpes bucal, causada por outro vírus, o Herpesvirus hominis). A infecção por algumas dessas variantes também pode levar a cânceres que ocorrem na região da boca, faringe, genitais e colo do útero [1]. O câncer de colo do útero é a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil [2] e em 99% dos casos diagnosticados encontramos indícios de infecção por HPV.  Por ser transmitido também durante o ato sexual, é considerado uma infecção sexualmente transmissível (IST); a mais comum no mundo [3].

A infecção pelo HPV pode passar despercebida, pois muitas vezes é assintomática ou com lesões microscópicas que acabam regredindo espontaneamente [3]. Contudo, a ausência de sintomas pode ser problemática, já que sem notar a infecção, a pessoa infectada não procura tratamento, aumenta a chance de transmissão e o risco de desenvolver câncer diante de uma infecção persistente. Evitar a infecção por HPV não é fácil, já que basta o contato direto com a mucosa ou pele infectada, inclusive na parte externa dos genitais, não cobertas por preservativos [3,4]. Mesmo assim, usar camisinha, masculina ou feminina, ainda é a melhor opção, já que os preservativos diminuem a chance de contágio, protegem também contra outras ISTs, e ajudam a evitar gravidez não planejada. 

Considerando o exposto acima, a prevenção é a principal frente de combate ao HPV. Até recentemente, a única opção disponível eram exames preventivos, como o Papanicolau. Nesse exame a ginecologista faz um esfregaço, uma leve raspagem do colo do útero, para verificar a saúde das células da região. Se houver indícios de infecção, exames adicionais podem ser solicitados. Embora esse exame seja importante, não impede a infecção pelo HPV. A única estratégia eficiente para impedir o contágio é a vacinação.

Desde 2014 a vacina HPV quadrivalente está disponível no Brasil, podendo prevenir as infecções causadas pelas variantes HPV 16 e 18 (relacionadas aos cânceres de colo de útero, órgão genitais, orofaríngeo e anal) e HPV 6 e 11 (relacionadas às verrugas genitais) [5]. De acordo com o Ministério da Saúde, atualmente a vacina é disponibilizada gratuitamente pelo SUS para meninos e meninas de 9 a 14 anos e pessoas imunossuprimidas de 9 a 45 anos, que vivem com HIV (o vírus que causa AIDS), transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea e pacientes oncológicos. A vacina pode ser ministrada em duas ou três doses, a depender da situação.

Ainda segundo o Ministério da Saúde, a vacinação nessa faixa etária considera a maior eficácia da imunização em pessoas que não tiveram contato com os tipos virais presentes na vacina, que é mais provável quando os indivíduos ainda não iniciaram sua vida sexual. Além disso, há uma melhor resposta imunológica observada nessa idade, com maior produção de anticorpos.

Então é só tomar a vacina e tudo bem? Tudo bem se sentir mais protegido, mas é importante manter os exames preventivos e o uso de preservativo. Vacinas são altamente eficientes, mas não são infalíveis. Os resultados observados até agora mostram a redução em quase 90% dos casos de câncer de colo de útero no Reino Unido após o início da vacinação [6].

Apesar da aplicação gratuita da vacina pelo SUS, o índice de vacinação no Brasil ainda está longe do ideal. Em 2020, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBim), apenas 40% das meninas e 30% dos meninos dentro da faixa etária estipulada completaram o esquema vacinal [6]. Sabendo da proteção oferecida pela vacina, porque não levar nossas crianças para se imunizar, podendo prevenir doenças como o câncer de colo do útero? Seu filho não tem útero, mas pode contaminar a namorada ou ser infectado e desenvolver câncer na região genital. Sua filha jamais estaria fazendo sexo nessa idade? Pode ser, mas beijos e toques também podem transmitir o vírus. Vale o risco? Compartilhe essa informação, e ajude a salvar vidas!

Fontes: 

Para saber mais sobre o HPV e as vacinas:

[1] adesão à vacina hpv entre os adolescentes: revisão integrativa

[2] Câncer do colo do útero — Português (Brasil) 

[3] HPV — Português (Brasil)

[4] A SEGURANÇA DA VACINA DO HPV – Drauzio 

[5] Vacina HPV quadrivalente é ampliada para homens de até 45 anos com imunossupressão

[6] HPV: por que vacina que ajuda a prevenir diferentes tipos de câncer tem pouca adesão no Brasil? 

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